Coleção pessoal de lagunadejesus

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Afinal! Porque devo amar?

Se os que amam
Os vejo lameando em lamurias
Prantos e injúrias
E que por terem amado
Já não querem mais amar

Afinal porque me fazes amar?
Se o que eu quero é não amar
Eu sei que floridas emoções
me adornarás
Mas quando o prazer se esgotar
Mil súplicas farei
Mas nem de longe estarás

Esse é o meu medo. Amar.
Pois, mal se sabe quais são
as possíveis vantagens do tal amor
se quando bem fazem
mal também desejam.

Basta o coração que me levaste

Porque devo sacrificar-me por ti
Se tal como as outras
Menos tardar te apartarás de mim
Como fel amargos serão os meus dias
E depois de ti não mais terei
Prazer em com prazer vive-los

Um famigerado me tornou
Perante os deuses do amor
Assim como tu eles vivenciaram
O mais belo sentimento
Que por ninguém ainda posso sentir

Basta o coração que me levaste
Por eu ter sido tão ingénuo
E por teres tu sido
Como todas as mulheres

Se comigo pretendes continuar
Não me peça mais do que lhe tenho dado
Porque quando me fores a deixar
Eu possa afirmar: já fui amado.

Voz silenciada

É o grito negro
É a pele escura sobre os ossos da minha gente
É o querer inapto de um indigente
É uma boca mal aberta
Para quem não pode se expressar

É querer sem poder, aliás
Nem é uma nem é outra
É voz silenciada

Voz silenciada
Não é voz das cordas vocais
Mas sim voz que não se ouve mais
Voz de quem nunca teve voz

Voz minha, minha voz
Que para ouvi-la basta estar de longe
Porque de perto ela não se ouve

Voz silenciada ainda pode ser a tua
Se junto com a minha
Permanecerem trancadas no silêncio.

Eu quero ser poeta

Eu quero ser poeta
Eu preciso ser poeta
Sim,
Só para poder justificar a minha dor
E saber do coração os porquê dos amor

Eu tenho de ser poeta
Não para desenhar palavras
E nem é para me expressar bonito
Mas sim para ter razão
Ao me alimentar do pranto ácido e infinito

Eu preciso ser poeta, agora.
Por mais que seja por um minuto
Quero lembrar o que não esqueci
Isso porque as dores não se apagam
Apenas são armazenadas

Apenas quem é poeta
É que pode compreender essa filosofia
Porque ela não é uma qualquer
Está para quem pode e não para quem quer

É por isso que eu preciso ser poeta.

Sempre te quis

Mesmo quando te chamava
Pelos mais pejorativos nomes
Mesmo quando acariciava os seus ouvidos
Com os mais abomináveis adjectivos
O meu coração sempre te quis

Te queria como sempre vou te querer
Não consigo dizer não a essa chama
Ela me queima como fogo quente
Mas mesmo assim te quero

Te quero porque assim eu sinto
Por mais que eu me esconda de que jeito
Esse fogo sempre vai me queimar

Me queima porque gosto
Me queima porque se não me queimar
Posso deixar de te amar

Por mais que me doa o coração
Eu sempre te quis.

Hipnose

Concentro as atenções em nada
Penso em nada
Procuro-me sem sair do lugar
Onde não me encontro
Fujo da sombra que poderia ser minha
Mas não é porque a fujo
Corro sem sentir o chão
Sinto suor vermelho escorrendo
Lentamente pelo pulso

O suor desconcentra-me
Volto a reiniciar a minha concentração
Vejo-me com o rosto molhado
Pelo suor já sem cor, mas salgado
Que vai gotejando pelos olhos

O coração bate forte
Pois sente-se amedrontado por nada
Fecho os olhos, ouvidos, a boca e as narinas
Logo morro sem ter nascido
Mas, três segundos depois
ressurjo da hipnose sem ter morrido.

Verbo amar

Eu amo
Tu amas
Eu amo-te
Tu amas-me
Só amo a ti
Porque igualmente amas a mim

Foi conjugando o verbo amar
Na primeira e segunda pessoa do singular
Que descobri o quanto somos um só
Você em mim e eu em ti

Na carência ou na abundância
Enquanto estiveres comigo
O meu verbo preferido será te amar.

Quando te amei
Ainda era cedo para amar

Me amaste quando eu precisava
De alguém para amar
Todavia, para mim
Ainda era cedo para amar
Eu queria
Mas não devia
Porque se a ti amasse
E a mim condenasse
Esse amor de nada valeria

Porque quando te amei
Ainda era cedo para te amar.

Poemando

Tu que te envolves neste ritmo
Sem vida
Seguindo ao pé da letra
Esta melodia vencida
Sim!
Tu,
Oiça o verdadeiro canto
Que há dentro de ti
Oiça a voz do silêncio
E sinta o batucar das cordas de som
Que levam o sangue ao teu pulso
Não, não mexe o corpo avulso
Dance a marrabenta do quotidiano
Que é da cor da sua raça
Converse, desconverse
Faça tudo com emoção
Mas antes de ouvir um conselho
Oiça a voz do coração.

Preta negra

Teu corpo nunca montaste
És linda sem tal vaidade
Extensões sempre desprezaste
Com orgulho e naturalidade

A cor da tua negra face
É a mesma com a do resto do corpo,
Não como a das não da tua classe
Engraxadas; claras e escuras no mesmo corpo

És um verdadeiro contraste
Tão pé descalço como sempre fui
Mas tu sempre me amaste.

Quem diz nada posso, assume estar morto embora viva fisicamente.

A sombra reflecte a nossa imagem assim como o esforço materializa os nossos sonhos.

A sabedoria constrói o mundo e a ignorância destrói os sonhos.

Ter um parceiro é ético e bom mas ter mais irmãos é melhor.

Viver é como caminhar embriagado numa rua larga, só é possível chegar ao destino se alguém estiver do lado nos apoiando e nos levantando em cada queda que formos a sofrer...

Nascer é aceitar existir, existir é aceitar viver e para continuar vivo é preciso muita coragem.

É bom sonhar, porque se não houvesse sonhador não haveria nem poeta nem escritor.

A vida é como uma zona, só é bonita quando estiver devidamente parcelada