Coleção pessoal de landeira
Queria que as vírgulas que engoli tivessem compaixão de mim e voltassem imperceptíveis aos seus lugares.
A vida de quem engole vírgulas é mal lida, mal interpretada... Permite versões. Permite alterações.
Sem nexo na compreensão deixa que os outros dêem a forma de qualquer vida!
Adoro a vida por seu conteúdo ser feito das surpresas que chegam em um segundo brotando do chão e paredes; brotando das pessoas num padrão de mosaico e criatividade inesgotável.
Adoro a vida porque ela toca no íntimo de formas diferentes e aleatórias; hoje sou eu, amanhã serei eu de novo; ontem foi o outro.
Adoro o amor que nunca vai deixar a monotonia dos momentos perfeitos perdurarem nem a tristeza ser para sempre. Como o breque do vento que está apontando em uma direção a mais de mil quilômetros por hora e de repente aponta para o oposto; o outro momento; a outra estação.
Adoro o sofrimento recuperado, quando vai perdendo intensidade e se cambiando em outro sentimento que não necessariamente seja a alegria, sem se deixar perceber.
Me encanta a força que vem nos momentos de fraqueza sem origem explicável; vc simplesmente segue em frente.
Adoro o respeito rígido ao qual todos estão submetidos. O tempo. Onde os dias são passados com igualdade constante, sem apressar ou tardar; na paz ou na guerra.
Adoro a vida porque nela nunca se poderá definir o que é correto e nunca saberemos o que é belo ou horrendo, nunca iremos ter o prazer de provar a melhor das sensações, porque a melhor poderá ser a do outro e não sabemos disso. E é simplesmente assim. Cada ser um parâmetro para si mesmo.
E mesmo tudo sendo tão abstrato, é ainda dinâmico, deixando um rastro de cortes no tempo que cicatrizam tão rápido que não permitem aprender ou gravar o que se experimenta, tornando todos pioneiros do que já foi vivido por muitos. Só se entende o que nos molha daquilo que foi derramado sobre nossas cabeças. O que extravasa, vai ao chão.
Onde toda a dor e a felicidade do mundo podem caber numa lágrima; é minimamente adorável.
Vida
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.
Já está mais do que na hora de parar com as tentativas para se definir o que seria o amor ou a felicidade! são tantos os tipos de amor e de felicidade que até creio ser possível a existência de um para cada pessoa!
Solidão.
Sentia apenas meu próprio coração,
nem o vento ou mesmo a brisa estavam presentes,
por isso a sensação de "sufocar".
O nada existia, aponto de só se ouvir a voz de Deus
meu próprio corpo a única fonte de energia.
nem mesmo o vibrar de uma corda no violino
nem mesmo o pedal que sustenta o acorde do piano.
A música era lembrança.
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.