Coleção pessoal de JotaW

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[...] Multidões caminham cegamente pelas ruas, e caminhando vazias ou esvaziadas, seguem seu rumo preestabelecido pela sorte sem se importar com o seu karma. Existir é mais que isso.

[...] Não basta estar vivo. É preciso se sentir vivo todos os dias. A cada milésimo de segundo. Já pela manhã bem cedinho antes mesmo de pormos os pés no chão. Não basta estar vivo. É preciso se sentir vivo. De outra forma, seria como não existir verdadeiramente.

[...] Existir é, na verdade, estar em relação com o outro que o tira de sua zona de conforto fazendo com que você se pergunte a cada novo encontro quem é você e em que medida você existe enquanto tenta existir o outro ao relacionar-se com você.

Quem existe aí que atire a primeira pedra

Não basta estar vivo. É preciso se sentir vivo todos os dias. A cada milésimo de segundo. Já pela manhã bem cedinho antes mesmo de pormos os pés no chão. Não basta estar vivo. É preciso se sentir vivo. De outra forma, seria como não existir verdadeiramente. Multidões caminham cegamente pelas ruas, e caminhando vazias ou esvaziadas, seguem seu rumo preestabelecido pela sorte sem se importar com o seu karma. Existir é mais que isso. Existir como pessoa humana que se faz cotidianamente na relação com o outro, nas convergências e divergências próprias aos sujeitos em relação e que entendem o real significado das palavras empatia, diferença, diversidade, resiliência vai muito além disso. Talvez seja mesmo imensurável a ideia de existir. Pois não se trata de trabalhar duro, ou ganhar muito dinheiro e enriquecer e depois guardar tudo debaixo do colchão. Existir é descobrir um sentido novo de estar na vida, mesmo essa sendo tão dura as vezes, e fazer da sua realidade o lugar perfeito para se estar durante toda a sua existência. Existir é, na verdade, estar em relação com o outro que o tira de sua zona de conforto fazendo com que você se pergunte a cada novo encontro quem é você e em que medida você existe enquanto tenta existir o outro ao relacionar-se com você. A sua relação com o outro lhe confere o sentimento de existência? Você percebe-se capaz de transcender ao estar em contato com a maior inspiração de Deus? Se o outro não te faz existir e você não permite que o outro exista, então temos um dilema... Na verdade, um paradoxo. Matamos Deus e em consequência disso deixamos de existir? Ou passamos a existir somente a partir da morte de Deus na contemporaneidade?

[...] Todo mundo precisa de alguém.
Eu preciso de alguém que precisa de alguém que precisa de mim...
Mas isso não precisa ser um toma lá dá cá! Pode ser natural.
Sem ninguém ter de se machucar.
A vida é curta demais para sermos arrogantes.
Quando se vê já passou, perdemos, e ai já não adianta de nada.
Podemos sempre recomeçar, é claro, mas as lágrimas demoram a cicatrizar e recomeços podem ser um grande martírio para alguns.

[...] As madrugadas são mesmo frias e sujas e estão quase sempre vestidas de silêncios e gritos horrorosos, prontos a nos assombrar já na próxima esquina.

Livros são asas... Voe!

As bibliotecas são os QG’s da supra-inteligência, onde estrategicamente são tramadas as guerras contra a ignorância e o não conhecimento.

Minha loucura é proporcional à minha sanidade. Quanto mais enlouqueço, mais vivo me sinto. Quanto mais louco, mais lúcido.

Ao cair da própria altura, descobriu que o chão só não é mais duro, do que a falta dele.

"As palavras são sonhos à espera de asas"...

"A poesia é uma espécie de osso, uma dor que a gente transforma em alegria e feito um cão faminto, rói pelo resto de nossas vidas".

[O cão que a gente é].

[...] "É o amor compartilhado com todos sem pedir contrapartida,
aquele amor que acalma, que acolhe, que enche a barriga, afaga e escolhe,
mas não segrega nem discrimina.
É o amor cego de vó que abraça o mundo e torna as unidades dispersas um grande coletivo".

Fragmento do poema "Deus"

Sobre pessoas e livros

"Não julgue os livros (pessoas)
por suas capas (aparência)
sujas e ou rasgadas.
Abra-os (conviva)
e deixe que eles te convençam da verdade,
página por página (dia a dia)".

Máquina de moer jovens e afins


Tá! Eu me deixei levar. Mas o assédio era grande demais!
Aqui na periferia é tudo meio assim, páh!
Tá ligado? Difícil de segurar.
E sem perceber, Tum! Seu mundo cai.
Feito o mundo de tantos outros por aqui.

Aqui na quebrada é foda, ninguém goza dos direitos plenos
aqueles garantidos pela Constituição.
Os políticos quando aparecem, agem como se fizessem favor pra geral
parecem fingir que não existem problemas,
se pudessem, invisibilizariam-se. Mas não podem!
De vez em quando têm de mostrar a cara.

Aqui não tem praça, não tem quadra de futebol, não tem lazer pro jovem
não tem quase nada. Tem muita coisa; ciladas e tal.
E agora, é esse cada um por si de todos os dias
essa agonia de caminhar pelo bairro observando 360 graus
sendo observado, como se presa fosse. Aviso: - Fácil a caçada não será.

Posso garantir que haverá resistência, luta e sangue também terá.
Talvez, amanhã, até corpos encontrem pelas sarjetas. Garanto:
- Não terão pouco mais de uns verões e algumas primaveras.
Dados estatísticos de uma realidade cruel, números
que, infelizmente, incrementarão a próxima campanha de um político qualquer.

Poesia maldita!


De dia é só tapinha nas costas, sorrisinhos e tal.
Durante toda a noite desrespeita-me.
É sempre tão agressiva quando estamos só!
Quando estou só, muda de face.

Transfigura-se em disformes anagramas, anárquica,
disfarça-se de anjo (durante todo o dia).
Só pra manter a velha farsa,
a velha covardia de sempre.

Trata-me como se fosse uma (sua) vadia.
Maldita! Tomara que vire (pó) e (sia).
Tomara que se perca em sua maldade e
sem cor, versos, nem rima, padeça.

Um dia ainda te enquadro na lei, na lei da Maria da...
Poesia...Tem pena de mim, né! Maldita! Maldito.
Mal dito foi o poeta que inventou essa prisão um dia.
Maldita prisão de lápis (caneta) e papel, mal se respira.

Borracho


Com as chaves nas mãos
Entrei pela porta da frente.

Não!
Entrei pela porta da frente depois de arrombá-la com os pés.

Não!
Meti o pé na porta e ninguém entrou na frente.

Não!
Entrei na ponta dos pés
Pela porta de trás
Depois de a porta da frente não abrir de jeito nenhum.

Malditas cervejas! Malditas chaves! Malditas portas!
E maldita parede, que não para de se mover.

Assobiar


É evadir-se de dentro do peito enquanto emancipa-se da dor
e descer ao céu de pés descalços, feliz.
É também subir ao chão de nariz rijo, e de pé,
por-se arrogantemente como se nada tivesse ocorrido.
É pôr de sol de final de vida,
nos limites da tarde, no quase noite, a beira mar.
Assobiar é lamento, é sair de dentro, como se não tivesse opção.
Assobiar é saber-se sabido, e saber-se sonoro
é entender-se canário, cantante, livre.
É fugir pra longe de si, carregado pelo vento,
em pó de flor que poliniza os olhos,
e faz nascer uma plantação inteira de gotas de lágrimas.
Assobiar é cantar pra subir, e descer em seguida
pra o mais profundo íntimo de sua singularidade humana.

E se é Carnaval...
Primeiro a gente se ama,
como se não houvesse o fim.
Depois, a gente vê como fica
todo o resto.

Se é Carnaval


Os blocos estão nas ruas, meu amor...
Feito os sorrisos que acompanham as lágrimas
ou as lágrimas que acompanham os sorrisos.
Se as pessoas, felizes, sambam suas amarguras
é porque há muita felicidade em trânsito.
E se faço silêncio, é porque hoje é carnaval.
Por que, meu amor, é assim que tem de ser...
Amar com fantasia, fantasiando a perfeição.
Como se o carnaval jamais tivesse fim.
E se é carnaval,
vamos brincar até o dia amanhecer e a noite se cansar de nós.
Depois a gente vai pra casa e se ama como se não houvesse o fim.