Coleção pessoal de LaylaPeres
Me fez inúmeras perguntas e eu só conseguia pensar que apaixonar era realmente inesperada. Ninguém vai gostar de alguém por obrigação. E ele ria, só ria de como eu tenho mania de questionar o que nunca se pode questionar. E eu queria rir junto, mas queria ser meiga, sensata e diferente do que já havia sido. Mas não fui. Mostrei quem realmente era. Às vezes seca demais, outras vezes melosa demais.
Mesmo sabendo que não sou dele. E ele me abraçava. Sussurrava e me mordia. E eu só queria saber dele. Do mundo dele, da vida dele. E criava frases para que quando já fosse embora.
Queria chegar perto e contar todos os meus medos. Queria dizer que ele era tão lindo, tão legal, tão homem. Mas eu me calei. Calei pela primeira vez, calei quando era preciso dizer, gritar, destruir. E falei quando não era para dizer mais nada, nem adeus. E ele me mandou embora muitas vezes daquele mundo. Daquele mundo quente, e eu tão fria, fiquei encantada. Fiquei encantada e só conseguia rir.
Ele era o fogo, e eu o gelo. Na verdade, a geleira inteira. Sou o livro fechado que ninguém consegue abrir, ou que não tem o poder suficiente para ler a minha mente. Eu o queria, queria muito mas não poderia dizer.
Porque mulher é assim, não pode ficar com coração vazio que já cisma que está apaixonada pelo fulano ou ciclano. Não importam se ele nem sabe quem é ela, o importante é sentir aquele calorzinho dentro, ou aquele frio quando ele aparece.
E eu sei quem acabou perdendo foi ele. Ele que me perdeu, não foi ao contrário. E agora, resolvi: Vou ser feliz, como mereço, como eles pedem, como eu preciso.
Todo mundo vai embora. Mas às vezes você tem o direito de ir também. Então, foi isso que eu fiz. Resolvi ir embora para sempre daquilo e dele.
Hoje, não vou querer mais ir atrás dele, e nem nunca mais. E a única coisa que nesse tempo todo que realmente aprendi foi: Não adianta, perder tempo com pessoas erradas é se perder. Ensaiei diversas vezes para ir embora dessa história, mas eu nunca fui, nunquinha.
Finalmente coloquei o ponto final que deveria mas que nunca tive coragem de colocar. Finalmente não haverá vírgula, nem reticências, apenas um ponto final, porque definitivamente acabou. Ele sabe que eu o amei da forma que eu poderia.
Sinto muita falta de estar com ele, de pensar, e até mesmo de escrever. Sinto falta de fingir que estava longe do celular só para não atender. Sinto falta de muita coisa, e é verdade. Mas dei um tempo. Dei um tempo enorme para mim, e eu não quero mais voltar. Não quero mais chorar do nada, surtar do nada, ficar infeliz por nada. E então, como a música acabou, resolvi fazer o mesmo: Acabei com tudo, lembranças, deletei o número dele.
Mas aí eu lembrei por uma última vez dele e da nossa última música. E me lembrei de todos os porres. Tamanho drama não fez que nada acontecesse. Fazer esse drama mexicano não vai fazer com que ninguém volte. E eu aprendi.
Fui cool, descoladíssima, animadíssima, mas não, depois de tanto "issímas" só consegui ser tristíssima. Fui de tantos que acabei não sendo de ninguém. Aquele silêncio foi o mais doloroso de toda a minha vida.
E aquele silêncio falou mais alto que qualquer pessoa, qualquer grito. Aquele silêncio gritou em meu ouvido que já não queria mais que eu me apaixonasse por ele. E eu não me apaixonei mesmo. Fiquei livre de novo, mas tentei ser o que não era para que ele voltasse.
Por que tudo tinha que acabar assim, hein destino? Eu gostava tanto dele e você sabia disso, destino. Você sabia que eu sonhava com ele, almoçava pensando nele, e ia dormir pensando nele. E a música ao fundo dizia "Baby, por que foi para tão longe? Bastava não telefonar". E eu só consigo suspirar. Suspiro de tristeza, desconsolo e de saudade.
Não me adapto em outras histórias. Eu queria a minha história. Aquela que ele havia tirado sarro o tempo todo em dizer que não tinha nada a vê. Eu queria ser dele todos os dias e não só quando faltava meninas. E queria que ele lutasse por mim, que não me deixasse ter ido embora desse jeito. Queria que ele fosse atrás de tudo aquilo que disse para mim.
E eu não queria ter me afastado dele. O combinado não era esse. O combinado era eu ir atrás dele depois que eu terminasse o Ensino Médio. O combinado era que ele soubesse só depois de dez anos que eu havia me apaixonado por ele. Mas como todo homem, ele não foi diferente. Ele só me mostrou que foi um tamanho de um canalha. Um canalha e mimado. E eu gostava de toda confusão que eu havia criado. Eu gostei de sentir aquilo dentro de mim. Gostava de sonhar com ele e acordar desesperada no outro dia. Gostava de sussurrar baixinho que o queria por perto.
Sou isso. Sou o pior, o melhor. Mas ainda assim, sei que sou aquela mesma menina. Aquela menina que olhava para baixo quando estava num edifício em uma cidade de Santo André, aquela que queria ser princesa e acabar com toda a pobreza. E eu vou ser assim. Porque é preciso assumir os anjos e demônios que residem. Então, assumo, e sei que agora posso viver por um momento breve de paz.
Daí vem a cabeça aquela baladinha brega que muitos pais dançaram um dia "Eu sou free, sempre free, eu sou free demais.". Com a mesma baladinha brega que ainda continua posso dizer: E aí sei que sou livre. Sou free. Free-da. Sou sofrida. E não nego.
Se quiser, eu deixo aberta a porto. Deixo minha vida aberta para que você conheça cada parte de mim. Sou cheia. Cheia da vida, dos sonhos e dos amores estranhos. Sou feita da lua, estrelas e aquela chuvinha lá fora.
Vem me buscar? Vem. Se quiser, eu deixo aberta a porto. Deixo minha vida aberta para que você conheça cada parte de mim. Sou cheia. Cheia da vida, dos sonhos e dos amores estranhos. Sou feita da lua, estrelas e aquela chuvinha lá fora.