Coleção pessoal de kikoarquer

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⁠Menti pro fofoqueiro.
Virei meia verdade
de um passado inteiro.

⁠Sou casado,
sem sim sim da igreja
nem eu deixo do estado.
Somos um casal em seus lares
compartilhando todos os ares
de serem eternos namorados.

⁠O livro é onde a letra vem atrevida,
ela surge dançando de mãos dadas,
cria seu próprio sentido pra vida,
e se imagina em belas palavras.

⁠Axé da Contabilidade
Se tivé saínu mais do que entrâno,
cê vai me pegá chorânu.
Se tivé entrâno mais do que saínu,
cê vai me pegá sorríno.

⁠A QUEDA

Na queda deste túnel de pedras
Bato de um lado
rasgo do outro.
Queda
rápida
demais.
Sem chão.
Sem chegada.
Mal
lembro
de respirar.
O túnel é irregular, tem galhos que cortam
folhas que entram na
pele.
Tem pedras que desossam.
"Crec!"...
quebrando
é pedra ou eu?
Caindo sem fim.
Por favor, um fim!!!
Numa parede,
em queda,
desliso.
Musgo de rocha.
Lixa vertical.
Raspando,
raspando até um leve elevado.
Choro de alegria,
não por ter parado,mas pela velocidade da queda ter diminuído um pouco.
Ainda sem fim, tento voltar a existir.
Não sei se é dó de mim, mas choro subir.

⁠Espero que um dia a verdade me pegue,
pois já atrapalhei muito gente
pedindo pra criarem o McVeggie.

⁠O Papai Noel estava na sala da minha casa, rindo e dando presentes para todos.
Eu estava lá olhando pra ele, olhando pra cima; eu era uma das crianças de boca aberta e feliz.
Ganhei um martelo de brinquedo. Ele era colorido e bem legal.

Entre as conversas de adultos e gritos dos meus primos, o Papai Noel se despediu:

- Tchau, amiguinhos !!!

Imediatamente corri até a porta de saída para ele me notar mais uma vez.
Só que o Papai Noel disse tchau e foi para o quarto do papai e da mamãe.

Corri super rápido atrás dele, desviando de pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta gente nessa sala, meu deus? Pergunta minha ansiedade.
Mas cheguei na porta do quarto e o vi entrando no banheiro.

- Será que o Papai Noel foi fazer cocô antes de ir embora?
perguntei pra mim mesmo enquanto esperava do lado de fora.

Esperei, esperei e a porta se abriu.
Foi o José que saiu,
José, o meu titio.

Ele não me viu.
Passou arrumando as calças, fechando o ziper e ajeitando o cabelo.

Estava claro pra mim. Agora tudo fazia sentido.

Lembrei das conversas de minha titia.
Ela já desconfiava, ela sempre dizia:
- José tem amante!

Mas, meodeos do céu.
Quem diria que o amante
fosse o Papai Noel.

⁠Ora ou outra, todo mundo acaba sendo humilhado.
Mas é melhor uivar enquanto mergulha,
do que choramingar o pouco molhado.

⁠O vício de compartilhar a vivência
Invade a vida só vivida em mim.

⁠As pessoas ao nosso redor nunca devem sair do nosso olhar de ordinários, por mais que dê muita vontade.

Todas as pessoas são ordinárias; em maior ou menor grau de intimidade, mas todas ordinárias.

O único singular exclusivo é o "eu", o "eu" carente do outro, preguiçoso no outro; o "eu" é quem pensa sem o outro e o considera apenas elemento de sua própria constituição.

Enfim, qualquer extraordinário criado a partir do outro é uma certeza à frustração febril.

⁠Na escola,
a nota alta era eu que tirava;
a nota baixa, o professor que me dava.
Hoje sou um tadinho;
um profissional de nariz sujo,
que culpa o chefe chato
e cospe toddynho.

⁠Um dia,
chegará aos meus ouvidos
que você morreu.
Ou vice-versa:
não chegar'eu.

⁠Há alguns anos, fui convidado a fazer um treinamento numa escola estrangeira. Na hora do almoço, sentei com um norte-americano.

Não perdi a oportundidade e perguntei em inglês pra ele:
- Você sabe como chama as pessoas que falam várias línguas?

Ele olhou para mim com curiosidade: - Como?
- São poliglotas, respondi.

Lancei outra pergunta: - E pessoas que falam duas línguas, você sabe?
Ele fez um não com a cabeça.
- Bilingue, afirmei com sorriso.

Não parei por aí e fiz uma terceira pergunta:
- Agora, você sabe como chama quem fala só uma língua?

Ele olhou para mim, intrigado, aguardando a resposta.

- Norte-americano.

Gargalhei,
ele não riu.
E nunca saberei
se meu inglês tava ruim,
se era vergonha,
ou raiva de mim.

⁠A melhor definição de Consórcio que já ouvi.

Quero guardar 10 bolinhas de gude.
Todo mês, darei pra você uma bolinha até chegar a 20 bolinhas.
Daí, você me devolve as 10 bolinhas de gude de uma só vez.
Bom, né?
Ah, e se eu esquecer de te dar alguma bolinha, você suja meu nome, tá?
Que sortudo que sou, e ainda posso ser sorteado e receber as 10 bolinhas antes de te dar as minhas 20.

⁠Quando eu tinha entre 15 e 16 anos de idade, o músico Carlinhos Brown emplacou uma letra dizendo 🎶"a namorada, tem namorada"🎶.

O refrão dessa canção estava nos cinco cantos do mundo. (se você lembra, você leu cantando) 🤭

Nessa época, lembro que estava passeando num shopping, quando passou uma senhora de uns 30 anos e cantarolou a música para seu filho pequeno: 🎵"a namorada ... e o namorado"🎵.

Eu era adolescente, achei isso muito engraçado e pensei: - Que burra, ela não sabe a letra!!!

Anos depois, com um olhar mais atento ao mundo do jeito que ele é, cheguei à conclusão que aquilo não era nem um pouco engraçado.

Aquilo era triste, pois aquela moça era bem mais burra do que eu pensava.

⁠Só ofendo o que não se ofende:
xingo o computador,
insulto o aspirador.

O desgraçado não se defende!
O maldito nem se rende!

Eles funcionam com palavrão e jeito
mas sempre trazem pra discussão
que um dia, eles é que me darão defeito.

⁠Se casa com casa na cabeça,
descase da moça.
Case com a mesa.

SOBRE A POESIA DA ORQUÍDEA⁠
Neste grito contra pessoas que arrancam orquídeas, as palavras se ligam em rima e direção.

A parte alta do texto é o solo, o chão onde temos a flor plantada, a barriga que mastiga e o verme.

No começo do meio, a já florida flor ainda está antes da vingança. Pois, quando ela estava florida, foi devorada. A vingança vem depois.

A vingança é pensada como um ato nobre e forte. A orquídea brota no tronco. Brota alto, iluminando um mundo novo e bonito.

No topo, no céu, a nova flor estará protegida. Uma escada com armadura, fruto da guerra, afastará os vermes. Uma escada de casca-grossa colorida, igual às próprias orquídeas que conduzirá.

⁠Castelo de areia
levantado grão sobre grão.
Liga dada na suada euforia
sem lidar com a imensidão.

A eminência da onda,
sopra tudo.
O som do estrondo,
sobre todos.

As mãos sempre oleosas
nem tremem, nem temem
a explosão que vem
do grande vão.

⁠Lembro quando era proibido tirar xerox de um livro inteiro.

- "É proibido!" - bravejavam os operadores de fotocopiadoras,
defensores dos direitos de escritores que nunca ouviram falar.

Depois, não deixavam imprimir um arquivo com o livro todo.

- "É proibido!" - e muitos não entendiam, sequer, o que era ter a possibilidade de ler no computador.

E o que será que diriam hoje?

PDFs sendo comprados, downloads caros de livros para Kindle, domínio público, creative commons, bibliotecas digitais...

Com certeza, os poucos que ainda dizem "É proibido!",
apenas não querem mais compartilhar a tátil arte de ser retrô.