Coleção pessoal de lasana_lukata

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⁠frio sobre um rio morto...
garças imóveis como albas pedras
de um cemitério.

⁠nesta pandemia que desagrega,
que esfrega os barcos nas pedras,
que naufraga todo dia
e devora toda noite-
impossível-
mil caírem ao meu lado,
dez mil à minha direita
e eu não ser atingido.

⁠em meus momentos de mar, solífugo, a evitar o sol,
as ondas submetendo a proa, olhava o horizonte...
sereias labializavam meu nome,
o navio a extraviar-se, agonizava a silhueta,
e a melancolia era a tinta
para pintar os meus naufrágios.

⁠tarde outonal-
garça plágio do urubu
num rio sem rã.

bem-aventurados os que se assentam na roda
dos esclarecedores.

não empedres meu vulcão

a garça em desgraça, lenta, pesada,voa,
carrega a dor
da oportunidade perdida.

os filhos já não deixam de jogar
para receber o beijo
que trazem os pais
quando chegam do trabalho,
evapora-se o orvalho
e fica só o verso seco.
é a era de aquário,
do sangue quente dos leões,
do sangue frio das serpentes.
uma serpente dá inúmeras picadas,
o homem perde-se em rajadas.

antiquario

(poeta frustrado)

sobre a antiga escrivaninha,
sustentada por altas pernas de garça,
ficam os grandes poetas...
embaixo,
na prateleira inferior,
para versos inferiores
e o desejo de ganhar altura,
tropeça minha poesia.

a palavra não tem corpo fechado

a felicidade é por usucapião

pesa sobre as asas dessa garça
meu cadáver de menino

a garça é plágio do urubu

poesia,
remanso para descanso das palavras

tarde de inverno -
Nas orquídeas-sapatinho
o bebê que partiu.

um buquê de pedras também murcha,
também perde seus espinhos.

Tarde outonal.
Solitária e inalcançável
a flor da paineira.

em dias de garças
a vermelha buganvília
asfaltava a primavera

o amor encurta os dias

sabe a garça o voar pesado, voar de pedra...
embriaga-se de vento
para o voo luminoso.