Coleção pessoal de landeira
Não preciso que vá.Preciso que fique.
Pelos mesmos motivos que estou.
Os motivos do único dia da borboleta.
O que também é ar e carne dentro de nós.
A tua presença. A própria vida.
Acho
Achismos em bem dizer milagres
E em mãos, como em vento as árvores.
Som de voz.
Tom de nós. Cada um.
Pontes de outro fim.
Palavras, passos e
Pontes. Quando chega o primeiro ou o último dia.
Nome de alma
As cruzes penam sobre as atitudes; o nome pena com a alma.
Que não se leve a cruz, mas antes, que não se erre o nome.
Não viver a si é suicídio com direito a também querer ser feliz.
Querer ser a fantasia. Ser outra verdade.
O que não existe.
Fantasia não tem alma. A alma é que se mascara.
Vai Cambaleante. Sem natureza. Oca.
Errante nas intenções; cativa de qualquer bem das palavras que não calam e só contam sorte.
E se afasta tão longe, mascarada e sem asas, que o rastro deixado atrás se torna outro caminho para ser seguido.
Retorno.
O nome cai ali; na madrugada pouco acesa da memória.
Onde os passos tentam ajustar as pernas.
Onde não frutifica a saudade quando o passado não se quer ter.
Onde o tempo leva muito mais quando se é surpreendido sem ser a si mesmo.
Onde só restam lúgubres pensamentos em um coração vazio, quando sem chama.
De quem é o riso, o ego, ou a mentira sem o nome?
O nome pena com a alma, agora mais longe, trocando de máscara.
Minha terra
Chão e céu.
Minha terra toda é você. É areia.
Minha língua falada e cantada.
Meu deitar de bruços desarmado.
A varanda nos sopros do vento morno.
Onde sem sombra, existe a dúvida clara.
As visitas indiscretas dos arrepios. Teu riso.
Tudo perto demais do ouvido e onde o pensamento faz seu ninho e dali mesmo parte para voar.
Ando. Feliz.
E hoje; feliz acredito no dia que vejo mais bonito.
No dia que criei asas e voei até o galho mais alto, que fosse toda a altura de minha vontade.
Quando acreditei nas letras que canto.
Nas lembranças que chegam quando divago na paz do vento.
Ando.
Se esses lugares no meu olhar estão no paraíso;
Nem sempre me sinto bem.
Feliz.
Guardo o adeus
Enquanto guardo teu adeus
Meu olho se torna vidro e
Reflete a mim despido e distante
Caminhando soturno até onde posso apagar a luz e não ver
Como se todos os pássaros saíssem das minhas mãos
Entrassem no mesmo horizonte
Seguindo o sol até se irem com ele e
Não mais amanhecessem comigo
O mar agora é silencio
O coração não. Bate sozinho
Para mim apenas
Ignorando outro som; outro adeus
Até mesmo o fim da impressão
Aquela em que o mundo te lembra despedida
Não, dito.
E tudo diz não. Discordar é apenas a outra metade.
Minhas alegrias e sobressaltos vêm e são barrados na porta.
Observador, me guardo.
Adormeço em meus braços cruzados.
Sou eu comigo e no fundo as outras salas. Por todo lado, música, notícias, índios e idosos em atividades.
Tempos isolados nas suas questões que não sabem se já foram as do outro.
As decisões tomadas atrasam as que aguardam como o futuro espera enquanto não acontece.
E se nos pensamentos existe alguma determinação, que fique guardada lá; afinal, o acaso também existe.
Somos um e pouco nos representamos. Sabemos quem são todos melhor que nós.
Das metades que estão do lado de fora.
O que não aconteceu ou não chegou.
Tudo que existe no papel, no conto, na imagem pintada na tela.
Parte de tudo que não é além de possibilidade.
Parte do que fala mais de nós do que somos perfeitos.
E que me levam para além quando me calo depois que tudo diz não.
Logo sou
Sentir tudo junto. Medo, pavor e o tempo de ser feliz.
Logo, tão logo atrás do que esperava.
Assim mesmo não ter percebido,
A causa de o ente ego inflar à majestade de um deus.
Quando meu corpo desconhece o seu senhor.
Armadilha encontrada e trocas perpétuas.
Gritos desconhecidos que chegam em direções.
Longe de mim; minha vida que nunca será.
Tão alta e distante que daqui nunca saberei também de nós.
Por dois
Passar mil passos. Por espaços e ponto.
Ponto de encontro distante. Marcado de reencontros.
Perto de motivos carentes e outras propostas.
Desejos egoístas de feitiços com varinha genuinamente humanos. Chegar. Acontecer. Esquecer.
Risco no afeto oferecido. Querer parte e dar parte.
Brincadeira e desacordo. Possibilidades em dois lados.
Que troca, atribui, atrita. Que parte ceifando algo de energia.
A idéia com luz que confunde agora, este instante.
Quisera eu outra tarefa de casa pra completar os afazeres domésticos.
Mas entro num túnel mesmo assim pra não ouvir o mundo.
Recordo minhas cenas preferidas.
Sou sem beijo e sem voar, mas sempre fumaça.
Ou sou eu a partida do trem, ou sou a noite densa em névoa, ou só penso.
Enquanto dirijo olho as mãos e as cabeças, e me vejo onde estou.
De passagem entre assobios indiferentes.
Partindo pra mais tempo.
De mais tempo me aguardar.
Até o fim quando no olho brilha a luz que chega.
Sem saber
Não se sabe da tarde no dia cinzento,
e sem precisar saber, pássaros gorjeiam em qualquer tarde.
Sem precisar saber, a inteligência se inclina à devoção, mesmo quando em sonho, onde se é deus e vontade.
Também sem saber, e sem precisar saber, me vejo no teu pensamento preto e branco.
Sem precisar saber de tuas importâncias, sou na tua lembrança, o corpo da tua saudade.
E sem saber, você é o que diz meu nome.
Sem mesmo precisar saber, estou em você todo dia.
Semelhança
Mãos e ouvimos.
Pés, sorrimos e corremos.
Por abraços, somos tantos filhos com saudades.
Cantamos, acordamos e estamos no alto olhando a imensidão verde cheia de silêncio e repleta de profundidades.
Nossa terra, água, fogo, e aves migratórias em curso para outra estação.
Vamos essas vontades e não a outro.
E algum criador vislumbra enquanto me rebelo por acreditar muito mais em mim do que o consigo imaginar.
Me percebe quando me vê tão semelhante a ele.
Quando primeiro já existia sem ainda nem saber acreditar.
Seco.
Galhos em árvore.
Cem goles de cem gafanhotos.
Poeira cercando o passo e o assento.
Pedregulhos de cobre, prata, ouro e sol.
Batido chão, castigo e pausas longas. Silêncio pisado.
Desde quando era começo e ainda atrás.
Cem mãos, barro e alma.
Para trás de um sereno breve sem saudade.
À Kiehr
Sem entender a verdade
Até aprendido a ser
Por ter a virtude nas mãos
A excelência em mil vidas e nas memórias
Suspiros e antigas paixões
Em tudo sentir arrebatado pelo belo
Do eterno e do primitivo
Sem tribos; os arcos seguem como símbolos entre ideias de triunfo.
Sem mitos; Tu segues como júbilo entre madres e entre deus.
Presente
De tão perto sei o quanto pode demorar.
A espera alcança ainda de tão perto.
Vindo e vindo os dias.
Ao que respiro; ao que mecanizo; ao que ouço.
Me vejo indo...
E o presente está feito.
Deus Tempo
...
Deus de tudo invadir.
Seres, cosmos, energias, ventres e qualquer medida desigual.
Corta as agilidades do vento, a luz risca e me atravessa reticente.
Nunca esteve na alma quando dele também ela saiu.
Tempo, tempo...
Utopia incompreendida do homem. Sendo a parte do que há e a mesma parte no vazio de sempre.
Retorno
De joelhos para a parede; dar em nada.
Limite duro de ter de voltar.
Se encarar por vezes. Retorno para o encontro de si.
Quem é o estranho agora?
Procuro minhas respostas antigas, que me posicionam de onde vim.
Um vazio cheio do que a realidade com o tempo mostrou.
Desmistificada a crença, interpretada a natureza, lógicas apanhadas no estalo de um chicote inconsciente, e um caminho lento e sonolento até o quarto escuro de porta entreaberta que nunca vence o longo corredor.
Os significados não são palpáveis e, se não os sinto, questiono o valor da vida que me apresentaram aqui.
Nem mais triste ou menos satisfeito. E o que tem nisso além de retornos?
Ânimos em voltas numa sincronia de revezamento em movimentos de gangorra.
Coisas que parecem de nada depender.
O espírito pode estar no vento, ou enterrado vivo na própria loucura doentia sem questionar uma ilusão verde, ou o espaço apertado que dura nos vários sonhos de juventude eterna, amor verdadeiro, amizade fraterna, enfim, qualquer verdade que esconda a profundidade do abismo.
De joelhos para a parede estão os retornos para outro mais um dia de querer sobreviver.
E falam de tudo... Entendem tudo... TUDO!
Com tudo os resultados são incógnitas.
E se ousar não viver? O que começa partindo do não existir?
Em que mãos estamos à deriva?
Sigo em retornos o que entendo ser mesmo que sem querer; corpo e tudo o que está escuro neste longo corredor até a porta entreaberta.
Entre os céus, uma troca de tempos.
O futuro assumindo o passado adiante.
O que vejo e o que me verá, posso ser eu do outro lado.
Mas o tempo existe sempre...