Coleção pessoal de lasana_lukata

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a garça em desgraça, lenta, pesada,voa,
carrega a dor
da oportunidade perdida.

os filhos já não deixam de jogar
para receber o beijo
que trazem os pais
quando chegam do trabalho,
evapora-se o orvalho
e fica só o verso seco.
é a era de aquário,
do sangue quente dos leões,
do sangue frio das serpentes.
uma serpente dá inúmeras picadas,
o homem perde-se em rajadas.

antiquario

(poeta frustrado)

sobre a antiga escrivaninha,
sustentada por altas pernas de garça,
ficam os grandes poetas...
embaixo,
na prateleira inferior,
para versos inferiores
e o desejo de ganhar altura,
tropeça minha poesia.

a palavra não tem corpo fechado

a felicidade é por usucapião

pesa sobre as asas dessa garça
meu cadáver de menino

a garça é plágio do urubu

poesia,
remanso para descanso das palavras

tarde de inverno -
Nas orquídeas-sapatinho
o bebê que partiu.

um buquê de pedras também murcha,
também perde seus espinhos.

Tarde outonal.
Solitária e inalcançável
a flor da paineira.

em dias de garças
a vermelha buganvília
asfaltava a primavera

o amor encurta os dias

sabe a garça o voar pesado, voar de pedra...
embriaga-se de vento
para o voo luminoso.

garça garça
por que o desprezo ao bando
se ao voar muitas asas
a vida machuca menos?

vigia de mar


eu jogava tintura Márcia
no bigode branco do navio
e o tempo passava ao largo
distante da proa e de mim

a garça voou
sumiu nos telhados do antigo cinema
voou na cidade
às cinco da tarde
me trouxe um poema

não é hora de matricular-se no silêncio,
contra quem levanta a garça a sua lança?

sereníssima fingida


olheiras verdes
mascarada de esperança
também a garça oferece pão aos peixes
e os devora

feito pardais
os meritienses vão chegando em bandos
e das dezessete e quarenta em diante
a praça se enche de conversa e pássaros