Coleção pessoal de joanaoviedo

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ATO FALHO

Por mais que você me esqueça
Um dia seu inconsciente
Chamará por mim.

És meu infinito
És o grito de amor
Na noite de saudade e dor

Tudo pertence ao infinito:
O amor e também a dor.
Mas se o amor vai embora
A dor chora, mas tem que ficar.

SENSATEZ

Não é sensato prender-te na alma,
Nem nos meus sonhos ou pensamentos,
Se não queres mais estar comigo,
Se não desejas mais estar em mim.

Ela tinha muitos sonhos, mas a realidade a despertou.

BIPOLARIDADE

A casa do artista é seu recôndito secreto, onde busca sua arte nos porões e também no alto da infinitude. É um subir, e um constante descer.

Não pare...
Não pare a música da vida!
Se possível dance!
Deixe-a tocar assim:
displicentemente, fluente...
Deixe-a até o fim.
E se possível cante.

(Joana de Oviedo- Direitos reservados)

Hoje sou uma lagarta, amanhã poderei estar voando no seu jardim.

PORQUE TE AMO

Ama-se pelo cheiro das maçãs
Descobertas nas manhãs de outono
No gosto das mãos nos pomos...
Ama-se quando não há mais o que amar
Quando não há mais mar.
Ama-se pelas mãos dadas
Por uma esperança de voos de fadas.

__Amo-te sem mesmo ter um porquê.

Não ficarás comigo? Sem problemas!
Ninguém toca pensamentos,
nem mesmo quem esteja aprisionado lá.

Mãezinha

Eu tenho uma flor. E todas as noite olho para o céu no intuito de vê-la, e assim vejo uma brilhante estrela, e quando o dia amanhece, olho novamente para o céu e vejo uma branca nuvem, passando, passando... À noite ela se transformará em estrela novamente.

O TEMPO

O tempo se molda na luz
E sob a luz.
Não há como verificar o tempo
No estado escuro para os olhos,
A não ser no dormir ou quando não conscientizamos
Da existência das coisas, pois
o tempo nada mais é que as coisas
Existentes naquele momento
E em outros momentos.
E as lembranças é algo que olhamos
Na repetição do tempo - nas coisas que se repetem
Porque nada é único.
Um bebê existiu com sua mãe e cresceu e sua mãe envelheceu
mas cresceram outras mulheres e nasceram outros bebês...
Então aprendemos a fazer o relógio inexorável das coisas
já existentes e que se repetem.
O tempo é o casulo e a borboleta;
ou a borboleta e o casulo.

Joana de Oviedo – Direitos reservados

BORBOLETANDO

O tempo é o casulo e a borboleta;
ou a borboleta e o casulo.
Joana de Oviedo.

COMPLEXO DE INFERIORIDADE

Nunca se sentiam suficientes um ao outro.
Mas não se abandonavam a si mesmos.
Talvez porque ninguém os desejasse.

Suas histórias preferidas
eram as de quadrinhos infantis,
mas nessa altura da vida
Não se cabia em nenhuma delas.

Não sei bem explicar o que me atraia
para aquele ser tão insignificante,
Talvez nossa insanidade fossem irmãs gêmeas...

Quando eram jovens e apaixonados,
contavam seus segredos um ao outro.
Mas quando envelheceram sem ter podido
fazerem-se felizes, viram seus segredos
degladiando-se diante dos seus olhos
e de seus cansaços.

SÍNDROME NARCÍSICA

Em um mundo onde ninguém é de ninguém, ela era só dela: vendia seu corpo a muitos, e depois de receber ia embora levando-se a sim mesma, perpetrando o delito de apropriação indébita.

Passarinho, passarinho!

Quando a flor de agosto murchar em setembro
E apenas o lírio vermelho-fosco, permanecer
Na fugaz noite de seu delírio...
Quando uma nota se fechar no piano louco
E nossa música não mais se ouvir.
Quando a chuva dos olhos secar
E ficar apenas a retina, de tanto chorar.
Olharei para setembro com sonhos de desgosto
porque tudo dali partiu.

Hei de chamar um passarinho
E dizer o quanto o amei,
e que todas as minhas flores
Para ele eu deixei.

__Passarinho! Passarinho!

TEU SILÊNCIO

Amo teu silencio de frutas frescas
Assim amo teus lábios roxos das vinhas.
As tuas mãos de luvas bordadas e finas
Amo-as tão pequenas, quase de menina!

Teu silêncio... Esse de paz sepulcral.
Teus lábios, um mel que me alucina
Tuas mãos de luvas bordadas e finas
Em minha pele tu as faz tão divinal!

E então, pobre de mim que sonhei
Pela vida a fora desenhei-te
Para sempre tê-las agora...

Mãos de fadas encantadas, tão pequenas!
Suaves, feito luvas finas, bordadas
Alvas... Ainda sinto o cheiro das açucenas!

Joana de Oviedo