Coleção pessoal de joanaoviedo

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MEDIOCRIDADE

O ser humano DEFENDE A VERDADE
QUANDO LHE É CONVENIENTE,
assim também a mentira.
Cada uma ao seu estado romântico.

⁠Mesmo quando sentir que vai cair, o faça com elegância,
e sera apenas como vc estivesse apenas se levantando.

⁠A tristeza é como estar desabrigado no inverno
e não poder contemplar cor nenhuma,
nem um brilho de estrelas.

⁠A única coisa que tenho verdadeiramente é o meu "EU",
e ainda não tenho certeza.

BOBAGEM

O tempo vai passando e nos conscientizamos
de que nada é tão importante e tudo não passa de ilusão.
As coisas vão perdendo o seu gosto pueril...
vai deixando de ser importante e necessária...
Deixando de ter aquele gosto de coisas refinadas,
e, de que tudo vai se transformando em mera bobagem.

QUIMERA

Nascem as flores nas floreiras
Cheiram os pés de laranjeiras
Breve é a primavera
e da vida a alegria é apenas quimera
Pois logo desce o triste inverno
Na imensidão do frio que à noite tece.

Assim também é o nascer:
As floreiras são o berço que nos acolhe;
E a estação das flores, a juventude.
Enfim tudo é solicitude, é um morrer
Que se faz no úmido frio sepulcral.

Pessoas são como árvores...
Crescem, se tornam frondosas
e tombam-se às tempestades
depois de várias, talvez à menor.

TATUAGEM

Tatuei-te na retina
Assim como o viajante
Busca seu horizonte mais bonito
Que ele acredita estar sempre depois da montanha.
Assim como o marinheiro em seus sonhos no convés.

POR TI

Por ti eu vivo doidamente
Por entre as vielas e becos da vida
Busco guarida em qualquer sorriso
Que a mim parece seu gosto fremente.

Envolvi a alma de antigas auroras
E nas calmarias da noite quando a vida chora.
Abro a janela em busca de uma sombra.
E de manhã vou em busca de suas passadas nas alfombras.

Nada há, portanto, só na memória.
As penas de te ver saindo a toda hora
É como visões de um pesadelo que se repete.

E choro minhas ilusões perdidas, com que
Sua lembrança tece... Eu também vou indo.
Espere-me! Também estou eu partindo.

JOANA DE OVIEDO - Direitos Reservados
do livro Caminhos na face.

Amanhecer

Gostaria de algo dizer
Que te fizesse o dia amanhecer.
Não um simples bom dia
Do que nunca foi dito,
Mas toda euforia
do que nunca ouviste.
Mas que te fizesse o dia amanhecer,
Diferente, bonito!

E que não apagasse a palavra perdão
Para que nenhuma das outras palavras
Tornassem vazias, em vão.

DESERTO

Faz-se desertos nos lençóis azuis de cetim
E desertificam em mim teu corpo, tua voz e os teus sins.
E enlouqueço no meu cais em busca de um navio que
Me leve ao tempo em que estivestes lá.

Assim é esse meu amor

Esse amor que é meu
E me alimenta de versos, anelos e ternura
Esse... que um dia saí a procura-lo,
A chama-lo de alma minha...
Há eternidades já habitava-me em sonhos a sua voz macia
E um sorriso terno...
Suas mãos pequenas de pérolas!

Assim seria esse meu amor!
Os negros olhos a mirar os meus!
Esse amor! Seria todo meu paraíso!
E ele me amaria por tudo e também por nada.
Talvez até pelos meus olhos arroxeados...
Olhos feito flor de violetas:
Rara flor no seu jardim!
Assim é esse meu amor.
Eu o amaria por tudo e também por nada.

DIÁLOGO

Eu falo com vc que fala comigo... Falo com quem nem fala comigo ou me vê. Vou indo... Vendo vcs... A todos um pouquinho! Por um ponto, ou um emogi.
Amo-os, amo sozinha, mas amo e nem é preciso que me ames, e nem que queira meu amor. Amo-os infinitamente por vcs o meu próprio amor. Iguais as borboletas que não se conhecem mas voam em bando e se cumprimento em cada vôo, uma a uma.

Chegaste
Em dia festivo.

Partiste
As lágrimas
sobre meu rosto,
Tal qual espelho
quebrado
Na pele
rasgada
Sangrando.
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ESSÊNCIA MALDITA

Provei tua essência, Oh, alma dos meus delírios!
E pela estrada, suspirei fundo a minha dor...
Sem saber se era um caso de amor, ou a breve vida
Dos lírios que fenecem da noite ao dia amanhecer.

Então, em que crer? Se só uma ilusão vivi
Se das tuas mãos só o olor recebi!
Como troféu senti na carne os ventos batendo,
apressados a levar o tempo!

Provei tua maldita essência, oh, alma dos meus delírios!
E morri como os lírios noturnos... taciturnos!

Joana de Oviedo
do livro Pérolas Telúricas

Arco-íris

E quando as gotículas do orvalho caem nas folhas,
ao por do sol, pintam-nas de arco-iris.
O arco-íris é o reflexo de tudo.
Todas as cores estão nele,
mas reluz de acordo com as cores
do olhar que as traduz.

O meu amor é louco!
Louco por você

UM DIA...

Amarás as coisas que amei...
as coisas mais simples e que não gostava.
Quererás encontrar dentre os guardados, meus rabiscos
de poesias que dizia não entender.

Procurarás no quarto de despejo o vestido roto
e pendurarás no cabide ao lado de sua camisa...
mas será só um vestido.

Dentre meus discos... não acharás a minha música (nunca foi a nossa).

Eu sei que por entre as trilhas que passei
seus pés tentarão adivinhar onde marquei minhas pegadas,
mas os ventos se assopraram e as apagaram.

quando vires uma mulher de olhar triste a vagar
olharás tão forte para ela e tentará me reconhecer nesses olhos.
Não. não! Eu não estarei naquele olhar sofrido.

Tentarás adivinhar e amar as coisas que eu amei.
Mas será noite , e a noite terá apagado toda minha imagem
e os caminhos por onde passei.

Amarás as coisas que eu amei, mas amarás em vão
porque por certo estarei dormindo e nada mais amarei eu.

Subir... descer...
ficar no meio
(achar o equilíbrio),
mas também perder o equilíbrio.
Eis a roda viva... A vida.

UM POEMA COMO MEDALHA

Era um menino pobre, pequenino.
Não sei se teve pipa de papel azul,
Nem barquinho na enxurrada.
Não sei se viu papai-noel na chaminé,
Ou se alguém lhe contou estórias encantadas.
Era um menino...
Que cresceu e cresceu...
Contou-me estórias e se vestiu de papai-noel
por tanto tempo na minha memória.
As estórias que ele me contou, eu não sei quem lhe ensinou.
Esse menino tão pequenino!
Cresceu e cresceu...
Hoje, herói de tantas batalhas!
Porém, sem medalhas.