Coleção pessoal de Leivanio

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A minha arte é o meu dito.

"O pesamento é o ensaio da ação" (Freud), pois pensar desfaz a ideia de executar, e se o ato de ensaiar não filtrar esta, executa-se com louvor. Por isso os psicopatas são maestros no que fazem, os atores são viscerais no que mostram, e por fim, o sucesso é para aqueles que pensam antes de executar em ato!

O amanhã é uma invenção humana, ele não existe.

Enquanto não houver um grito, um sussurro que seja, não moverei um músculo qualquer, guardarei toda a energia que me resta à esperar sua voz, e quando a ouvi-la, respirarei fundo, pois o som de sua dicção é o alimento de minha alma. Vou esperar todo o presente que tiver, para que possamos deitar e sobre uma canção adormecer, sem precisar despertar para esperar-te aqui.

As pessoas têm necessidades que se elas soubessem a forma que se vedem, deixariam de expressar que sentem vergonha alheia e passariam a ter vergonha de si próprias.

Muitos preferem uma nota, outros materializar um quadro, alguns uma forma. Já eu, meu refúgio são palavras... Em letras as notas que afinam um sentimento, uma canção. Entre versos o horizonte não muito distante, no estruturar de um texto surge a moldura do meu gostar.
É uma obra abstrata, que a arte se faz pelo inacabado, que se deixa a mercê à quem queira entender, sem precisar de um instrumento, sem necessitar de uma tela branca ou algo que anula o empirismo humano, que deixa de lado a argila para afigurar em um papel tudo aquilo que é existente e fiel a subjetividade da qual escrevo.

E chega um momento que o corpo já não sustenta a alma, e o ser falece.

Bom humor, bom senso, bons costumes, bom gosto, senso do ridículo e um bom dia politicamente colocado faz toda a diferença nas relações sociais, e, acima de tudo, quando não se perde a oportunidade de manter-se calado. Profissionalmente isso tudo é louvável, admirável e indispensável.

O pior momento é quando tudo passou e se tem apenas a música que trilhou a história. A saudade já não convence porque o medo é maior. Então imagina-se um pós momento, um instante o qual tudo tenha passado, para deitar e não precisar sonhar com o que está ali dentro, que pede um sentido a cada imagem transfigurada, que embora o conteúdo onírico esteja tão calado, se faz ensurdecedor... É como a trilha sonora de um romance que do começo ao fim, te faz reviver tudo outra vez.

O terceiro lugar tem mais valor que o segundo, pois este advém de uma vitória. O segundo resulta de uma derrota... É o Vasco do pódio, já que o primeiro é uma consequência por excelência.

Esperar segurança pra descer a escada é aceitável, demonstra bom senso e amor ao espelho, afinal, ninguém nunca se sabe o que nos espera lá embaixo. Mas esperar de mim esta segurança para então sair de casa (zona de conforto), desculpe... Já faz alguns anos que saí de casa e venho caminhando sozinho!

Pôr do sol

É... Imaginei somar uma aventura, sem identidade, sem saber o que teria por trás de uma voz que diz tanto sem saber o que diz, a qual fala sem falar nada.
A inconstância que se apresenta antes de sua voz sufoca, não há glória alguma para quem não sabe sentir a fundo o que é dito.
A cada chamada sem intenção, o prazer de abrir um baú que não é meu, e a cada encontro, se entregar ao que não se sabe.
Particularmente eu gosto do desconhecido, porque conhecer demanda mais que intimidade, requer gasto de energia libidinal, por isso, se for pra conhecer que seja como uma criança nos primeiros anos de vida, que busca vivenciar o mundo pelo tocar dos lábios, pois por as mãos não basta, precisa-se sentir taticamente, sensorialmente, ter acesso ao encoberto, modelar a forma com a língua, degustar cada pedaço como uma nutrição única.
O não saber é o que enche meus olhos, sentir e sentir como um animal voraz, não há razão, é o que traz do fundo aquilo que não era simples pra mim, na verdade, é que nunca foi fácil mesmo.
Busquei palavras pra preencher algo que não tem fundo ou não quis ter contado algum, porque lá estava eu. Antes de tudo, tirei a roupa para que desse a segurança para ti te despir. A minha nudez é minha emoção, e diante a nós, a dualidade de quem não teme nada.
Confesso que a convicção que se mostra, me traz o caos, pois o trânsito ainda está em pico pra mim, ainda não sei cortar pela transversal.
Mas houve um lugar, um lugar o qual bati algumas vezes, no entanto, a porta não abriu... Ninguém atendeu! Fez frio, me veio na cabeça uma musica que sempre toca na mente quando existe o real sabor do desamparado.
Recuei como alguém que chega tarde demais no aeroporto e toma ciência que o vôo já partiu... Lamentei, mas afigurei estar sentado ao lado apreciando também o pôr do sol e genuinamente poder sonhar, olhando aquela paisagem de que como se vive, não se descreve, porque não há fim... E eu estava lá, pois a sua ausência me trouxe aqui.
Sobretudo, a desculpa por toda a verborragia má empregada me põe a questionar o que de fato tenhamos vivido, pois desde que viera conhecer, nunca viera a pensar em nada, só sentir... E deu saudade, algo mudou, alguns móveis troquei de lugar. É... Estava me refugiando no passado, tomando como única certeza minha vida pregressa, mas de um jeito qualquer, estou aqui!
No momento tenho consciência que esta história não é a melhor opção, mas já existe um tempo que venho contando a mim mesmo a estória de sempre, que sou feliz por está fixado nas fartas colheitas do passado. E sem esperar um futuro certo, encontrei um motivo para tentar outra coisa ou quem sabe tentar tudo outra vez.

Quando a maturidade mental chega, nos damos conta que na vida só se precisa ter certeza de algo quando a incerteza nos demanda isso. Ao contrário, a única certeza que se tem é a vida que se sente nesse instante.

Não me limito a nada, tenho apreço por tudo que é desconhecido.

Há dias que despertar é mais confuso do que aventurar-se em interpretar um sonho, a experiência não tem serventia, nada é lógico, não existe sentindo, é um furo na realidade que não te leva a lugar nenhum.
Deixa-te imóvel, estático diante do que não tem cifra. E mesmo que se busque um termo o qual corresponda ao que se sente, não explica nada. É angustiante... anula qualquer projeção ao futuro, é um labirinto de nostalgia, uma sensação semelhante quando se desperta de um sonho ruim ou que se tem consciência que fez algo errado. É despertar e saber que hoje nada é diferente de ontem e, possivelmente amanhã também não haverá graça alguma... É um preço pago por ter vida quando há dias que não se está vivo.

Grisotto nos diz que "chega uma hora na vida que a gente cansa, as meias verdades já não satisfazem mais, antigas historias já não convencem.
Chega uma hora que as máscaras caem... Os ventos mudam a direção e é hora de dar lugar ao novo. Quando o novo toma forma, as portas se fecham para o antigo e eis que a esperança se materializa, a vida tem mais brilho e abrem-se novos caminhos."
Mas no real, ao que diz respeito o dito do autor, quando se cansa, o pior não é o esgotamento físico, mas o sentimento que consciência nos traz, é isso que nos faz parar.
E digo mais, ressalto fielmente o que Clarissa Corrêa enuncia; "...uma hora a gente cansa de bater na porta de quem não abre."

Em alguns momentos de nossas vidas são tão imprescindíveis que nos fazem ter a real noção de reciprocidade que não é de ordem efêmera, o qual em um momento possamos nos dar conta de nossas verdadeiras relações amistosas que se torna subsistêncial e indissolúvel no caminho da verdadeira amizade, e isso é o melhor serviço que a razão afigura para definir um amigo.

Há pessoas que possuem data de validade em nossas vidas, pois quando vencida, conviver com elas nos causam uma indigestão enorme.

Solidão

Sentado à praia sobre uma lembrança. Olhando no horizonte, no alcance de minha visão poder avistar. Na solidão sempre estou em frente ao mar, solitário e sem rumo onde só sou útil para guiar, assim estou te esperando voltar. A felicidade que na maré se foi por não me levar.
Ficarei sentado e escreverei poemas estúpidas esperando a maré me alcançar ou o tempo me derrubar. Não serei lembranças para ninguém e todos me apagarão de suas memórias e, só os navegantes temerão por minha morte.
E você se perguntará quem fui, mas já não terá sentido, porque sou apenas um farol, que ainda está sentado em frente ao mar e só será feliz, quando a maré levar.

O senso crítico só é desenvolvido quando adquire-se conteúdo para pensar e refletir.
O saber é o que nos leva ver por cima do muro, é conhecer o não saber. É uma atribuição retrogradar, te põe em questionamento a tudo que te foi dito, é deparar-se com nossa própria ignorância, e esta, só se conhece quando crias subsídios para olhar do outro lado do muro... É ter conhecimento para tal questionamento.