Coleção pessoal de JonatasDeAlbuquerque
Mira e vê, perigoso mesmo é tentar conter oque é espontâneo. Oque deveria dar medo é se privar do que não é fruto do próprio intelecto, ponderar tudo nem sempre nos leva para o melhor cenário.
Nesse teatro de cordas que é a vida, ter coragem mesmo é sentir sem pensamentos reservados.
Não me arrependo de nada que senti, tudo que fiz foi pensado no melhor que pude ser.
Se fosse para me arrepender de algo, me arrependeria de não ter sido corajoso mais cedo.
Sendo assim, transformo minha razão no palco do meu coração. Torno meu salto de coragem a mais inteligente atuação.
"Uma peça, uma paz"
Da distância logo após a travessia enxergo de uma vista panorâmica, não é Versalhes nem Jeri, mas existe uma beleza irrefutável. Observo com facilidade todos os passos que deixei para trás, consegui cumprir com meus ideais, oque me apetecia o fiz, em cada conta havia uma promessa cumprida, uma oração atendida.
Nessa cidade onde a chuva cai intermitente, percebo que o resumo da jornada fala mais sobre mim, ao que eu procurava, me encontrei onde eu não existia. A calma que me acompanhava naquele parque discreto era a única coisa minha, mas precisei ir para longe para encontra-la, longe de todo meu conforto, longe de onde eu me considerava pertencer, longe de onde julgava ser parte inerente dos meus grandes sonhos.
Agora o presente é realmente uma dádiva, uma graça não merecida, um favor me dado de bom grado. No regresso da ilha que "tinha" meu tesouro, me dei conta que a recompensa era maior do que previa, cruzar montanhas e grandes distâncias não é nada comparado a encontrar Minha importância.
De longe, hoje, me vejo melhor.
"Uma ilha, uma peça"
Vim através de vias sinuosas na metade da primavera, na metade daquele estado. Como nunca antes, estava sóbrio, estava inteiro, era eu mesmo.
Não tardei em minhas considerações, era uma nova manhã para mim, o mundo todo estava de prova, o sol me deu a sua graça e o azul do céu veio como um brinde. Como um bom visitante, pedi licença, me apresentei, e desfiz minhas malas.
Explorei, admirei, escrevi oque daquela ilha exalava, dei tudo de mim, não poderia ter espaços para arrependimentos ou falhas. Fiz de mim travessia e cumpri com minhas promessas, peça por peça dei a ela os meu versos, escritas sinceras.
Mas à mim não enxergasse, nem do topo do teu forte conseguisses me encontrar. Ilha solitária, te perdes na tua razão, olha com mais calma, tuas pontes alcançariam mais que tuas mãos...
Levo de ti meu passado, oque fui e já não tornarei a ser. Serei para sempre eu, inteiro no sentir e com a coragem de não tardar. Que a Bruma seja leve e traga mais uma pétala daquele agapanthus.
"Ilha"
Ilha, de onde tiraste tamanha força? Estás aqui do outro lado dessa ponte, não te assusta essa solidão?
Ilha, de onde vem tamanha paixão? Estás aqui e teus únicos alentos são o mar e tua razão.
Ilha, não mintas para mim, sei de tudo isso e só aumenta por ti minha admiração!
Ilha, me deixe ver teus segredos, daqui só enxergo tua contradição.
Ai de quem ousar acender a luz agora, vivo no mais profundo dos sonos, um sono desconexo de tudo que o Outro já viveu. Nesse momento a minha felicidade não é espera, ela é tempo bem gasto, sensação de trabalho bem feito, toque suave numa manhã de sábado. Perco-me pois acabei de me encontrar, não há outro sentimento além completude.
Estou onde devo estar, não me acorde agora, deixe-me sonhar.
"Minha eterna angústia"
Oque mais almejo é a plenitude de minha expressão,
Busco pelo aspecto genuíno que deveriam ter minhas palavras.
Meus sentimentos, pouco a pouco tomam minha figuração.
Ao invés de avenidas ou rodovias, busco vias locais, essas por si me remente à vida, ao sossego de uma tardezinha de domingo. Um romance em uma aventura excitante, na qual o protagonista vive a plenitude do impossível.
Ali sinto com os olhos tudo que poderia ser de mais profundo, me perco no pensar, no sonhar de uma vida a qual não tenho. Uma via local me lembra oque não sou, e por um breve momento eu sou outro.
"Meu sentimento de eventos"
E meu ser é um astro estranho, partículas minhas se desprendem e se espalham no vácuo
Oque busco afinal de contas? Ser parte do todo, medíocre por definição! Ah, sentimento nefasto.
Qual grande descoberta traria-me ao me tornar uma singularidade?
Há espaço nessa realidade para as minhas barreiras físicas quebrar, ou meus sentimentos tem finidade?
Não sinta muito por mim, deixe eu sentir,
Não posso me conter, oque eu sou transborda de mim.
Serei eternamente essa turbulência de sentimentos por isso não me contento
Sinto demasiado e isso me faz ser oque sou, eu mesmo, inteiro,
Um um cosmos em constante expansão, disperso, imerso,
Que a entropia ganhe vida, cores, e versos
Que minha Expressão transcenda para outros universos.
Estamos abaixo do mesmo céu, olhamos e vivenciamos o mesmo luar.
Espectadores das mesmas trivialidades, indiferentes a quão longe estão do nosso toque.
Igualmente se dá a distância que se criou entre nós, mas com a mudança das estações viemos a se habituar.
A tristezas tanto feriu, mas saiu impune,
Cicatrizou mas a custa de muito, não há nada que o tempo não cure.
E nesse campo imenso que só cabe o Eu,
Me reinvento, confessando que você nunca me pertenceu.
"É ela que passa"
E meu mundo, que nunca foi silencioso, tornou-se uma sinfonia,
Quando TU chegou com aquela única e peculiar melodia.
Mas pausas nas canções são necessárias,
Afinal qualquer um espera enquanto aquela Garota com um doce balanço passa.
"Pensamentos reservados"
De quando em quando tentava manter meus pensamentos reservados,
Mas que tolice, um aspirante a poeta não poderia ter esses sentimentos controlados.
Escrever era oque eu mais queria
Me expressar de maneira, que à mim não fosse negligente
Tentava sempre a meu modo fazer oque me cabia
Desse jeito talvez cessasse oque consumia minha mente.
Mas era incapaz em todos aspectos
Me faltava experiência e talvez toda uma vivência.
Em todo modo não poderia deixar de procurar
Pois a mim mesmo tinha muitas coisas à provar,
Seja de um modo não convencional, afinal, ser sensível hoje em dia é quase banal.
E escrevo isso só para mim, nem tudo que há de mais profundo minha timidez me permite demonstrar
Não é fraqueza nem orgulho, muito menos medo de reprovação, é só meu modo confuso de pensar...
Se a imensidão do universo não fosse tão explorada por grande parte dos poetas,
Se não tivesse se tornado clichê comparar brilho impossíveis de nebulosas com os olhos castanhos de alguém.
Quem sabe assim, com linhas inteligentes, expressivas e munidas de falsa modéstia.
Poderia te admitir sem qualquer medo, que como você, não existe mais ninguém.
Uma beleza irredutível e majestosa ao seu modo, ela reflete
Reflete com um brilho que não é próprio, mas com todo direito o fez seu,
Tomou daquele que muito possuía, e nos deu, assim como fez Prometeu
Agora ilumina à noite, e com uma graça singular esse ciclo sempre se repete.
Que a coragem de na escuridão "Ser" seja plena.
Fulguras tal qual como a lua, plenamente, plenilúnia.
"A arte do meu encontro"
E que contradição, poesia não deveria ser sinônimo de solidão?
Tudo o que Você é, se torna antítese perante a arte do desencontro.
Refuta com oque és, aquilo que deveria ser só consternação.
Hoje agradeço a nossa sina[?] A razão do nosso encontro.
Que no meio do turbilhão de tantos pensamentos
Eu possa parar e me ouvir nem que seja por um breve momento.
Não precisa fazer sentido agora, que a busca seja continua e não para ontem,
Só preciso seguir por aquele caminho, aquele, que meus sentimentos despontem.
Porque ter pressa?
Oque vale a pena na vida
Chega com calma dispersa.
Da próxima vez que tu chegar
Me avise com antecedência
Quero ter tempo de me apaixonar
De olhar nos teus olhos mais demorado
Só assim meu cérebro impaciente
Enxergará o quão bom é estar ao teu lado.
"Tranquilamente com pressa"
E lá fora tudo está conturbado
Pouco a pouco o mundo vem tomado rumos incertos
E aqui dentro, no que é íntimo, e com todas forças tento manter controlado,
É onde a "relatividade" toma conta dos meus versos.
Relógio trabalha mais de pressa
Quero o momento de aproveitar minha jornada
Quero ter meu tempo com ela,
Minha vida calmamente aguarda lá fora, está a minha espera...
Antes que eu me vá te deixarei mais uma música
Antes que eu me vá te escreverei mais um poema
Antes que eu me vá acharei mais um modo de te "desconcertar"
Antes que eu me vá deixarei algo para de mim você lembrar
E quando eu me for e só sobrar essas coisas pequenas
Saberá que de mim ficou Só oque valeu a pena
Do meu modo subjetivo, e talvez imprevisível.
Quando eu me for, verá que tudo que te dei foi Só o imprescindível.