Coleção pessoal de JuanVicthor
Quando meu corpo repousa, sinto o bater do coração no peito, logo me vem a certeza de que ainda posso viver. A alegria do que vi e a incerteza do que irei ver, se o tambor batesse tão forte quanto meu coração, não seria tão boa a melodia. Nasci em um, vivo como um, e é preciso ser um, na própria vida, porque viver dependente do (dois), é trilhar um caminho sem reta.
O AMOR NO OLHAR
O amor se instalou naquele longo olhar, e quem poderia imagina, que o próprio amor faria os olhares terem medo de ser cruzar. Quando o amor é muito intenso, a natureza do errado se apaga, a tentação vira certeza, e nem todos estão prontos para dominar a si mesmos. Não existe possibilidade de amor entre o olhar daqueles que se fingem de cego, e daquele que decide se entregar com medo. Do amor que amou e que teve medo de amar, lhe resta a saudade dos olhares, daquele que nunca assumiu, que o olhar sabia amar.
Sou como a brisa do vento caótico, indomável ao pico da tua neblina. O fogo da lenha me ampara, a tua água atiça meu fogo, e o vento não será capaz de apagar, tudo aquilo que jaz aqui. As palhas voam pelo deserto árido, os peixes se afogam inexplicavelmente na água, as aves habitam o incrível mar, desbravando o intenso e vasto oceano.
O LIVRO
Conheci as mais belas palavras que poderiam existir dentro de um livro. O livro era profundo, esperançoso, era lindo, gracioso. Sua capa, soava simples demais para a grandiosa história que se estendia por entre as páginas. Muitos rejeitaram aquele livro pela capa que possuíra, e tendo o lido, posso afirmar com certeza: eles não eram dignos de desfrutarem tal escrito. Ninguém havia vivenciado o que ele vivenciou, ninguém havia chorado como ele chorou, ninguém havia se sacrificado como ele se sacrificou. O que eram aqueles livros lindos por fora e tão superficiais por dentro!? Comparado àquele livro e suas belas páginas amareladas, envelhecidas pelo tempo.
Vivo no espelho, visualizando toda dor invertida, esperando que o impossível aconteça. Encarar a minha face que se reflete no espelho, me apavora! Não pela aparência que reluz, mas por não me reconhecer nela. Ergo meus braços com a força de todas as decepções, medos, angústias, inconstâncias, tristezas, tudo aquilo que a de pior em mim; e atinjo o espelho, espalhando pelo chão o que estou sentindo. Meus olhos não cansam de chorar, mas não é pela dor que lhe foi causada na mão, é a dor da alma quebrada que não suporta mais ter sua falsa imagem refletida.
Por certo, não sei se sou açúcar ou sal. Não quero que você defina um dos dois como melhor! Pois, ambos são virtuosos. Posso ser açúcar e te amar, posso ser sal e também te amar, e por mais que brilhemos bem sozinhos, o equilíbrio dos dois é inexplicável. Te escolhi, pois, posso ser doce, mas sem sal, sou insosso. Te escolhi, pois, posso ser salgado, mas sem doce, sou insosso. Eu sei que posso viver, mas não quero. Eu posso ser doce ou salgado, eu posso desistir e não ser nenhum, eu posso fingir que não és conflituoso, mas não nasci para ser assim! Posso ser açúcar ou sal, mas não pretendo ser insosso.
As circunstâncias me dizem todo dia que "não", mas teus olhos conseguem gritar mais alto, tão alto a ponto do "sim", se materializar em som. Por vezes, tentei esconder no baú do desinteresse e fechar com a chave do silêncio, mas meus olhos também me denunciam. Guardamos tão bem um para o outro esse segredo, mesmo que eu saiba do seu e você do meu. Espero um sinal maior, mas ele nunca virá, pois, enquanto espero por ele, você também espera por mim.
Essa revolta que nasce agora em mim como tornado, destruirá tudo aquilo que construí, e de fato não me importo. Essa é a minha natureza! Sobrevivi 9 meses distantes de tudo, resguardado no escuro do ventre, e não será o mundo que me assustará com a solidão.
Amanhã o Sol irá raiar diferente, seu brilho sufocará todos os brilhos, sua luz iluminará toda a escuridão, e logo após, o Sol irá morrer. Pobre Sol, se esgotou em meio ao que era, e não pôde controlar o que seria, será morte ou ruína? Não se demore, pois, amanhã o Sol irá raiar diferente, seu brilho sufocará todos os brilhos, sua luz iluminará toda a escuridão, e logo após, o Sol irá morrer...
AMAR O AMOR
Amar o amor que entrou como paixão, demostrar o amor que queima no coração, sem ter medo de amar, pois, amor muito amou, e no pouco conquistou, um espaço neste lugar.
Amar o amor que nunca amou, sabendo que eu posso amar, e que a vertente do amor é verdadeiro, pois, amar o amor que não soube amar, vale mais que amar nenhum amor.
Amar nem sempre é perfeito, nem sempre é verdadeiro, mas sei que o mar, esse não para de ir e voltar, pois amar também envolve se libertar, amar envolver se deixar levar, levar-se pela lua que movimenta a maré, a maré do saber amar.
Desde que te conheci, não houve um dia se quer em que não sonhei contigo; se houve não me causou importância. Tornou-se tão comum te encontrar em outra consciência, que quando não te vejo, sinto-lhe sua falta. Talvez, eu não esteja sonhando apenas enquanto durmo.
Naveguei aos quatro cantos do mundo, em busca do tesouro marcado no fim do arco-íris. Ao encontrar, descobri ser uma tonelada de doces, mas eu sou diabético. O tesouro sempre foi tudo que eu mais ansiei na vida, e também o que me levaria facilmente a ruína. Abrir mão daquilo que tanto lutei para encontrar, não sabendo se hei de encontrar outro algum dia, fere o íntimo do meu coração.
Sobrevivo na esperança de que em meu mundo renasçam 7 cores trançando o caminho no céu, e que eu possa encontrar, o meu verdadeiro tesouro.
Aguardo a pergunta que me fará desabar por completo aos pés dos teus braços, com toda a vulnerabilidade que envolve meu ser. As lágrimas reprimidas, todas as emoções dilacerantes que evitei sentir sabendo que não podia, todos os olhares de insatisfação quando te vi, toda a queda do meu pedestal de ilusão. A verdade muitas vezes me foi engolida como terra seca, sem espaço para lavar a garganta, sem tolerância com a minha dor. Nem ao menos as palavras me queriam, não soavam se encaixar como fora antes, não entendiam como tudo mudou de um dia para o outro, como se ergueu um muro tão frágil capaz de precipitar em poucas horas. Agradeço ao silêncio que me pós palavras a mão, as quais nunca conseguirei falar, e que muitos não saberão decifrar, pois, o que escrevo com pesar não se encerra no caixão, se solidificar na minha lápide.
Tão pouco sabia o Sol, que a Lua precisava do seu brilho, e que sem ele não podia iluminar. Bem muito sabia a Lua, do enorme e ofuscante brilho do Sol, e usava dela para viver, sem esperar que a desse por falta.
Há tempos que meu Titanic afundou, e o oceano é fundo demais para que eu consiga tirá-lo sozinho. Quanto tempo desperdicei esperando tê-lo de volta, quanto tempo esperei que salvassem meu Titanic, quanto tempo acreditei que entenderiam que não o afundei de propósito. Agora, enfim, vejo que a cada dia, ele se enferruja mais nas profundezas do escuro, e não sei quanto tempo vai durar sem mim, ou, quanto tempo vou durar sem ele.
Te amei, mas não deveria ter amado. Te esperei amando, e amando esqueci, que não sabia amar.
Atrapalhei seu amor com minha presença, acreditei que sobre nós, havia uma sentença. Foi te amando, sem saber amar, que descobri não me entregar.
O amor é lindo aos meus olhos, a imaginação de cenas que nunca hão de acontecer, a dor da cogitação do sofrimento, a verdade que transparece à ilusão.
Se porventura agora me amardes, o que farei sem saber te amar!? Tua paciência me acompanharia? Ou de lado iria me deixar!? Sem saber amar, eu te amo, e se souberes amar, me amarás não sabendo amar, pois, é te amando que tento todo dia me lançar.
CONCHA
Sinto que o teu sorriso para comigo, difere; que o teu olhar se expande no infinito das cores, que você me instiga além do que se faz visível aos nossos olhos.
Não é nada que vemos, é algo que sentimos. Mesmo que tentemos esconder, mesmo que o mundo não saiba disso, mesmo que você ame a outro alguém.
Como poeira na imensidão desse universo, somos grãos da mesma praia. Juntos sofremos; mas quem sabe não seremos, a areia do oceano que se transformou em pérola.
Você me contou a única coisa que eu não poderia ouvir, agora me vejo guardando a sete chaves o segredo que me dói a alma. Por certo, sufocarei em minhas confusões, mas jamais contarei sem que antes você exponha ao mundo. Suponho o por que me fui ao teu encontro, por que busquei me afogar em teus olhos, por que insisto andar em círculos, se sou apenas um quadrado.
ÁGUA
Houve dias que fora líquida, outros, gasosa e alguns, sólida.
A água se adaptava a todos os ambientes, e trazia vida para todos a sua volta, mas a água sendo água não tinha sabor, a água sempre se adaptava.
A água precipitava seu choro em prol das plantas, a água nevava seus medos para que o homem admirasse a beleza, a água não percebia, mas sempre se adaptava.
Um dia a água matou alguém, e sua cor exalava o assassinato, a água pelos homens foi despejada, mas ela sempre se adaptava.
Do que adiantou ser doce e salgada, se para si mesma nunca fora nada; tudo que era, era assim pelos outros, a água não percebia, mas sempre se adaptava...
A princípio eles eram distantes, mas aos poucos, mesmo rejeitado, a flor insistia no amor do cacto.
Não demorou e ela logo se aproximou; no dia encantado por pouco não beijou, o cacto a tinha machucado, mas a flor insistia no amor do cacto.
Os espinhos com o tempo, fizeram com que a linda flor ficasse presa, e chorando de dor, a flor insistia no amor.
O tempo se passou e o cacto não aguentava mais sentir a flor, à vista disso jogou-a para longe, e a flor machucada ficou.
Era uma flor esbelta e linda, que ao desprender achou-se ferida, aos poucos voltou para casa, foi lá onde jogou suas lágrimas.
As lágrimas caiam e caiam, e a flor a si mesmo regava, com o tempo a linda flor, de novo, já brilhava.
O cacto agora queria a flor, mas sabia que muito havia machucado, o cacto insistia no amor da flor, enquanto a flor refletia seu auto-amor.