Coleção pessoal de joanaoviedo
CORAÇÃO
Coração, por que te sangras
Ao ouvir um grito na madrugada?
Pode ser algo misterioso, ou também
pode não ser nada.
Os perigos da noite têm seus açoites.
E enfim, espera que chegue a madrugada
Para só então saber, não houve nada.
Foi apenas uma estrela que brilhou
Ou talvez tenha se espatifado,
São pedaços que juntou ou que tenha separado.
Com nossos pesares
Com nosso pensares
E principalmente com nossos risos
Havemos de encontrar o caminho
ao nosso paraíso
Interior.
LÁBIOS BENDITOS
Em teus olhos anoitecidos
De tantas auroras!
Em meu corpo amanhecido
De tanto te amar...
Esse corpo em delírio
Onde soprou-me os beijos
Benditos, os lábios teus .
Rompeu a aurora divina
Que tua mão, à noite fez-me adormecer.
E assim menina, sem me conter
Peguei todas as rosas do jardim
E soprei para ti
O que para mim eram teus beijos:
Meu mais secreto desejo.
De tanta paixão te devolvi.
Abandona, sereno, o teu barco
Declina-te para a terra;
joga teus remos às águas!
Esses remos cobertos de mágoas.
Deixa que passe a noite!
Não se atreve perder-te
em busca de vãs estrelas.
Se não houvessem divergências de opiniões, não necessitaria de eleições e outras liberdades. E viva as divergências e a liberdade de expressão e a Democracia.
INVERNO ATEMPORAL
A aurora veio com os versos do poeta
Trazidos pelo frio invernal
E tudo era festa, porque o ventos
Batiam nos vestidos das meninas nas ruas
E então nas noites, pareciam nuas
Apesar de seus trajes de festas.
Nada é como antigamente
A aurora chega fremente
Com gosto de noites mal dormidas
A face um tanto amanhecida
De quem a esperou para olhar
Pela janela e ver no varal
Os vestidos da menina
Que não dançam mais pelas ruas.
Cansou-se, desbotou-se no inverno atemporal!
Tentar causar admiração no outro
é sentir-se como se apenas puxasse
um trem sobre os trilhos
sem ao menos move-lo,
mais sensato seria amar a lua,
descansar sobre a relva
ou cavar a terra em busca
do diamante mais raro,
pois o amor é muito simples,
apenas é, não dói,
não transcende
suas próprias limitações.
AS MÁSCARAS DOS LOUCOS
Só os loucos esquecem suas máscaras
Quando vão sair.
Só os loucos!
Porque há muito se despiram delas,
preferindo enlouquecer em paz.
Despindo-se das máscaras do tédio,
Das pessoas “normais”;
As máscaras do “riso” que têm que representar.
Só os loucos ignoram tais máscaras...
Porque é melhor sentir a brisa na epiderme das faces
E olhar frente a frente no seu espelho...
“Espelho mágico”, espelho insano!
Onde o “outro” se pode verdadeiramente enxergar,
Reconhecer a fragilidade da essência que habita-lhe o corpo;
Mas tocá-la com o olhar, o que há de mais belo, sem disfarçar.
Só os loucos esquecem suas máscaras...
Bem no começo da estrada...
E nos ventos, em vez de poeira... as máscaras dos louc...
Junho de 2013
DE QUE SERVEM AS CONSTELAÇÕES?
Não te posso dar um nome, amor.
Nem uma flor posso oferecer
Andas nas constelações de Quasar
E eu, busco uma única estrela: teus olhos.
De que serve milhares de estrelas,
e mesmoaA Órion,
se custas anos luzes para tê-las?
E o nosso tempo é por deveras, breve.
Não se atreve, podes perdê-las
Sem nunca, nunca tê-las.
Não tenho um nome para te dar,
oh navegador da infinitude!
Das constelações, do meu amor
E da minha dor!
Abandona, sereno, o teu barco
Declina-te para a terra;
joga teus remos às águas!
Esses remos cobertos de mágoas.
Deixa que passe a noite!
Não se atreve perder-te
em busca de vãs estrelas.
REFLEXO PERPLEXO
Eu sou o amor que não te esquece
Porém longe da nossa mesa,
da nossa messe.
Tu contemplarás teu retrato
no prateado das baixelas
E então comerás o pão...
não mais feito pelas minhas mãos
E o gosto, tão de longe, te lembrar-me-ás.
Hás de sorrir e dizer meu nome.
Esse que traz o seu sobrenome.
E de tempos felizes, em que os matizes
de nossas roupas,bem poucas,
parecia o campo, parecia o mar.
E um tempo passou veloz
Levou tantas coisas
Inclusive nós!
De nós mesmos nos roubou.
E olhando à mesa seu reflexo...
Perplexo, voltas com desgosto
Na fotografia modificada de seu rosto.
PEQUEI
Pequei contra ti
E como tenho pecado!
Devo pagar.
Serei condenado
Pequei por amor
Sou desgraçado
Mas já tenho a pena
A triste saudade.
Viver por viver
É também um morrer
É sentença de morte
É um viver sem norte
Essa é a pena
Por tanto querer.
E preso à alma
Que nunca se acalma
Não há quem liberte
E vivo perece.
Hei de morrer
Sem ouvir sua voz
Sem ter sua prece,
Meu amor, meu algoz!
FOME DE TI
Não era a lua
E nem a chuva
Que deslumbrava-me
o corpo nu.
Eras tu, oh meu amor
Que caminhavas
Por sobre a dor
Da pobre alma
Que te pedia
Um pedaço de pão
Naquele dia.
E aquela fome
Ainda me consome.
Você partiu!
E eu ainda sinto fome
Fome do afago das tuas mãos
Todos os dias temos motivos a mais para recomeçar, além dos motivos passados que ainda não reconsideramos, bem como os presentes e futuros que se tornarão imprescindíveis à existência
E a noite se aproxima como um véu negro para cobrir o dia. Mas há uma mão para acender as estrelas. Logo, logo, toda abóboda se encherá de luz para iluminar sua noite e seus sonhos. Eu acendi uma estrela para vcs, com meu desejo de que tenham Iluminados sonhos, mas o dedo de Deus acenderá zilhões de luzes para nós
IGUAIS ÀS BORBOLETAS
Nada melhor que sermos
iguais às borboletas,
é sermos os casulos,
de onde nascerão a juventude
das borboletas velhas
a cumprirem o seu cículo.
Quando se cansar de voar,
poder adormecer e sonhar,
e, adormecendo poder sonhar
que em breve voltará a dar
vôos rasantes.