Coleção pessoal de josegomespaes

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" Urucará, meu amor, meu porto Seguro ".

"Se proteger a mata, os animais sobrevivem, posso matar uma caça, para saciar a minha fome, eu vivo na natureza e sobrevivo dela".

"O caboclo e a canoa, nunca se separam, é um amor infinito. Quando acontece a separação, é porque a canoa fugiu"

"A floresta é meu lar, ela me dá o ar que respiro, a fonte de água para beber".

"A natureza, nos fornece tudo na vida, tudo o que precisamos para sobreviver"

Canoa Ribeirinha
(A canoa nos leva as paisagens inimagináveis, onde a natureza expõe toda a sua beleza).

Madeira de Lei
Tronco de Itaúba
Árvore sacrificada
Brocaçao, cavação
Trabalhada, lapidada

Árvore nativa
Tronco de Angelim Pedra
Desgalhar, descascar
Esculpir, golpes de Machado
Canoa fabricar

Mata virgem
Tronco de Massaranduba
Ciência milenar
Do caboclo ribeirinho
Queimar, golpes de Enchó, alinhar

Canoa Ribeirinha
Tronco de Cupiúba
Derrubado, escavado
Quilha, bancos
Acabado e calafetado

Canoa Ribeirinha
Meio de transporte
Tronco de madeira
Dos ribeirinhos e ribeirinhas
Desta Amazônia brasileira

Sem a canoa ribeirinha
O caboclo não sobrevive
Ele pesca, ele caça
Trabalha, planta e colhe seu alimento
Ele sonha e viaja

José Gomes Paes
Poeta amazonense de Urucará
Poeta da Abeppa e Alcama

A natureza nos dá o peixe
Para nos alimentar
Também nos fornece a isca
Que nos facilita pescar
Com filho de caba assado, puxo pacú
Com sapinho o Cara-açu
Com embaúba a sardinha
E com banana o Aracú

Raiz
Sou filho de Urucará
Adotado por Manaus
Cresci no Amazonas
Terra de muitos quintais
Sou caboclo urucaraense
Orgulho-me de meus ancestrais

Hoje estou em Manaus
Com Urucará no coração
Um dia, hei de voltar
A morar no meu torrão
Que não me sai da mémoria
E do fundo do coração

Quando estou em Urucará
Sinto muita emoção
É muita paz, é alegria
É Raiz, é gratidão
É viver intensamente
Uma verdadeira paixão

A ANACONDA DO SEU ZÉ PESCADOR
Autor: José Gomes Paes
Em: 10/09/2016

Na cidade de Urucará
No tempo de antigamente
Aconteceu um fato
Que apavorou muita gente
A historia da Anaconda Gigante
A maior de todas as serpentes

Seu Zé Pescador
Homem simples trabalhador
Para sustentar a família
Também era pescador
Passava a noite no lago
Pensava no seu amor

Os peixes que ele pegava
Vendia lá na beirada
Com o dinheiro apurado
Alimentava a mulher e a curuminzada
Não tinha medo de nada
Enfrentava qualquer parada

Seu Zé nem pensava
O que estava prá acontecer
La no Lago do Mazagão
A coisa ia feder
Bicho que ele nunca viu
Estava prá aparecer

Foi numa noite de luar
No meio do lago boiou
Com dois holofotes brilhantes
Que seu Antônio nem imaginou
Pensou que fosse um Barco de Pesca
E logo se inquietou

Muitos já o tinham alertado
Desse monstro destemido
Que de vez em quando aparecia
No Lago Mazagão revestido
De sua pele escamosa
Soltando muitos gemidos

Seu Zé Pescador
No igapó foi se esconder
Teve medo do monstro
Que fez a canoa tremer
Ficou a observar
O que estava pra acontecer

A Anaconda Gigante
Andava de lado pro outro
Deixando rebuliço no lago
Causando um tremendo alvoroço
E o seu Zé escondido
Ouvia o barulho estrondoso

Aquela presepada toda
Por algum tempo demorou
Quando do meio do Aningau
Mais dois holofotes brotou
De outra Anaconda Gigante
Que a outra se juntou

O seu Zé tremendo de medo
Ainda mais se escondeu
Mais de lá observava
Tudo o que aconteceu
As duas se enrolaram na água
Daí todo o lago tremeu

As duas se entrelaçaram
Em uma noite de amor
Era um barulho medonho
Gemiam sem sentir dor
Nisso levou algum tempo
Foi o que seu Zé narrou

O dia já vinha raiando
Quando uma se soltou
Uma nadou para o Aningau
A outra a cabeça mergulhou
Voltou no lago à normalidade
Onde tudo se acalmou

Os peixes voltaram pro lago
E enfim pode sua rede de pesca armar
Seu Zé ainda conseguiu
Alguns peixes pegar
E assim voltar prá casa
E muita historia prá contar

O seu Zé olhou bem
Pode enfim determinar
O tamanho daquele monstro
Tinha de vinte metros prá lá
O que jamais tinha visto
Nos lagos de Urucará

Essa Serpente Gigante
Botou pescador prá correr
Muitos já tinham visto
Nada puderam fazer
No caso do seu Zé
Com medo ficou de morrer

Depois do que passou
De um homem corajoso
O seu Zé virou
Um pescador medroso
Prometeu não voltar
Ao lago para pescar

Essa é a historia
Do seu Zé Pescador
Que viu a Anaconda
E me contou com fervor
Detalhes daquela cena
Que ele presenciou

Muitos não acreditam
Dizem que seu Zé inventou
A historia da Anaconda
Que foi ele que criou
A minha opinião é diferente
Acredito no autor.

Muitos já tiveram
A oportunidade de ver
Um animal tão medonho
Que só os olhos podem crer
O seu Zé teve a sorte
E pode nos descrever

Pelo que conversei com ele
E pelo que pude observar
O seu Zé não teria
A capacidade de inventar
Uma história tão perfeita
Que acabei de contar

FIM

O CABOCLO É RICO POR NATUREZA
Autor: José Gomes Paes

A natureza é fonte de sobrevivência de todos.
Principalmente dos caboclos como nós.
Se os rios estão limpos e protegidos
Haverá muito mais peixes
Para saciar a nossa fome e de muitos outros.
Do pobre, do rico e do caboclo.
Porque o caboclo é rico por natureza.

Se proteger a mata os animais sobrevivem.
Posso matar uma caça para saciar minha fome.
Eu vivo na natureza e sobrevivo dela.
A floresta é meu lar
Ela me dá o ar que respiro
A fonte de água prá beber

Deito na rede me embalo e viajo.
Vou além dos meus pensamentos.
Sonho estar aqui pescando.
Remando, canoa adentro do lago.
Que rio! Parece um tapete brilhante.
De águas correntes vivas e rebujantes.
A receber seu ilustre filho da natureza.

De canoa entre os igapós
As arvores me rodeiam e me cobrem.
Vejo a minha sombra a refletir na água.
Como se fosse um espelho, dádiva da natureza

Nasci aqui neste pedaço do Amazonas
Cresci comendo manga no pé
Peixe assado na beira dos igarapés
Tomando banho no rio.
Desde menino eu aprendi.
A pescar, a caçar, a nadar.

Dos conselhos que minha mãe dizia
O pé de abacate no quintal.
O jaraqui frito que ela fazia
São coisas que me fazem lembrar.
Dos amigos que aqui deixei
E dos mais velhos que sempre respeitei



Das brincadeiras de pira
Jogos de turiste
O papagaio de papel.
O campinho detrás da Igreja.
A historia de Papai Noel
Do sapato embaixo da rede
A espera do presente de natal.

Das peladas do fim de tarde.
Do banho no cedro do porto.
Lembro bem do salto das ribanceiras.
O nadar no rio de águas brancas e frias

Dos ventos de verão.
Em baixo dos bejaminzeiros.
Que encobrem o frontal da cidade.

Oh! Cidade querida que tanto amo.
Que um dia me viu nascer.
Nunca vou esquecer-me de ti.
Porque quem ama sente saudade.
E a saudade dói muito no fundo do peito

Porque não proteger a natureza?
Se ela me dá o que eu preciso para sobreviver
Porque não preservá-la?
Porque não defendê-la?
Se ela me dá tudo.
Tudo o que eu posso ter.
A alimentação,
a mata,
a água,
o ar,
a chuva,
o vento,
o sol,
a lua,
o frio,
o peixe,
a caça.
Eu sou filho da mata, sou caboclo.
Caboclo rico por natureza.
E preciso sobreviver.

FIM