Coleção pessoal de josaneph

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Escudo
De nada lhe adiantará escudos pesados
Forte mesmo ficarão seus braços ao carregá-los
Entenda quando digo que um coração não se deve proteger
Seria como segurar um pequeno pássaro com as mãos
Alegando proteção contra os predadores
E privando-lhe do vôo

Mas depois de trinta dias e trinta noites descobertas
Só mesmo sete dias de Amoxicilina, Predinisona e Koide D
Só assim mesmo…
Para fazer dormir essas mil e trezentas formiguinhas inquietas

A vida é mesmo uma roda gigante. Da minha cabine, vejo um mundo maluco, indecente, esperando a gente pra se divertir dentro dele. As portas das cabines se abrem, a gente fica girando e a vida corre. Às vezes, vejo tudo por cima e é mais bonito. Mas gosto quando minha vida passa raspando no chão e eu me levanto de novo. Aqui dentro entraram e saíram muitas paixões. Amores, dois. De varias formas eu amei, senti e vivi. E embora eu saiba que o céu que vejo é diferente do céu que as outras cabines enxergam, prefiro um milhão de vezes as minhas estrelas, os meus sóis, as tempestades e as ventanias que deixo entrar todos os dias na minha vida, a viver dependo de uma previsão de tempo.

E se ele fosse mal como eu
Teria entregado uma rosa pra mãe na sua formatura
Teria pescado com o pai de madrugada no São Francisco
E aprendido tocar violão
E ninguém iria chorar quando ele tocasse “menino da porteira”
Por ele estaria ali… o tempo todo…

Derretia na boca
Aquele doce que você me dava
Aquele fogo que você trazia
Pra botar em mim
Pra brotar em mim
Lembrei esses dias do gosto
Passei a língua no céu da boca
Coloquei o dedo entre os dentes
Mordi

Encontrando com o diretor do filme (ele ainda não tinha lido o roteiro do novo cliente):
- Jô, quer dizer que vai ter luz no dedo do menino?
- Sim.
- A luz do dedo vai acender a loja?
- Anran.
- A luz do dedo vai despertar o cachorrinho?
- É…
- E você quer gravar isso quando?
- Amanhã!
- Vamos fumar um cigarro que é melhor!

Proseando e procurando lenha
Fumando um cigarrim de páia
Um passo ali, um galho aqui
Barulho, só das folhas secas embaixo do pé
E dos periquitos que passavam

Foi se aprumando de leve
Uma noite fresca de novembro
Simbora o sol numa toada lenta
E foi chegando os amigos

Botando mais lenha no fogão
E lenha no convesê
Acende com fósfri, pra seguir tradição
Deixa o fogo pegá, menina

Deixa o vento aparpá devagarinho
E amoitá pra dentro da madeira a brasa
Que a mode só assim o fogo se faz
Não abana, se não perde a graça

Traz panela grande, azeite a áio
Mais copo pros amigos que chegaram
E o violão encostado na beirinha da porta
Pó trazê tamém que o Chico chegou pra cantar

“Ando devagar por que já tive pressa…
levo meu sorriso por que já chorei demais…”

Cheirinho bom, abraço de amigo, lamparina
Prosa boa, cantoria, vento na rede
Pingo de chuva, gole de cachaça, cafuné de flor
Pés descalços, trago bom, sorrisos

E se eu tiver que reclamá de arguma coisa
que seja por falta do que reclamá…

Passou um filme dentro daquele elevador
Um frio entre as flores e as minhas mãos
Um reflexo do que aconteceu no espelho
Uma falta de ar até a porta abrir
Levantei meu rosto, ouvi uma musica abafada
Levantei minha alma, ouvi sua voz dizendo meu nome
Entreguei as flores, me entregou seu abraço
Entreguei meus fracassos, me entregou seu coração
Sempre foi seu – disse baixinho, quase dormindo
E eu…
eu amanheci te olhando.
(Jô - Novembro 2009)

Eu não prefiro adoçante no café
É que açúcar engorda
Não é que eu não goste de acelerar
É que meu carro é um ponto zero
Não é que eu tenha rotulado “só isso que eu gosto”
É que até hoje “só isso que eu gosto” me surpreendeu mais
Não é que eu não queira ficar pra sempre
É que eu já sei de verdade que o pra sempre, sempre acaba
Não é que eu não acredite mais em ninguém
É que hoje eu acredito mais em mim
Não é que eu não queira abrir meu coração
É que ele anda desconfiado, até da própria artéria
Entenda, meu pequeno novo amor,
Não é que eu esteja muito com o pé no chão
É que eu já voei tão alto, tão alto, que até me perdi antes de cair
Então me deixa ficar aqui, quietinha, nos seus braços
E depois… ah, depois a gente inventa uma vigem de avião.
(Jô - Outubro de 2009)

Ainda compro balas que gelam e saboreio com ternura
as bocas e corpos que elas atravessam
Ainda gosto do escondido, do proibido,
do acaso, da mão que impede minha passagem
Ainda canto alto as canções que os tolos desencantam
e espero pela chuva, como se fosse planta
que não se engana com regador…

Se Nelson Rodrigues sentia-se como o menino
que via o amor pelo buraco da fechadura
Eu me sinto como aquela dona de casa
que lava a gola da camisa do marido manchada de batom
enquanto o verdureiro traz banana pra ela fazer doce
O amor ainda me fascina feito garoto safado
que esconde suas revistinhas embaixo da última gaveta

Pra falar a verdade, quando falo de amor, ainda me sinto como aquela garotinha que comprou uma bala de menta pra beijar na boca pela primeira vez, naquele cantinho escondido no recreio da escola.

Quanto mais eu convivo comigo, mas certeza eu tenho que uma hora ou outra eu me mato.

Qual o problema com os homens desse mundo? Assistam “o amor é cego” e entendam o que estou dizendo. Não que as magriiiiinhas não sejam adoráveis, mas faça um teste: convide alguma pra ir comer uma pizza. Melhor, convide alguma pra tomar uma cerveja comendo um “bilisquim”. Aliás, não tem coisa mais ridícula, diga-se de passagem, para uma boa e conservadora magriiiinha do que chegar num bar e o acompanhante dizer: “uma cerveja e um bilisquim, fáfavor?”. É separação na certa, amigo. Agora, uma gordinha não. Pra ela, tudo é festa, companheiro. Pra ela, ir embora é realmente o que você deseja: comer um lanche no motel!

De manhã
E antes que abrisse meus olhos
senti o cheiro dos seus cabelos
senti seu braço segurando meu corpo
ouvi seu coração
e sorri...

Quando se renuncia um amor, deixamos um pedaço da nossa alma sem luz. É como estar numa sala escura e desejar ler um livro…

Certicismo involuntário
Acontece quando os paradigmas toscos da sociedade começam a fazer happy hours no seu boteco cerebral, tocando musicas chatas que não fazem nem boi dormir.

E pra comemorar a chegada da primavera, vou cortar o cabelo hoje. Parece até xamanismo, mas é real, cortar o cabelo me causa efeito placebo, entende? Tipo, me sinto a Roberta Miranda cantando “Vá com Deus”. Pra mim, funciona, ué! Tem mulher que melhora quando vai as compras. Eu melhoro quando o corto o cabelo!

Eu poderia ficar agradecendo
Mas você ia dizer que isso é muito chato
E talvez por este e todos os outros motivos
Eu nunca tive tanta certeza de que meu lugar é onde você estiver…

O fato é: alguma minha mãe aprontou em outras vidas. Coisa braba. Tipo, no mínimo a cruz ela pichou ou botou fogo, urtiga na madeira, sei lá! Por que, pra merecer uma pessoa como eu de filha, é que o trem foi feio!