Coleção pessoal de K.Novartes
Contorna, teu amor ficou há dois quarteirões. E é melhor que esteja com ele para se perder no caminho.
O amor existencial é uma pequena fração do amor imaginário. É como a rotura recente: traz uma falsa saudade.
Quando eu morrer quero ficar
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.
Estava preso no desejo simplório de sorrir e fazer sorrir, a vida só fazia mangar dele. Num descuido saltou a cerca pro lado de dentro e se fez livre.
Me faço em detalhes para você. E talvez passe despercebido mas eu cordei as pontas do cabelo para você.
Às vezes a gente sorri para uma platéia idiota e nem é pela amizade. É só pra não chorar e virar manchete.
Me pinto, me mudo, caio na gandaia, faço procissão e apareço acompanhado. Nada adianta, você sempre percebe o meu amor.
A fraqueza dos pobres de espírito é que eles se enfurecem diante da felicidade alheia. Então antes de ser feliz aprenda a ser falso.