Coleção pessoal de joaquimcesario

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⁠Há algo de similar entre vampiros e poetas. Enquanto os vampiros sugam o sangue que corre nas carnes vivas, os poetas sugam versos que pulsam no sangue da vida

⁠Quanto mais distante o passado se encontra do calendário, mais ele se encontra bem próximo da superfície da memória presente

⁠Os relógios dizem as horas,
mas os relógios não dizem
o que as horas são

⁠Se soubesse antes
que meu ontem hoje ia acabar
transformaria ele em memória
e me lembraria agora o que comi
no café da manhã
no almoço e no jantar

⁠Tenho mais lembranças do meu passado do que de ontem.
Talvez o ontem esteja perto demais para ser lembrado.

⁠Se amanhã um dia você voltar e quiser me encontrar, volte para o ontem, pois no hoje já não estou mais no mesmo lugar.

⁠Em fotografia de aniversário o ausente é o mais visto e o mais lembrado

⁠Se hoje passei pela tarde
foi porque ela estava lá

Se depois de amanhã não morrer
foi porque eu não estava lá

⁠Não faço poesia para ser lembrado.
Faço versos para que a vida não se esqueça de mim.

⁠Tudo na vida um dia sempre acaba.
E quando não acaba, foi porque a vida acabou.

⁠Do dilúvio onde se afoga o tempo
salvei o trigésimo minuto
da décima-primeira hora
do dia que já não me lembro

O calendário da memória
não é feito de algarismos ou datas
mas de machucados, feridas
e instantes arrebatados

⁠Deus escreve em aramaico para inglês ler em português, pensando em alemão, traduzindo em javanês e ouvindo em chinês

⁠Não há nada mais verdadeiro que a verdade colocada de cabeça pra baixo

⁠Vou deixar o agora de lado
ir para o amanhã do hoje
me encontrar com o ontem
e me banquetear junto
com meu menino
meu moço
e meu impartível velho rapaz

⁠Se Deus me der um minuto a mais, eu terei, então, a eternidade

⁠Quando aqui cheguei
as crianças eram crianças
os adultos já eram adultos
os velhos eram sempre velhos
e o mundo estava pronto
concluído e imutável para se viver

Quando daqui me for
as crianças cresceram
os adultos são outros
todos os velhos morreram
o mundo havia tanto mudado
e eu não sou mais o mesmo

⁠No anteontem do retrato,
no sofá estou sentado com dois amigos.
No ontem do retrato,
no sofá estou sentando com um amigo.
No hoje do retrato,
no sofá estou sozinho.
No amanhã do retrato,
o sofá está vazio

⁠Nunca me medi em centímetros ou metros.
Nunca me pesei em quilos ou gramas.
Mas meu pequeno
tem a leveza do tamanho de uma infância

⁠A cada velório que vou eu me enterro aos pousos

⁠Quando eu sumir e a vida continuar, vou sentir saudades de lembrar de mim