Coleção pessoal de LeneDantas

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Era cedo, mas o coração caducava em caminhos tortos. Uma expressão incompreensível. Um susto. A vida em silêncio, lenta. Agora causava uma inquietude, o riso quase saltava naquela agonia de nada fazer. Esperando um pouco do que não tem e dividindo um pouco do que teme. Ainda se tivesse na alma o que não tem no rosto. O rosto marcado com pontas de faca de um tempo que ela não lembra, pois dormia. Poderia ter pincelado o coração com cores, mas nem mesmo isso pôde fazer. Um coração feito um oco e um rosto de um doente.

Lene Dantas

http://www.lene-dantas.blogspot.com.br/2013/06/passos.html

CIRANDA


Na ciranda, escapulia suas mãos das mãos.
Escapulia quando mais desejava, quando mais precisava.
E tudo o que queria... E tudo o que quer é:
Alguém que segure sua mão.
Alguém que a ache alguém.

Nem o tempo resolveu suas questões. Tinha desejos alheios a ela própria o tempo todo falava de si pra si, como se o mundo não fosse além dali, não fosse além do seu quintal com todas aquelas roupas mal penduradas, levadas de um lado para o outro com o vento. Ontem foi ao centro e sentiu-se apaixonada pela fivela da sandália que virou sua gula, por um instante sentiu-se escrava como se a sandália a comprasse, como se mais tarde a sandália que fosse calça-la, como se ela pudesse entre outras coisas ter o brilho daquela pequena fivela prateada que destacava mais ainda a beleza da sandália. “De repente meu pé podia caber ali, mas ali não cabe meu próprio mundo”. Ali não cabem suas crises, nem seu amor que partiu e a partiu ao meio, no dia que decidiu deixá-la, sem nem ao menos avisar-lhe. Ali não cabiam seus dias de infância quando corria para alcançar os outros e sorria ao encontrá-los em momentos de farta felicidade. Mas na ciranda, na ciranda sempre se perdia nas mãos, quando todos ao mesmo tempo encontravam-se ,quando as mãos abraçavam-se. Mas ela não encontrava e nem se encontrava. Estava o tempo todo e não estava. Esperou o amor no caminho de volta para casa, mas esse amor não veio. Nunca o encontrou, nunca. Por mais que buscasse e esperasse, não conseguia alcançá-lo e ainda não entendia em um piscar de olhos e outro porque ainda o via. Porque ainda o sentia, se ele não estava ali. Se ele nunca quis de fato estar ali.

A presença indesejada de suas emoções a deixava opaca escutava os gritos dos vizinhos que reclamavam da fumaça da fogueira que fizera próximo num terreno baldio. E aquela fumaça, bem que poderia vir até aqui realmente, poderia me incomodar um pouco. Não tenho tempo para lustrar meus móveis empoeirados e também eu não poderia apanhar a roupa do varal com sua chegada, dessa forma a roupa ficaria impregnada com o cheiro da fumaça, mesmo longe mesmo aos poucos ela iria me deixar um pouco dela. Mas eu também não caberia na fumaça, a fumaça não caberia em mim. Queria poder tocá-lo. Queria poder apenas uma vez tocá-lo. E assim sendo fumaça o faria ficar impregnado de mim e ainda que quisesse não perderia meu cheiro assim que eu virasse e eu estaria lá e estaria aqui. Sentada aqui, olhando as mesmas coisas, pensando mais uma vez, nos meus jarros quebrados. Deixo de ser flor.
E me torno mais uma vez a semente que precisar nascer, precisar empurrar-se ao mundo, num esforço continuo e detalhado, em dias e dias que segue num escuro abafado. Escutando, apenas escutando os sons que vem do alto, mas sem poder vê-los. Sentia o saciar de sua sede quando água vinha calmamente, mas não sentia a gota do orvalho, então entre um impulso e outro se esforçava para sair daquele lugar, para enxergar a luz da manhã, para dormir sobre as estrelas e assim tão pequena e tão frágil agigantava-se para sobreviver. E aos poucos num estado lento e continuo renascia, brotava de si para si. Mas e a ciranda?

“Como se minhas mãos não alcançassem, nunca completei a ciranda. Nunca fiz a volta. Como pedras desenhadas em jardins, eram meus companheiros da ciranda. Não tinham mãos, não tinham laços, não tinham.”

Eu não sou tão fria. Sempre abri as mãos. No fundo não queria guerra. Não tenho armas, só tenho sentimentos. E pra que armas eu só quero amor. ... Mas, o que mais ainda poderia ser?
O que mais ainda? Depois de tudo, do tudo que eu entreguei.
Não quero perder-me em sentimentos, mas não consigo chegar ao fim.
Não consigo ainda enxergar o fim. Mas o final será novamente o começo.


___ Lene Dantas

TRECHO DO CONTO: UM ADEUS A LUA

.. Com os olhos nublados, engoli o sussurro. Por enquanto sentada na areia, ainda a olho pensativa, olho atentamente aos desenhos que crio dentro dela. Conto os passos devagar e aos poucos se retiro. Adeus lua amada, adeus ao colostro que encontrava em meus sonhos guardados por ti. Adeus ao que eu sentia quando tu me mostravas o reflexo do amor. Porém, te falo adeus por esse momento. Pois, mais tarde me renovarei e contarei novos segredos a ti, quanto estiver bela e novamente faceira. Mas agora, digo apenas.

“Adeus lua amada.”

Não olho mais a lua. Não espero os raios do sol. Mas estou construindo, um novo caminho cercado de estrelas. Construindo um dia feliz, uma noite feliz. Construindo um novo mar, um mar que certamente encontrará o rio.


Lene Dantas —

www.lene-dantas.blogspot.com

Cumplicidade, respeito, reciprocidade.
Um verso, um riso, uma canção.
Seus olhos, seu jeito, sua verdade
Você – Eu . Nossas mãos.

Lene Dantas.

O amor escondeu-se num bosque
No bosque ficou a cismar
Se todos precisam de mim,
Por que vivem a me contrariar ?

Lene Dantas.

E todo amor que eu tenho e todo o que possa dar.Será seu, amado! Lene Dantas

Não tenho armas, só tenho sentimentos.
E pra que armas ? Se eu só quero amor. Lene Dantas

Espere-me
Espere-te
Encontra-me
Encanta-me
Seja minha presença em ti
E tu em mim.
E o amor?
Esse, que nos acolha.

Lene Dantas.

Desencontrada com os olhos pedintes.
Corta-se ao meio .
Fragmenta-se.
Se tu não estás,
Também não estou em mim.
O coro dos anjos
Sussurra seu nome.
Amado. Sou sua.
Acolhe-me.

Lene Dantas.

Pluft! O espelho quebrou. Rápido juntou os pedaços . Cacos e cacos.

Cuidado! Cuidado! A minha luz.Tenho medo de não saber meu reflexo.
Passei muito tempo desencontrada! Lene Dantas.

Esgotada. Se esgotando. Como cada gota , cada gota que cai da goteira da torneira que não veda; A torneira que traz água que não volta e me esgota , como água que não volta mais. Água doce do rio que secou e nem chegou ao mar, não teve tempo de misturar-se. Mas como misturar-se no oceano? Tenta e tenta e não chega.Teve medo, mas foi. E sempre esgotada; Volta. Volta como uma gota de felicidade que se perde num oceano de tristeza. Lene Dantas —

(saudade da minha mãe)

Porque o amor não é um sentimento vazio...

O amor não se acha na esquina

O amor vem...
Simplesmente invade o coração.
Quando eu era apenas um pedacinho de você,
Você me amou.
Me deu a vida e me ajudou a seguir .
Quando eu era uma menina
cheia de sonhos,
Você também me amou,
me ensinou que os sonhos
podem se realizar.
O tempo passou e já não sou
mais uma menina,
porém, continuo sendo um pedaço de você.
E saiba que o amor
que lhe fez me gerar
está aqui comigo, dentro do meu
interior.
Não foi planejado também, mas quando vi você
e você me olhou ternamente me dando seu seio,
o amor que já era seu e que agora estava em mim,
floriu.
E o passar do tempo só fez com
que ele aumentasse.
Portanto, mãe,
saiba que o amor que sinto por ti
está além de tudo mais belo que há em mim.
Está na força da minha vida
na direção que eu sigo.

__Lene Dantas.

Encantada parei. A porteira estava aberta e o Sol apaixonado ruborizou.
Eram 17:00 horas. Eu esperava ansiosamente sua chegada. De longe eu o vi, caminhava em minha direção. Meu coração nem pulsava , saiu de mim pra sambar. Agora tudo acontecia. E meu riso chorava numa mistura de felicidade e emoção. Apressei os passos. Me preparei para o abraço. Acordei, foi mais um sonho.

___Lene Dantas

Coisas Eternas

Se imaginarmos a beleza da criação. Fecharmos os olhos por um momento e sentirmos a chuva, ouvirmos o barulho do mar, cheirarmos o aroma das flores. Imaginarmos as crianças, os animais, o vento, a água, o frio, o calor. Tudo , exatamente tudo foi feito por um Deus amoroso. Um Deus que em generosidade nos fez um lar para cuidarmos. Um Deus que se preocupou de nos fazer enxergar colorido. Se preocupou de nos fazer sentir vários sabores. Se preocupou de plantar em nosso coração sentimentos. De nos fazer pensar. Um Deus que poderia ter nos criado como máquinas projetadas para servi-lo, mas ao invés disso, nos deu o livre -arbítrio. Se imaginarmos por um momento o amor de Deus. Olharmos o céu a noite e vermos a beleza misteriosa da lua e a imensidão do azul do céu com tantas estrelas . Se paramos um pouco , iremos perceber o quanto devemos agradecer. Agradecer pelo privilégio da vida. Agradecer por todo esse amor doado generosamente. Agradecer e aproveitar todos os dias para o louvarmos em palavras e em ações. Agradecer e mostrar que o amamos e prezamos tudo que nos foi concedido. Cuidarmos um dos outros e cuidarmos da terra também. Vamos agradecer e tentar a cada dia ser alguém melhor.

___ Lene Dantas.

Que fique um pouco em mim, que nem eu mesma sei se devo dizer-me...

A distância não deixa longe o que está dentro.

Desencontrada com os olhos pedintes.
Corta-se ao meio .
Fragmenta-se.
Se tu não estás,
Também não estou em mim.
O coro dos anjos
Sussurra seu nome.
Amado. Sou sua.
Acolhe-me.

Que areia escorra das mãos e misture-se as águas.
Que o coração seja ferido , mas não morto.
Que meu amor seja seu, não por um momento,
Mas por todo o tempo em que minha alma puder amar.

LABIRINTO

E DENTRO DESSE LABIRINTO
ME PERCO EM PENSAMENTOS TOLOS.
POR FORA NÃO CHORO
OS OLHOS EXPRESSAM MEDO
TALVEZ O MESMO MEDO QUE ME
TROUXE A ESSE LUGAR.
POR DENTRO O CORAÇÃO
É ÚMIDO E VAGUEIA
SEM SABER AO CERTO A HORA.
A HORA QUE PARECE
ANDAR PARA TRÁS
NESSES DESCAMINHOS QUE
FAÇO COM PASSOS EMBARAÇADOS.

AS AGITAÇÕES SÃO SOMBRAS
QUE PASSAM SOBRE MINHA CABEÇA.
TENTO ENTENDER ONDE ESTOU
QUERO MOVER-ME UM POUCO
COISA COMPLICADA,EMBARAÇO
UMA ENTRADA E UMA SAÍDA.
MAS,ENTRADA QUE SAÍDA
ME PERCO EM MIM
ME PERCO EM TI
NÃO SEI DE MIM
PERTENÇO A TI.

Veja sua estrada.Se nela encontrar flores,regue-as.
Se nela encontrar canções, cante-as
Se chove, banhe-se com a água pura que vem dos céus.
Se na estrada tem pássaros,observe-os voarem.
Se na estrada tem o calor do sol,receba seus raios.
Se na estrada tem crianças,permita que elas se acheguem
E receba a pureza que só a elas pertecem.
Se na estrada encontrar o amor,não o perca de vista,
Deixe-o entrar,aprenda com ele,misture-se a ele,
Ouça sua voz no silêncio da noite e no amanhecer.
Não se perca de seu caminho,não deixe que espinhos
Impeçam-lhe de seguir.Mesmo que encontre raios,
procure um abrigo e continue, jogue sementes de paz por onde
passar,verá que sua estrada ganhará o sabor de
uma vida feliz.