Coleção pessoal de LaylaPeres
Confesso que várias vezes fui dormir com o seu olhar em minha cabeça e tem dias que odeio andar pela casa ou me deparar com situações que na época me fazia te contar. Há dias que me lembro de cada canto que sentei, aflita, esperando que você aparecesse.
Uma ligação perdida, um vácuo na internet, um SMS respondido grosseiramente. Aos poucos, fui negando, fui querendo fugir de algo que só me fazia bem. Fui tentar enganar o mundo e olhe só... acabei sendo enganada por um amor louco, louco e surreal
Você era a arrogância em pessoa e a no seu olhar havia somente a prepotência. Era um completo cafajeste, era um completo idiota que faz todas as meninas se derreterem e caírem apaixonadas. Você é do tipo que engravida uma menina e a ainda te agradecem por ter feito aquilo, pelo simples fato que você ocuparia o lugar de pai bonitão. Te agradecem porque você é bom, porque você é bonito e tem um jeito de cativar totalmente diferente.
Foram dois anos, dois anos nessa solidão, nessa loucura que é entre o que se espera e o que não se guarda. Foram dois anos que me prendi numa história e eu não queria mais saber de ninguém. Essa história me cansou muito, e eu percebi que se não começasse a olhar o mundo de outra forma, ele jamais mudaria. Então, comecei a olhar o mundo de um jeito inocente, aos poucos, fui deixando o grande podre de lado e fui vendo tudo de um jeito mais bonito.
Não agüento mais. Esses caras perdidos por aí só querem me iludir, e eu coloco meu coração em risco, me coloco em risco, como se fosse a salvação para tudo. Não quero ser mais do contra. Não quero mais nada arriscado.
Chego à minha casa, depois de tantas danças, marcas, e entregas. Chego à minha casa depois de tudo com um nó incrivelmente grande entalado em minha garganta. E a minha vontade é nessa hora que ele voltasse. A vida comanda a música e precisamos dançar conforme. Se não, acabou. Não há outros caminhos para serem descobertos, nem existem tentativas. Há apenas essa, há apenas uma alternativa pequena. A alternativa é seguir em frente, mesmo querendo voltar atrás.
O salto me faz parecer alta, mas continuo baixa, ainda sou baixa. Me dá uma vontade irracional de ligar para você e dizer que olha, estou dançando conforme a vida. A maquiagem consegue finalmente disfarçar as minhas olheiras, e o meu luto.
Danço conforme a música que está tocando. Barulhos. Alguns Tunz-Tunz-Tunz ao fundo, acabam pedindo algo animado, pedem algo que já não sei nem mais por onde começar. Não se balanço o corpo de um lado para o outro, ou se levanto o meu braço direito. Não sei se encaro o menino que está bem na minha frente e sorrio de lado, ou se evito e sento
Mas depois de todo o sofrimento, de todo ataque de nervoso, ou ataque... De não sei das quantas, pude aprender que se for, realmente vai ser. Nem que seja nos próximos trinta, quarentas anos. Se o meu destino está escrito que será ao teu lado, pode já até guardar um lugar que estou chegando, mas infelizmente, não se pode prever o destino, tem que deixar tudo acontecer de modo natural, como se tudo fosse acabar amanhã, ou hoje, quem sabe.
Não quero mais entender a razão, não quero mais ser a razão. Só quero ser fiel ao que eu sinto, mesmo que isso seja tão cruel. Só quero continuar com fé para poder enfrentar tudo que vem pela frente. Não quero ser incapaz de perdoar ou amar novamente. Não quero sentir mágoa sua, na verdade, jamais conseguiria isso. Sua ausência fez com que percebesse grandes coisas que estavam escondidas, pelo simples fato que nunca tive coragem suficiente para poder enfrentá-las de frente.
Me pergunto todas as noites como está sua vida, se está amando ou chorando, se está sofrendo ou me querendo por perto. Você sabe que se realmente pudesse jamais deixaria que ninguém te fizesse sofrer, porque não quero seu mal, jamais vou querer que isso aconteça com você. Me fiz de ausente para que você existisse, brilhasse, mostrasse para todos o que você sempre queria mostrar. Me fiz de ausente, mas no fundo, quis ser presente.
Aquele conto breve que não consegui terminar. Aquela história sem princesas, mas que todos esperam que um dia tenha um final aceitável. Aquela estória sem magia alguma, de destinos se cruzando e se separando num ritmo frenético.
Quis me parecer inteira, e assim, me entreguei a ele, e por tristeza minha, ele me devolveu em partículas. Em minúsculas partículas. Como se até mesmo desse a impressão que é impossível me juntar novamente. Sempre tive medo de ver o lado dele nessa história, nesse conto pequeno, fechado. Porque se fossem analisar, seria mais uma vez culpa minha, ou culpa da minha imaginação tão fértil que fez grandes planos em cima dele, que é totalmente pequeno.
A linda história de amor, já não é linda, e já não há mais amor. Tudo se dilacerou. As lembranças vão se apagando, um sorriso de tristeza forma-se em meu rosto porque às vezes, me lembro dele. Lembro dele com saudade, ou talvez um pouco de alegria. O silêncio me feriu muito, antes. Mas não agora, agora não consigo sentir mais nada, nem saudade, nem amor.
Quando se lembrar de mim, talvez eu já não esteja mais aqui. Quando se lembrar de mim, a linda história de amor, talvez já tenha virado terror. Quando se lembrar de mim o conto de fadas se tornará Conto de Farsas. Quando se lembrar de mim o amor virou lembrança. Somente queria que o tempo parasse um pouco só para poder me organizar e programar outros planos, outros sonhos, outros amores.
No começo, tudo parece tão mais intenso, tão mais bonito. Hoje, com os três meses sem ele, a dor não existiu, não mesmo. Porque ele jamais conseguiu ir embora. Jamais a dor veio me abater, pelo simples fato que carrego comigo o fato de ter um currículo amoroso complicado. E sei que quanto mais se evita algo, mais ele vem. Quanto mais penso que estou sofrendo, mais consigo sofrer.
Quis entender o que você tinha que não encontrava mais em ninguém. Quis entender como você planejava para poder me impressionar. Quis entender e quero muito ainda saber, porque sua falta me abala tanto, sendo que você jamais conseguiu ir embora de verdade.
No começo, pensei que seria paixãozinha ridícula, como sempre foi, e que talvez, futuramente vai ser. Mas a história toda começou a mexer muito comigo.
Porque sei, ninguém, jamais, conseguirá te ver como te vi nesses anos todos. Ninguém conseguirá te agüentar com suas histórias, e seu jeito de querer ser diferente em tudo. Não digo isso com intuito que você mude de jeito, porque foi desse jeito, esse jeito indiferente e desligado que me apaixonei naquele tempo, ou nesse tempo. Não sei mais onde estou, e nem que ano vivo. Não sei mais definir passado do presente, ou presente do futuro.
Nunca mais eu vi você sorrir. Nunca mais você fez com que o meu mundo melhorasse. Nunca mais pude ouvir sua voz, porque cada vez mais entrava dentro dessa história. Nunca mais pude prometer que amaria outro, porque sempre vem você na lembrança e como não tenho mais forças para recomeçar ou começar outra história, só consigo abafá-la. Só consigo sentir pena de mim, mas sinto mais pena de você do que de mim.