Coleção pessoal de kevinmartins6
Era mais um dia comum. Visitas. Cigarros. Bebidas.
A parte que eu mais apreciava, era minha solidão. Nunca gostei que me roubassem ela se a companhia não fosse de verdade.
O frio castigava meu corpo.
Por estar adoecido, tudo me era mais difícil que o normal. Levantar da cama sempre foi um sacrifício, agora era ainda mais.
O pior é ter que levantar e dar de cara com um mundo e pessoas que não mudam. Eu canso disso tudo. A rotina cansa. Os sorrisos cansam. Os pulmões e o fígado já me gritam.
Sempre gostei de beber sozinho, em casa. Mas a felicidade só é real se for compartilhada. Eu não queria a felicidade, nesse momento.
Os temas da escrita sempre fugiram, mas voltam logo em seguida, com um soco no meu estômago e um escarro no meu rosto.
Enquanto um homem tivesse a companhia dos seus cigarros, do vinho e dos gatos, ele teria força para seguir.
Cada dia era um dia a menos para eu largar tudo e fazer a tão sonhada viagem. Fugir das regras e imposições da sociedade qual nasci. Dos chavões, dos apelidos, das cobranças, das verdades mentirosas.
Quero a revolução da minha alma. Quero ter-me.
Agradeço por todos que apareceram e aparecem no meu caminho. Amo meus amigos, meus pais, minha família. São ótimos. Mas eu preciso disso, da maior liberdade que um ser humano pode ter.
Vocês, amados, não tem culpa do que sinto. Nunca terão.
É que minh'alma nasceu para mudanças que não podem ser feitas dentro de uma gaiola.
Eu preciso da noção
De que os pássaros lá fora
Não cantam nenhuma canção
Pra mim
A vida não é tão bela
Assim
Nem ela
Nem todos os bares
E rostos
Que riram
De mim
Tudo me é comum
Assim quero
No inteiro
Assim espero
Preciso de volta
A visão sobre tudo
Dos olhares
Da chuva
Do barulho.
Caia em si
Simples homem
As flores são belas
Mas não tão fortes
Quantos teus nortes
Simples homem
Quero-me
Não quero-te
Queira assim
Mundo sem fim
Coração
Que de mim sai
Pelas ruas se esvai
Mas volta aqui
Ta foda desse jeito
Não me tenho
Nem um eito
Não te tenho
Nem um eito
Ri de mim
Peito
Calma
Simples homem
A vida dá voltas
Nessas voltas
Eu não quero voltar
Nessas idas
Não quero as feridas
Quero curar
Quero vida
A minha
Que foi perdida
Na linha
De uma
Simples mulher.
E eu que nem te vi
Já te vejo
Eu que nem vivi
Já fraquejo
Por ti
E por desejo
Não sou amado
Nem doce
Sou amargo
Nas noites
Nas madrugadas
Sou eu
Pelos dias
Sou nós
Pelas horas
sou teu
Pelos mudos
sou voz
Era sexta-feira, dia dos namorados. Após mais uma noite de aula, eu voltava para casa lutando contra o frio e minha próprias pernas, escrevendo em minha mente cheia de papéis amassados.
Acendi meu cigarro, deixei beirando a boca e enfiei minhas mãos no bolso.
De longe eu via um casal, sorridente e andando em zig zag pela calçada. Felizes - pelo que parecia. Essa data, que é mais um belo truque capitalista, devia ser de todos os com belos sorrisos, sendo felizes.
O casal não era nada extraordinário, nem feios, nem bonitos. Ela parecia encantada com o que ele falava. Ele contente em poder compartilhar com ela.
Eles já deviam ter compartilhado suas fotos em redes sociais, com textos, comentários encorajadores...
Pensei nos casais que não fizeram isso, talvez por estarem muito ocupados consigo mesmo, talvez por não precisarem compartilhar o momento, talvez por quererem sem diferentes, ou parecer diferentes dos demais.
Andando o mais rápido que podia, passei por eles e ouvi um pouco da conversa. Ele contava que tinha um presente a entregar, que sua professora o tinha mandado dar a ela. "Mas eu não conheço ela", a moça falou. Ele comentou que era um agrado aos que tinham namorada, não era necessário que a conhecesse.
Eu fiquei imaginando que presente seria. Parecia que eu queria assistir aquela história clichê. Senti que era hora de chegar rápido ao apartamento para beber algo. Ficar com as cortinas fechadas e poder jogar tudo isso no papel.
No caminho mais namorados. Outros ajeitando surpresas para suas namoradas, namorados, enfim... Era um clima diferente. Parecia festivo. Parecia como acho que deve parecer.
Os bares diziam meu nome. Resisti.
O cigarro acabou, assim como o amor também finda.
Amar nunca acaba bem. Se você realmente ama, vai fazer alguém sofrer quando morrer. Se a pessoa amada morrer, você vai sofrer por isso. Se vocês nunca se amaram, vai ser doloroso, um sempre se apaixona mais. Um sempre se apaixona menos.
É natural.
Chego em no apartamento com a vontade de beber, sentar no sofá e me sentir aquecido.
Muitas mulheres já passaram por aqui. Muitas histórias já passaram por aqui. Muitas estórias já passaram por aqui.
Muitas vezes eu já passei por aqui.
Feliz dia dos namorados para o amor que eu não tive
Para o amor que eu possa ter tido.
Feliz dia dos namorados para todo o amor.
Feliz dia dos namorados para a paixão que eu deixei de conhecer.
para aquela que parou de me conhecer
para a que não quis me conhecer
para a que me conheceu.
Um abraço para o descaso
um beijo para os amores de esquina
um aperto de mão para os presenteados.
Parabéns aos que tem amores correspondidos
Parabéns aos corajosos que amam
Parabéns aos que tem um amor platônico.
Uma bela noite de amor para todos nós
Todos os nós.
Parabéns
principalmente
Para aqueles que vão passar o dia
e a noite
sozinhos
Na certeza de que além de todo ano
Todo mês tem um dia 12.
No frio desse apartamento
As dores se acumulam pelos cantos
Mas a maior dor
ainda canta nos meus cantos
Te perdi de repente
e sem nem despedida
da gente
nos separamos
nos amamos
para sempre
Queria te ter no meus passos
Sentir a força dos teus braços
chegar em casa
poder mergulhar em teus abraços
Mas não pude
pois depois daquele dia
que no meu colo você se ia
O destino me ilude
Mãe
aqui tudo se ajeita
nenhum dia foi direito
mas a vida se endireita
Perdi a conta de quantas vezes já falei sobre bares.
Cheios de pessoas vazias - assim como a maioria dos lugares.
Ouvi um papo de "poeta", na conversa ao lado. O ser vestia roupas de marca, tênis de marca, mulheres que, aparentemente, estavam sendo bancadas por ele.
Amigo, um poeta de verdade não usa roupas de marca, pois ele não ligaria para isso. Ele não sai aos 7 ventos precisando gritar isso aos outros. Seu corpo grita. Muito mais que o corpo, a mente grita.
A moça se sentia obrigada a lhe fazer companhia. Visivelmente ela não estava confortável. Os olhos imploravam - com medo - que a tirassem dali. Mas foi escolha própria, ela se deu conta logo depois.
Talvez ela achasse que beber cachaça na rua, arrancasse sua essência. Sendo que só em cogitar a possibilidade, já se nota que sua essência é construída pela opinião dos outros.
Somos construídos pelos outros, também, mas principalmente por nossos tijolos.
Esses momentos fazem com que a ruga do meu riso, seja tecida sem ter valido a pena.
Esse amor nunca vai cobrar um pouco de colchão. Nunca vai ajeitar a gravata e roubar um beijo. Nunca vai fazer um café ruim e rir disso. Nunca vai sonhar longe - nem perto. Nunca vai cuidar da gata e passar talco. Nunca vai ser amor. Nunca vai ser.
As cobranças serão em dinheiro. As memórias serão em olhos alheios. Os vestidos nunca serão bem vestidos, mas bem tirados. Ela não vai voltar e te perguntar se ainda ta bonita. O sutiã nunca será esquecido. As vulgaridades serão comuns e o aperto no peito será amigo.
Eu sinto a dor por não se amarem.
Eu não gosto de meio beijo, meio amor, meia vida. Nada que é pela metade me satisfaz. Tudo que é pela metade, enjoa, empobrece e apequena qualquer momento.
Nunca fui daqueles que se entregam. Mas quando vou, meto a cara e tenho medo nenhum de cicatriz. Amo as minhas cicatrizes.
Como Marcelo Camelo escreveu em "Cara valente":
(...) Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir
Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar com o coração (...)
Confesso que ele é um bom lutador mas inadimplente - meu coração. Sempre meu corpo todo foi quem pagou por esse coração que engana até a mim.
Eu to cansado e com vontade de largar tudo. Pegar minha mochila, viajar.
Mais uma vez me encontro naquele estado - no qual preciso estar para encarar a vida. A poesia vive da embriaguez. Embriaguez de vida, de amor, de álcool, cigarros...
Preciso de mais vinho.
Assim como na minha vida, ela chegou de repente.
Recebi um abraço na alma. E o perfume dela, entrou pelas minhas veiais. Direto no peito.
Eu sempre falei devagar. Sempre. Meus espaços entre palavras, meu silêncios entre frases, podem incomodar. Sempre penso em cada uma. Medi cada palavra que ia dizer. Ainda assim embaralhei algumas, sem querer. Meu pensamento ia longe quando eu queria falar. Errei em falar quando eu só sabia sentir.
Você sabe que se sente bem com alguém, quando o silêncio se faz presente e não é perturbador. É confortante.
Sua boca pequena, sorriu algumas vezes e tomou conta de tudo.
Sua boca pequena, beijou a minha.
Seu coração gigante, acalentou o meu - machucado.
Nem esperava me apaixonar. Esperava sim - como sempre - sentir medo do que sinto. Única coisa que não senti, foi medo.
Meu pai perguntou se ela era só mais uma na vida - por me conhecer tão bem - ou se eu ainda poderia amá-la. Respondi que sim, poderia. Que o tempo é dono do meu ser, do nosso ser. Falei que se ela quisesse, eu poderia sim, comparecer em todos os encontros que eu marcasse com ela - e comigo.
Eu tomei um susto ao ver a foto daquela menina. Meu peito ficou gelado e o coração parecia não ter mais controle.
Eu não tinha outra vontade, a não ser, conhecê-la. Ou de alguma forma deixar meu mundo mais bonito, em ouvir um olá, saindo daquela boca pequena.
Depois de ser agraciado com o olá, ela acalmou aquele coração que batia fora de ordem. Ela conquistou cada centímetro ao meu redor. Conquistou ao ponto de parecer estar presente em todos os momentos do meu dia.
A delicadeza de uma borboleta, a simplicidade de ser real e as palavras acalentadoras de uma mulher. Uma mulher de verdade.
Eu, que sempre procurei ser real, agora me deparo com a verdade em pessoa. Ela não precisa se esforçar. Conquista cada pessoa somente olhando - com suas grandes janelas da alma.
Ela havia me dito que não tinha palavras, muitas vezes. Mas nem precisa, moça. A vida fala por si só. Seus olhos e sorriso, falam por si só.
É um privilégio, te ter aqui.
Também me conta que é atrapalhada... Mal sabe ela que foi meu peito que ficou embaraçado.
Eu, com o gato aos pés, nem consigo escrever direito - por mais uma vez estar bêbado e com os pulmões doloridos - lembrei dela.
Estou longe de casa e sentindo falta de um simples abraço, de quem quer que seja. Precisando de uma palavra amiga - mais uma vez - acendo mais um cigarro, dos tantos que fumei hoje.
Aquela moça, com os cabelos claros, de cor indecifrável, deve estar transando e roçando o rosto - lindo - na barba do seu amado.
Eu, que ouço Belchior às 5 da manhã, percebo que sou só mais um nesse mundo. E que mesmo tendo pouca idade, penso na finitude. Não, não é coisa de adolescente, nunca tive oportunidade de ser isso. A vida me calejou e esses calos doem.
Em breve a vida vai mudar, e mudar e mudar... Eu estou te esperando, vida, com um lágrima no abismo do olho, uma cerveja numa mão e um cigarro no canto da boca.
Cansei de dizer que estou cansado.
Ainda tenho muitas mulheres na vida. Mas dói em não ter nenhuma.
E foi nessa madrugada que eu senti a dor dela. Que a dor dela se pareceu com a minha. Não a dor da morte, mas a dor de sentir o amado se ir, aos poucos, sem poder fazer algo concreto.
A morte é uma coisa pequena, que faz parte da vida, mas leva coisas irreparáveis, inesquecíveis. É sempre doloroso ver quem você ama, partir. Seja qual for o destino.
Trazemos todas as dores do mundo e todos os sorrisos que demos. Todas as madrugadas de conversas e as brincadeiras sem fundamento.
A gente começa a entender a simplicidade, quando algo tão pequeno e complexo, como a morte, aparece. A gente sempre aprende no erro e na dor.
Nunca fui e nem quero ser exemplo, muito menos, motivador. Mas ainda quero me arrepender o menos possível quando eu ver quem amo, partir.
Ela, com lágrimas nos olhos, mostrou a dor que sentia e sente. Amoleceu minha perna e me fez doer o peito.
Nem com lágrimas nos olhos e rosto abatido, deixava de ser linda e encantar qualquer vida que se fizesse presente.
Moça, as lágrimas virão novamente. Elas rolarão pelo teu rosto e talvez molhem sua boca, sem alguém para enxugá-las. Mas a vida ensina que a lágrima é salgada e viver ainda é doce.
Somos fortes e calejados pelos destino. Temos o orgulho de poder encarar a vida e termos seres que nos amam.
Que esse sorriso nunca se apague. Que esse amor, nunca se esgote.
E que essa vida, seja digna das lágrimas de nossos amados.
Menina, antes pegar a corda
deixa eu falar contigo
Vamos no bar da esquina
tomar uma comigo
Que eu vou tentar te convencer
que além de morrer
tem coisas a viver.
Desce daí
prometo que se eu não te convencer
vou embora contigo
e me leva daqui.
A vida ainda é maravilhosa
mesmo que turva
mas me diz o que te afligiu nessa curva
que eu posso limpar teu rosto
ou dizer que valeu a pena
todo o desgosto
dessa vida pouca
e pequena.
Confesso que também já desisti
muitas vezes
mas do mesmo jeito que me trouxe de volta
quero poder ser importante
e dar sentido a tudo em volta.
Já comentei, comigo mesmo
que nada tem sentido
mas ainda brinco com as borboletas
e chamo de escrita
meu abrigo
A vida é como o mendigo dessa rua
a maioria nem nota
ou ignora
mas quase todos
tem a profundidade que você quer
quase todos aceitam o amor que vier.
Te digo, menina
não vais encontra a luz
em toda esquina
mas vai encontrar abrigo em ti
quando fizer tua morada
e não quiser mais partir.
Caminhar sozinho, é triste
Mas ainda tem suas regalias
Chorar sem ninguém ver
e sorrir pras alegrias.
Espero que não vá
É bom te ter aqui
é bom saber que
a vida é um pai que foi embora
mas também é a mãe que prepara o jantar
pra correres mundo afora.
Menina, antes pegar a corda
deixa eu falar contigo
Vamos no bar da esquina
tomar uma comigo
Que eu vou tentar te convencer
que além de morrer
tem coisas a viver.
Desce daí
prometo que se eu não te convencer
vou embora contigo
e me leva daqui.
A vida ainda é maravilhosa
mesmo que turva
mas me diz o que te afligiu nessa curva
que eu posso limpar teu rosto
ou dizer que valeu a pena
todo o desgosto
dessa vida pouca
e pequena.
Confesso que também já desisti
muitas vezes
mas do mesmo jeito que me trouxe de volta
quero poder ser importante
e dar sentido a tudo em volta.
Já comentei, comigo mesmo
que nada tem sentido
mas ainda brinco com as borboletas
e chamo de escrita
meu abrigo
A vida é como o mendigo dessa rua
a maioria nem nota
ou ignora
mas quase todos
tem a profundidade que você quer
quase todos aceitam o amor que vier.
Te digo, menina
não vais encontra a luz
em toda esquina
mas vai encontrar abrigo em ti
quando fizer tua morada
e não quiser mais partir.
Caminhar sozinho, é triste
Mas ainda tem suas regalias
Chorar sem ninguém ver
e sorrir pras alegrias.
Espero que não vá
É bom te ter aqui
é bom saber que
a vida é um pai que foi embora
mas também é a mãe que prepara o jantar
pra correres mundo afora.
Existem inúmeros motivos para eu não estar mais entre vocês, amigos. Mas também existem inúmeros para eu estar.
Existem dúvidas gigantescas, que mesmo não podendo esclarecê-las, eu gosto de perguntar. Perguntar para quem fica ou vai... Quem passa.
Uma das certezas de quem duvida, de quem pensa e é fiel a si mesmo, é a loucura. Não me preocupo com isso, acho que me orgulho.
Eu ainda me pergunto que roupa o noivo veste na manhã seguinte a lua-de-mel. Me pergunto sobre as paixões daquela moça que passou por mim, com seu afagante perfume. Me pergunto sobre o tango que Carlos Gardel escreveu, e o que pensou quando o fazia. Me pergunto sobre as belezas que eu deixei passar e como aquela música mexe com borboletas no meu estômago.
Eu tenho milhões de motivos para morrer. E vou. Mas na hora que meu corpo falecer por completo, e minha mente, também. Enquanto isso, sou apaixonado pelos bares, as moças com suas belezas e medos exclusivos, por meus cigarros, meus recém chegados, meus recém ausentes, minha dívida com o mundo, meus erros, meus acertos, dúvidas, paixões, transas, foras, lágrimas, sorrisos, por todas as porcarias dessa vida, por todas as poesias dolorosas que eu sinto...
E eu pensei que seria diferente de todas as outras coisas. Mas quem vai, deixa muitas poesias. Mesmo que seus olhos sejam vazios e não consigam compreender alguma.
Eu nunca entendi bem, essas histórias de relações, dinheiro, alegria... Talvez entendi, quando fui criança, mas não sou mais. Me tornei o velho sem esperanças e com muitos sonhos... A maioria deles, inalcançável para quem tem medo de voar do ninho.
Voei do ninho. Me quebrei bastante e agora dói. Dói ainda mais ao assumir que dói.
No papel ao lado, acabei de escrever uma poesia, repetindo: "Não dói... Não dói..."
Fingi mal. Menti. Logo eu, que sou fiel a mim mesmo.
Acho que ela só queria um cara normal, mas isso nunca vai acontecer comigo. Nunca.
Se sentir comum, é o pior sentimento de todos. Repreender a poesia que vivo, é impossível, minha querida.
Mais um dia amanhecendo. A insônia apareceu aqui. As ideias e a vontade de viver tudo de uma só vez, também.
Ao mesmo tempo de tudo, não sei se quero os amores. Não sei qual querer e o que decidir. As consequências de um desabafo, não me incomodam em nada. Exatamente nada.
Repassei minha história de vida, na conversa com um amigo. Percebi que era tão simples quando amar era somente sorrisos. Verdadeiros sorrisos.
Hoje, amar, é discussões, sofrimento, algema, cadeia... E que é difícil se manter sóbrio perante a vida. Perante ao amor.
Sempre nos falaram que amar é o único sentido da vida. Ou que tudo vale a pena... Ou que temos uns aos outros... Não temos nem a nós mesmos, amigo.
Essas briguinhas, das paixões, desgastam toda a corda que poderia sustentar o amor, que vem pesado e cheio de malas.
Um inútil, me sinto assim.
Sem capital. Esquecendo, muitas vezes, de comer. Rodeado pelo álcool e pelos cigarros - esses que são meus companheiros, já me olham com cara de pena.
Realmente, digno de pena. Uma mente cheia de papeis amassados.
As lixeiras daqui, já transbordaram. Ninguém passa para recolher o lixo. A rua é deserta, e os vizinhos (que não sei se existem) nunca atenderam aos meus pedidos de socorro.
Um homem sem esperanças, não é digno de seu título.
Desculpa, pai e mãe, mas a dor é grande demais aqui. A angústia de pensar, machuca o peito. Nos olhos, as lágrimas - que nunca caem - me dificultam ver a vida.
Me pego num momento em que não sei o que sinto pela vida. Mas sim o que sinto pela morte.
Fiquei tanto tempo longe das pessoas, que hoje eu me sinto um completo estranho ao demonstrar ou ver qualquer atitude carinhosa.
Na minha caverna eu sobrevivo com o necessário. Racionalmente necessário.
Muitos me apresentam coisas novas, regalias, bebidas, pratos diferentes.
Tenho medo de aceitar. Tenho medo de ser o que fui antes. O que fui antes da caverna...
Velho Buk falou, em "Notas de um velho safado": "... É por isso que me afasto das pessoas por tanto tempo, e agora que estou encontrando as pessoas, descubro que preciso voltar para a minha caverna..."
Mais uma vez, esse desgraçado, tinha razão.
Eu to cansado. Incrivelmente cansado das coisas. De todas as coisas que me são oferecidas e que já provei. Das coisas que me alimento aqui, também.
Também confesso estar perdido, amigo. Incrivelmente perdido.
Preciso de vinho.
Lembro já ter falado sobre aquelas mulheres deslumbrantes, que você se pergunta serem reais e não se cansa de olhar, para ter certeza que realmente existem...
Eu senti isso, novamente.
Talvez de uma forma que eu jamais tenha sentido.
Nossas histórias são parecidas. Os conflitos, as batalhas, as questões e até afirmações.
Nós bem sabemos o quanto é ruim acordar e sempre sentir o mesmo cheiro no quarto. E ter somente seus cabelos, perdidos no travesseiro.
Não assumimos o quão vulneráveis somos, e temos tanto medo de que descubram nosso verdadeiro eu (mas queremos isso).
Queremos que nossas almas sejam tocadas por uma mão com luvas de veludo e perfumada de lavanda.
Somos ainda mais ridículos, sozinhos. Somos verdadeiros idiotas ao apreciar a própria companhia. Admitamos, estamos cansados da nossa companhia. Mesmo que não seja tão monótona, queremos que nos desafiem e nos deixem de pernas bambas.
Eu nem quero saber quando, como ou sei lá, isso acontece. A gente sempre acontece, de uma forma ou outra.
São cinco da manhã e eu não durmo. Abri mais uma cerveja. Fumei mais um cigarro.
Como é bom ter em quem pensar. Como é bom sonhar em plena vida, numa vida nada plena.
Saber que estou vivo. Saber que viveremos de qualquer forma, até que essa dádiva nos seja tirada.
No fim das contas, moça, a vida é o que temos para sonhar.
Posso lhe contar que o dia era só mais um. Mas não foi.
Aquela mulher era de uma beleza perturbadora. Ela não é do tipo gostosa. Essas nunca me agradaram (além do sexo). Ela é doce e intrigante. Traz um mistério por trás dos cabelos presos e uma nostalgia por trás do óculos. O sorriso é brilhante. Os passos são firmes e seguros. O andar é meigo e gentil.
Ela, com certeza, deve ter um namorado. Eu não me atreveria a perguntar-lhe, seria um insulto fazer parte da vida dela.
Mas se não tivesse, não era por falta de opção.
Ela se despediu da amiga, e ao passar por mim, disse meu nome. Meu nome nunca havia sido tão lindo antes.
Fiquei pensando sobre ela ter decorado meu nome... Eu devo ter feito alguma merda que deve ter chamado sua atenção. Justo ela, a menina que devia ter homens belos, inteligentes, que com certeza sabem falar e enamorar uma mulher, fala meu nome.
Deve ter sido por educação ou boa memória. Algo marcou.
O que não me sai da cabeça, é o meu nome saindo da sua boca.
O que não me sai da cabeça, é a sua boca saindo com meu nome.