Coleção pessoal de JohnnyKwergiu

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Me Faça Uma Oração
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Me faça uma oração antes de dormir, apenas peço isso a você.
Não esqueça que sou alma e preciso descansar. Me faça uma oração antes de me amar, apenas isso peço isso a você.
Não esqueça que sou pedra e preciso amolecer.
Me faça uma oração antes de voltar, apenas quero de você.
Não esqueça que sou dia e preciso escurecer.
Me faça uma oração antes de sumir, saiba que pra mim irá fazer sentido. Não esqueça que sou nuvem com vontade de chover.
Me faça uma oração como se houvesse adeus. Não esqueça que sou rio sempre querendo correr.
Me faça uma oração em silêncio por aqui. Não esqueça que por perto eu posso em ti estar.
Faça me uma oração repetindo a canção. Não esqueça de você sem levar o meu perdão.
Faça a oração em nome da minha paz. Peça pra mim um alívio, um consolo vindo de mãos pequenas.
Me faça uma oração.
Eu te faço uma oração devolvendo todo o bem que desejou.
Lembrarei quem você é e deixarei sempre comigo.
Me tenha perto quando não poder ouvir.
Feche os olhos. Abra o coração.
Sinta. Sua presença vai além de um simples toque.
Ouça-me dizendo para seguir.
Guiarei no caminho escuro todos os seus passos.
Me faça uma oração hoje antes de deitar. Não esqueça que te amo e preciso adormecer.

Já perdi amor por não ter palavras. Mas também já perdi palavras por não ter amor.

Ela não é o começo e nem o fim de tudo o que sinto.
Mesmo irritada comigo, ela me espera.
Ela sabe que sou inevitável com as
piadas sem graça.
Mesmo cansada, ela me espera até na chuva.
Por ela eu faria o impossível: tornar seus dias em calma leve.
Por mim, ela precisa ser apenas ela.
Cuidaria dela como o seu anjo a cuida todas as noites.
Guiaria seus passos sempre em direção ao melhor caminho.
Ela por mim e eu por ela.

Ficou fundo observar
os olhos temem cair
Já era visto ser assim
mas a coragem quer trair
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Pintou a parede branca
deixou negro de vergonha
As mãos foram lavadas
diz a tinta: não exponha!
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Equilibrou seu Universo
feito apenas de amor
Grita alto para que ouçam
sua dívida fingi dor
.
Silencia a morte doce
pecadora e feliz
É no corpo o desejo
uma vida sem raiz
.
Falta sal no alimento
cospe tudo para fora
Esmurra quem lhe oferece
pega o rumo e vai embora

São só palavras mastigadas. Nada ultrapassa a barreira da certeza.
Houve uma pausa na voz que enxergou alguma coisa.
Tenta assimilar as ideias deles, mas evita por ser incompreensível chegar ao significado puro da verdade. Some sem sair do lugar; precisa pensar um pouco sobre o que vai fazer quando sentirem o perfume marcar a roupa deles...

Crise No Mundo Dos Poetas
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O mundo dos poetas está passando por uma crise. Eles estão preocupados com os sentimentos que aparentam estarem sendo dizimados por alguns poetas mortos, poetas que não suportaram a dor e a saudade da distância do amor, ou que se entregaram ao que chamam de Culpa Sem Autor. Há uma mobilização por parte dos poetas que ainda resistem à atrocidade dos dias. O ouro brilhava em suas palavras como o beijo da jovem moça recém descoberta.
A Lua crescia conforme o abraço que cegava. Agora querem abandonar o pouco de amor que há em seus corações por simples medo. Muitos gritam todas as noites como se quisessem ocupar o uivo do lobo solitário da montanha. Outros se jogam ao mar esquecendo que não sabem nadarem contra fortes correntezas. O amor acaba e os poetas estão ficando loucos!
Isso é uma prova que o fim do amor é que realmente enlouquece e não o seu início.

Para Quem Escreve
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Pagamos um preço muito alto e não percebido quando escrevemos: a solidão.
Olhe para você, fala de amor e sofrimento como se fosse o único a sentir as dores do mundo.
Estamos no mesmo traço, mesma linha e mesma poesia.

Relato De Um Amor Vivido
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Eu, como todo homem, prometi para sempre amá-la da forma que merecia. Vivemos o suficiente para sempre. Nos doamos e brigamos como irmãos por bobagem.
Não tremi na hora de conhecer seus pais, nunca foi o fim do mundo passar por isso. Ela algumas vezes me esqueceu, outras me ligava em plena madrugada afirmando estar sem sono; nunca soube mentir para mim, claro que queria me ter por entre a linha telefônica!
Prometi jamais abandoná-la na ilha do esquecimento. Ela me olhava e seus olhos diziam: não consigo acreditar em cada
palavra do que disse, mas o seu amor me roubou, tanto faz o que disser!
Foi a menina dos meus sonhos, a pureza dos meus dias, o inferno da minha tristeza.
Criei com ela a esperança de um mundo melhor, um riso infinito, uma morte com vida.
Esperei nela o tempo necessário para dizer o quanto eu precisava dela ao meu lado para sobreviver.
Ela me tocava com um nervosismo único. Parecia sua primeira vez com o silêncio: lábios entrelaçando lentamente ao redor das horas.
Seus olhos cobravam do meu amor o impossível, o inalcançável; mas eu tinha que mostrar para ela que era capaz de enfrentar as feras do covil para fazê-la feliz.
Quando brigávamos, ora eu ganhava como covarde, ora ela perdia como uma dama.
Dos mil sorrisos que distribuímos pelas ruas, metade vieram depois de cada beijo. Ela era fogo, e eu adorava brincar. Foi eterno cada segundo com nossas presenças tímidas, mal intencionadas, brigadas. Poderíamos nos
matar, mas de amor seria o selamento.
Prometi e ainda cumpro: a amo a cada instante como desde quando a encontrei em uma noite sem estrelas, com luar de brilho intenso.
A culpa não foi minha, e muito menos dela.
Amamos como manda a natureza. O eterno está formado, mas em cada um dos corações.
Em cada gesto repetido.
E, como todo homem, prometi!

Escreva uma carta de amor para mim. Peça o meu endereço. Me dê o seu telefone para ligar nas noites frias. Me deseje sorte. Me peça para ficar. Me ame um pouco mais enquanto meus olhos lentamente se entregam ao sono.
Não esqueça de escrever

Dois momentos para inspiração: o início de um relacionamento, e o fim do mesmo.

É fome e sede sendo vitimadas.
O trigo em semente, uma nova correção. Criam-se amores.

Fico afastado, observando. Sei que dos olhos brotam mistérios, mas nunca discuto com o duvidoso prazer de ser quem se é.
As horas correm em silêncio pelo parque. Está quente.
O medos traçam ideias mal solucionadas, como seus belos dedos perdidos em minhas mãos.

De Todos
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Amei pela primeira vez quando ela passou por mim. Seu perfume me invadiu, me roubou toda atenção que eu não tinha. Fiquei olhando cada detalhe seu: suas roupas, seu andar, seu modo de agir. Ela ferozmente abraçava suas amigas sempre com um sorriso penetrante nos lábios pintados de rosa. Ora bela como donzela, ora uma fera por ser a última a saber. Assim, comecei amá-la sem muita explicação, sem muita espera para a certeza. O mundo caiu, e meus pés não sentiam a firmeza do solo; estavam afundando num medo único.
Era a primeira vez que pude entender o amor. Era preciso se sentir sem chão e estar num medo inexplicável para a minha própria ciência. Foi necessário eu cometer pequenos erros para compreender o desespero de saber que eu não era o único a gostar das suas roupas, do seu andar, do seu modo de agir. Era preciso eu me surpreender com ela para poder voar sem sair do chão. Ela caiu em meu olhar e agora seria preciso lutar contra a concorrência que esmagava minhas expectaticas.
Eu amava e me sentia ser o exclusivo das ações, que ilusão meu Deus!
A cada passo dela em minha direção me era um portal sendo aberto para o futuro: nesse portal eu via minha vida inteira com ela ao meu lado.
Amei pela primeira vez sem querer uma segunda chance para me consertar. Fui quebrado, e não haviam mais peças originais no mercado. Tarde demais!
Ela era talvez a única saída para a minha felicidade voltar a sorrir de verdade pelas ruas. Eu a perseguia pelos corredores e becos escuros. A procurava em esquinas que mal eu sabia que existiam na cidade. Nunca pude encontrá-la para dizer o quanto eu a amava. Ela sabia esconder uma lágrima e um sorriso, diferente de mim, que corria por todos os cantos atrás de notícias.

Se fosse um torpedo, guardaria na gaveta do armário. Pegaria de novo apenas para ressentir o prazer da leitura.

Insinuação
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Apenas me abraça e esqueça do mundo. Cala a boca e fingi que ninguém nos vê. Cala o teu pensamento e senti minha mão tocar teu ombro, senti ela descer até a tua coluna. Se arrepie assim como estou tremendo por dentro por estar sentindo o seu tremor que não é de frio. Me beija lentamente, me provoque com mordidas macias nos lábios. Me cale também. Deixe que as pessoas nos vejam espantadas com o nosso pudor. Deixe que sejamos presos por estar amando um ao outro. Vamos calar a voz do mundo com o nosso amor.
Me deixe dominar teus braços, os colocando em minhas costelas, aperte forte. Faça-me dar um rápido sorriso desejado. Me deixe querendo mais. Me beije com um beijo demorado, não marque o tempo para terminá-lo. Deixe que alguém grite para nós pararmos com o ato prazeroso.
Deixe eu te beijar da minha forma. Não dominarei, e sim compartilharei meu prazer próprio. Me abrace, porque isso é a única marca que você deixará em mim quando eu voltar pra casa. Será a lembrança mais duradoura da minha tarde quando eu estiver sentado vendo o sol se despedindo de mim. Minha Pequena, me deixe estar em ti.

O Natural
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A morte é um defeito. Mas se deixar de lado a estética que ela possui, até existe uma qualidade.
Sua função desagradável de sempre levar os bons e melhores, mutila uma parte do corpo dos que ainda não a tem no íntimo.
A morte apenas executa seu trabalho sem ganho algum. Ela precisa levar, precisa deixar um vazio, uma ausência em silêncio nos fracos corações. O choro precisa cair para marcar o solo. O dia precisa ficar cinza, mesmo que seja verão, com um céu azul e sol forte. O clima precisa esfriar repentinamente. As pessoas precisam ficarem em silêncio e concentradas em suas memórias que criaram lembranças sorridentes com quem ainda continua aqui, só que na invisibilidade de nossas percepções. A morte é a última das chuvas de inverno. A última a ser convidada para entrar em nossas casas. A última a jamais receber uma carta de amor. Ela está sempre nas sombras das folhas das árvores que refletem com o sol. Ela caminha e corre sempre em direção aos escolhidos.
Ela nunca falha. Se você pensar que um dia ela falhou com alguém, lembre-se: foi aviso! Da próxima, se não houver cuidado, ela leva de vez!
Dificilmente as pessoas encararão como uma piada o ato de morrer. Não é engraçado ficar num ponto preto de ausência. Seremos sempre. Eternamente morreremos, gloriosamente ou tragicamente. Seremos sempre.
Continuaremos na insistência de ficar aqui sabendo que temos que voltar. Seremos sempre. Uma etapa da vida que está na posição correta. Seremos sempre. Possuimos nossas horas, minutos e segundos para aprender o máximo possível e dizer adeus, até logo, em outra vida.
Seremos sempre vidas voltando para amar, chorar, dançar.
Seremos sempre almas que aceitarão ou não a morte como um processo natural. Seremos sempre espíritos que voltam e se vão para contar a novidade aos que lá em cima estão. A morte não é fim nem começo. A morte é uma alegria em fase de descoberta.

Tenho inspiração suficiente para escrever um livro falando de um amor que nunca senti.

Estou sozinho com alguém.

Sobre Mim E Outras Coisas
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Então ouvi meu nome sendo gritado por uma voz macia no meio da rua. Quis vir correndo em minha direção, mas pedi que parasse, que deixasse eu ir caminhando até a sua presença.
Gritou o meu nome errado. Na verdade nem era o meu de nascença; mas todos me percebiam com tal palavra de seis letras. Perguntei por que ela estava tão afoita por distante me perceber, ela respondeu numa felicidade quase que me derrubando com o seu abraço porque era a única oportunidade de me ver e poder trocar algumas ideias. Então a voz macia repetiu o meu nome sem saber de quem realmente sou, sem procurar saber minha verdadeira identificação. Minha alma tão pouco sabe o que é abraço, mas o da voz macia foi completo, sem medo; fazia apenas alguns segundos que nos conhecíamos corporalmente e espiritualmente, o suficiente para não temer nenhum risco, nenhum mal. Raridade isso acontecer entre dois seres recém apresentados. Me senti protegido e também protetor. O olhar da voz macia possuía uma inocência, o que não passava apenas um bem, mas aquela clareza no céu de que tudo poderia dar certo com a gente.
Por um momento quase perdi minhas palavras. Na real eu nem as tinha em meus bolsos, porque eu não imaginava que na rua vazia, em pleno fim de semana, haveria uma voz macia com olhar inocente gritando o meu nome errado. Soltei-me do abraço convidativo para a eternidade, ela pergunta por que pareço estar meio sem jeito com sua presença. Respondo que poderíamos caminhar um pouco, daí sim responderia todas as suas perguntas mais concentradamente. Caminhar sempre me fez observar a rota, e criar laços com ela.
--- Não estou meio sem jeito, somente não pensaria em me deparar sua presença logo nesse domingo vazio - respondi
A voz macia sorriu e seguiu junto comigo para qualquer lugar, ela sempre soube que eu saía sem rumo pela cidade.

Há negros que nascem com alma branca, e também há brancos que nascem com alma negra.