Coleção pessoal de Lalice
Apesar de tudo
Das névoas pertinentes
Surgem olhos,
Olhos contentes.
Das cinzas queimadas
Surgem mãos,
Mãos amadas.
De um fosco vazio
Surge um brilho,
Um brilho de alívio.
Apaixonei-me
Apaixonei-me pelo Sol
Sua chama me aquece, ilumina
Queima-me, porém
Ofusca minha luz
Minha luz
Sua falta
Sinto,
Sinto-me assim.
Não posso afirmar,
Mas está em mim
Cada parte do seu olhar.
Sinto,
Sinto-me sem mim.
Como pôde levar
Com destino ao fim
Uma parte do meu pomar?
Sinto,
Sinto-me no fim.
Não deixei de amar,
Mas mesmo assim
Foi e colocou-se a caminhar.
Cinco segundos em chamas
Passou de relance
Olhou para trás
Encontrou seus olhos
Olhares profundos
Desconhecidos
Apaixonados
Que nunca mais se olharam
Pessimista - Parte I
Levantei.
Mas para quê?
Levantarei outras vezes,
Outros dias,
Até que a morte
Mostre-me seu caminho.
Boa tarde
Tarde, boa tarde!
Como foi seu dia?
Não me diga!
Venha.
A noite demora ainda
e a felicidade espera
sua vinda.
Oração ao tempo
Virou a esquina à frente,
E ficou para trás.
Mal passou,
E já chegou.
Amigo da cura,
E da angústia.
Tenha tempo, tempo.
Não corra!
Não pare!
De Vênus veio o amor
Belas, belas estrelas
Essas que escondem deuses
Os mesmos que profetizam o amor
De vós, só quero a luz
Para brilhar em meus céus
Como a melodia dos mares
Que envolvem meu silêncio
Carta de Despedida
Se vou,
Peço-lhe que deixes.
Não sinto dor,
Nem alegria.
Muito menos, amor.
Se vou,
Peço-lhe que deixes.
Há de existir,
No meu interior,
Um profundo vazio.
Se vou,
Peço-lhe que deixes.
Mas fico,
Se há alguém
Que me salve da vida.
Como posso eu sobreviver
Sem tuas mãos na minha pele,
Sem teu olhar sobre os meus,
Simplesmente, sem você?
Apenas poderei acolher, portanto,
O destino da própria morte,
Que me libertará da vida,
Como uma amiga querida.
Por favor, devolva minha fala
Minha boca não diz nada
Quando a mente
Tem tanto a pensar
O ar preso no pulmão
Não me deixa falar
Por favor, devolva minha fala
Eu quero lhe dizer
Que sinto uma angústia
E talvez queira padecer
Minha mente não responde
Quando sei que morrerá
Ansiedade
Sinto um ar
Ar que arde em meu peito
Ar que me sufoca a alma
Ar que da pureza não respiro
Envenena minhas veias
Atrofia meu coração
Não consigo respirar
Apenas te peço
Leve minha angústia
E segure a minha mão
Memórias vivas
Das mais belas cores
Meu mundo transformou
Dei-lhe minhas flores
Mas tudo passou
Resta-me lembrar
Lembrar de ti
Do nosso lugar
Tudo que perdi
Passado
Em minha cama,
Voltada aos céus,
Surgiu um pequeno monstro.
Expulsei-o e tranquei a porta.
Mas, todas as noites,
Ele retorna
Nas horas mais tardias.
Amor planetário
Oh, Júpiter!
Sua grandeza
ilumina minhas noites.
És minha única
e magnífica
intimidade.
Meu companheiro
de solidão.
Por quê?
Não há definitiva
Solução para tal questão
Digo-lhe que sim
Digo-lhe que não
Igual será o resultado
A doce e objetiva morte
Morte que espera calmamente
Morte que vem outrora
Ou agora