Coleção pessoal de Kaie
É errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações.
Na sociedade de consumidores, ninguém pode se
tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e
ninguém pode manter segura sua subjetividade
sem reanimar, ressuscitar e recarregar.
A geração mais tecnologicamente equipada da história humana é aquela mais assombrada por sentimentos de insegurança e desamparo.
De modo geral, as relações humanas não são mais espaços de certeza, tranquilidade e conforto espiritual. Em vez disso, transformaram-se numa fonte prolífica de ansiedade.
A fragilidade dos vínculos humanos é um atributo proeminente, talvez definidor da vida líquido-moderna.
A maravilhosa vantagem dos espaços da vida virtual sobre os espaços "offline" consiste na possibilidade de tornar a identidade reconhecida sem de fato praticá-la.
A rede protetora carinhosamente tecida pelo amor em torno de seu objeto escraviza esse objeto. O amor aprisiona e coloca o detido sob custódia. Ele prende para proteger o prisioneiro.
A moral nada mais é que uma manifestação de humanidade inatamente estimulada — não "serve" a propósito algum e com toda certeza não é guiada pela expectativa de lucro, conforto, glória ou autoengrandecimento.
O desvanecimento das habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como objetos de consumo e a julgá-los, segundo o padrão desses objetos, pelo volume de prazer que provavelmente oferecem e em termos de seu "valor monetário".
A solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição menos arriscada e mais segura do que compartilhar o terreno doméstico comum.
Para evitar a catástrofe, primeiro é preciso acreditar na sua possibilidade. É preciso acreditar que o impossível é possível. Que a possibilidade sempre espreita, inquieta, debaixo da carapaça protetora da impossibilidade, esperando o momento de irromper.
Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente. Na sociedade contemporânea, nada é feito para durar.