Coleção pessoal de julianarossicordeiro
Ciclo vital
Segue o lago o grande rio
Que se divide ao longo
Um fio
Riacho que se divide
Artérias, veias e vasos
Até que se encontra
com o grande mar
de agua salgada
perfeito equilíbrio
que leva a todos vida
Que não me canso de admirar
Esse ciclo vital, que não pode parar.
Preciso me salvar
Sair dessa profundeza
E não tem como me ajudar
Sair desse lago profundo de tristeza
Para reviver, eu tenho que reagir
Oque só depende de mim
Tenho que ressurgir
Fragmento de palavras
O poeta tem uma grande necessidade
De expor seus sentimentos
Porque se não vai explodir
Então vai esvaziando-se
Soltando fragmentos de palavras
Que vai remediando
Essa extrema necessidade
Cá estou eu escrevendo
Esvaziando-se, aliviando-se
De sentimentos
De devaneios
De sonhos,
Desejos
Dores.
Tomando um café
E escrevendo poesia
Em cada xícara mais fé
De alcançar oque se ânsia
Cada xícara um verso
Liquido estimulante
Que a poesia faz companhia
E a mim estimula a mente
Sou água
Há dias vivo em estado líquido
Transbordando por tudo
Desaguando em palavras
Derramando em lágrimas
Escorrendo em sua boca
Encharcando seu corpo
Você já se sentiu totalmente incompreendido?
Então sabe que a tendência é se isolar
Talvez pra pensar um pouco, ou orar, fazendo um pedido.
De encontrar alguém pra te consolar
Então se deu comigo
Que uma pata se estendeu
Sim foi um animalzinho que me compreendeu.
Preso
Estou preso a um diagnóstico
Dentro de uma mente inquieta
Tomando remédios pra me manter
Sob controle, dopado.
Como um animal que foi derrubado
Por um pequeno dardo.
Sementes de delírios
Oque fazer com esses devaneios?
Momento em que me perco em pensamentos
Não posso contar com alheios
Que logo começam os argumentos
-Você está louca, ou quer chamar atenção?
-As coisas não são como você diz
-É tudo coisa de sua imaginação
-Nada do que você fala condiz
Melhor seria calar-se para sempre
Para não assustar meus amigos e parentes
Plantar esses delírios como sementes
Para levar a vida aparentemente
Nascerá um fruto estranho
Diferente e atraente
Talvez resulte em ganho
Para mim e toda essa gente
Maria Lúcia minha mãe amada
Às vezes assusta sua sinceridade
Melhor seriam mais pessoas assim
Autêntica e verdadeira
Amiga e confidente
Sinto muitas saudades
Porque estas longe do alcance do meu olhar
Longe do alcance de minhas mãos
Mas sempre presente em meus pensamentos
Mas principalmente no meu coração.
Asas
Há quem queira cortar minhas asas
Pois não querem ver me voar
Dizem tenha os pés no chão
Que meus devaneios são em vão
Mas quem pode cortar as minhas asas?
Elas vêm de minha imaginação
Seria como engaiolar um pássaro
Mesmo preso continuaria sua canção
Pode tentar impedir-me,
Mas meus poemas vão surgir
E registrarei cada um em meu coração
Ou nas pareces dessa prisão.
Eu pinto o Rosto
Como fazem os índios
Para guerra,
Como faz o palhaço
Para o espetáculo
Minha maquiagem facial
Já me faz parte de um ritual
Esconde coisas profundas
E me faz parecer mais forte
Saio de casa pronta pra guerra,
Pra mais um dia, um espetáculo
Onde só sei eu e o espelho
Oque há atrás dessa maquiagem
Amadurecer dói.
Dói porque quando você aprende que não deve confiar em algumas pessoas, você já teve muitas decepções.
Descobre que o amor é mais do que palavras e promessas só depois que sofre um desamor.
Passa a perceber que não vale a pena discutir sua opinião com ignorantes, depois de ter se desgastado muito.
Chega a conclusão que você tem poucos amigos verdadeiros, depois de alguns abandonos.
Percebe que a maioria vive de aparências, depois que você vê as mascaras caírem.
Apesar de todas as dores que o amadurecimento pode causar, existe ainda uma vantagem passar por essa metamorfose. Agora você sabe se desviar do que te magoa ou te machuca, e passa a valorizar oque realmente importa; você e os que te amam de verdade.
Vivendo como se fosse alienada
Tendo a vida como inimiga
E a morte como aliada
E esse paradoxo me fadiga
Sigo tendo o medo como combustível
Vou andando um passo de cada vez
Nessa situação tão lastimável
Vencer e focar eu possa talvez
Não quero cair nesse abismo
Que leva a auto piedade
Não que seja ceticismo
Por que quero viver com dignidade
Não creio que um milagre me aconteça
Por que tudo se ganha com muita luta
Por isso levanto a minha cabeça
Disposta e resoluta!
Fuga
Eu sei de suas lutas
Do que guarda em seu silêncio
Conheço suas dores
E compreendo sua solidão
Seus olhos são tristes
Mostram a dor de sua alma
No seu rosto um sorriso
Que não me engana
Levar a vida assim,
Como uma formiga que,
Sozinha carrega o dobro de seu peso
Sem parar e nem reclamar
Quem me dera eu tivesse a chave
Sim, para te livrar dessa cela
E arrancar essa faca de sua alma
E pudéssemos junto fugir
Seria libertação
Seria sonho realizado
Uma fuga, doce fuga!
Poemas Caseiros
Escrevo poemas em casa
Durante o Tempo vago
Os preparo com muito amor
Como se prepara uma refeição
Os poemas saem do forno
E os sirvo com carinho
Tentando agradar a todos
Com uma variedade de sabores
Sabor de Paixão, amor e alegria
Também tem de saudade, tristeza ou melancolia
De algum deles você irá gostar
Pois terá o sabor que você necessitar.
A música é poesia
É letra com melodia
É saudade e desencontros
Amores e desamores
Música e poesia é perfeição
É traduzir a voz do coração
É tocar a alma dos outros
Com leveza e com emoção
Minha sobrinha Estela
Seu sorriso tímido, covinhas..
Flor pequena e bela
Faz-me tão bem, pequenina
Quero vê-la crescer
Assistir seu desabrochar
Uma linda moça vai ser
Alguém que eu possa me orgulhar!
Trem
Não importa a dor contínua
Nem todo o caos a nossa volta
A vida vai em frente, e continua
E mais forte do que a morte
Segue como trem sem freios
A vida não para
Nem por nossas percas
Nem por nossas lagrimas
Morre a mãe, morre o pai
Morre a criança
A vida segue em frente
Passa como um trem sobre os trilhos
A vida segue numa ânsia infinita
Que às vezes a gente cansa
E quer pular desse trem
Que não para em nenhuma estação!