Coleção pessoal de joao_batista_do_lago
DÉCIMO QUARTO HEXÁSTICO
o discurso e a modernitude
túnicas de líquidas almas
escarros de um mesmo beijo
adubam todas mentes dóceis
sombras eternas do humano
presas na tumba do decano
DÉCIMO TERCEIRO HEXÁSTICO
não bastais com incompetência
até quando há de sangrar
a miserável paciência
manada rum’ao precipício
metadestino imanente
glória do rei concupiscente
DÉCIMO SEGUNDO HEXÁSTICO
Onde some o ser humano
resta tão-somente o homem
prisioneiro do si mesmo
fluídico e sem forma própria
agrilhoado à sua caverna
é sombra sem a luz do dia
DÉCIMO PRIMEIRO HEXÁSTICO
a dor me cobre a ossatura
invade a carne de tod’alma
s’instala na tumba da carne
alimentando pensamentos
desconstruind’identidades
valores morais sedentários
DÉCIMO HEXÁSTICO
desejo é toda potência
motor de toda existência
valor supremo dessa vida
intrínseco da natureza
convenções jamais o impedem
sagrado faz-se eterno verbo
NONO HEXÁSTICO
brisa cálida… envolvente
afasta de mim esse cálice
nunca mais o beberei
jamais quero a embriaguez
soberbia e sucesso vãos
póstumo caminho eterno
OITAVO HEXÁSTICO
poetas líquidos não enformam
voláteis são vãs plantações
semeadas em campos estéreis
espigas de milhos sem grãos
debulhadas não dar para o pão
não mata a fome de inférteis
SÉTIMO HEXÁSTICO
líquidos eruditos vãos
velhos discursos si produzem
ágoras de sós volatizam
logos e verbos pós-modernos
etéreos assim conduzem
infernos campos niilistas
SEXTO HEXÁSTICO
eis-me aqui sujeito póstumo
zumbi de deambulações
aedo de poemas tortos
catando esmos corações
ditirâmbico sem o báquico
hino para minhas orgias
QUINTO EXÁSTICO
não revela à toa o teu segredo
guarda-o no baú da tua razão
melhor não saberem dos medos
assim não te imporão degredos
falsos demônios anjos são
todos parados nos umbrais
QUARTO HEXÁSTICO
esquece a glória prometida
vaidade é tesouro pobre
resiste só ao instante fátuo
sucesso luta nobre é
revela assim sabedoria
sagrando a alma da poesia
TERCEIRO HEXÁSTICO
vida de infinda busca eterna
venturosa… enigmática… é
fio de navalha… é mágica
nada quer do morto passado
nada espera do futuro
dela sabe-se só o presente
SEGUNDO HEXÁSTICO
onde está o pão da vida?
— no sacrário do si mesmo
tu somente és único verbo
hóstia que se dá de si
e sendo da cruz do madeiro
o único cristo a resistir
PRIMEIRO HEXÁSTICO
De João Batista do Lago
na república dos canalhas
Homero não se faria ser
não sentiria qualquer prazer
mudo graçaria pela hélade
feito poema sem virtude
carente da felicidade
PENSAMENTOS HÍBRIDOS
De João Batista do Lago
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A democracia, quando luta de todos,
é expressão do absoluto político;
mas, quando luta de partidos,
é absoluta expressão da miséria humana
(João Batista do Lago)
Não preciso da tutela de quaisquer heróis da mundidade do mundo;
meu herói é poema,
nele está toda verdade
(João Batista do Lago)
Toda Alma sem Espírito é zumbi
na seara das cidades sem alma;
sem espírito
(João Batista do Lago)
Eleição é rota para união de todos;
o eleito terá que ter todos em-si
(João Batista do Lago)
Imiscuir-se em Política não é intromissão;
é missão do cidadão consciente
que busca a verdade “sui”
(João Batista do Lago)
Necessário nascer-se a cada morte inconsciente:
morra-se diariamente;
nasça todos os dias
– a morte nada mais é que o nascer-se consciente.
(João Batista do Lago)
Sê dono da tua vontade;
ela é toda verdade que nasce em ti.
Mas se tiveres dúvidas, para.
Não continues para que não te enganes com falsos caminhos.
A verdade é labirinto:
nela há muitas trilhas e passagens,
mas deves procurar a ponte para a saída,
que é única
(João Batista do Lago)
Vês aquela Igreja…
aquela escola…
aquele palacete!
Onde se encontram os seus construtores?
Onde eles habitam agora?
Por ventura conheces algum?
Te ocorreu procurar por eles?
Então não o tomes por ignorantes;
tampouco o incomodes com a tua ignorância…
(João Batista do Lago)