Coleção pessoal de K.Novartes
Diante do campo olho obcecadamente o jardim.
Ainda tenho barro entre as unhas e duas farpas que não consegui tirar.
Meus olhos estão satisfeitos com o suor do meu trabalho, até que os repousassem nos sacos pretos mais ao canto, cheios e lacrados.
O trabalho do qual me orgulho agora é também desconforto.
Não sou jardineiro. Aprendi com as mãos na terra que lá moram as larvas, queimei-me.
Puxei um mato bravo com as mãos descobertas, tornei-me a queimar. Essa mais que a outra, interrompeu um dia de trabalho.
Reguei mais do que devia. Deixei de aguar o necessário. Quanta dor há até que se ache o equilíbrio!
Reconheço em você meus dias no jardim.
Que minhas orações por um mundo melhor sejam atendidas à medida que agasalho ao pobre; que visito ao doente e ao preso; que amparo a viúva.
Se eu não tivesse ninguém para me ouvir cantar eu cantaria mesmo assim. É algo que eu sempre fiz e vou continuar fazendo para adorar a Deus.
Descobriu tarde que o amor estava lá desde cedo. No outro dia lhe deu um relógio atrasado de presente.
Tirou troncos, galhos e pedras. Com uma pá varreu o centro da rua de tal forma que, ao final, o caminho estava livre para que ela chegasse ou para ele mesmo saísse.
Dica de macaco velho: não torre seu dinheiro no dia nos namorados. O "amor" vai embora as contas ficam.
Apago dez fogueiras pequenas, que o mínimo vento apagaria por mim. Reúno gravetos, quero uma fogueira que o vento espalhe.
Para viver melhor eu precisei facilitar o convívio com os resultados das escolhas errados que tomei.
A ansiedade social, injustamente, está nos cobrando adiantado por resultados que só serão possíveis no futuro.