Coleção pessoal de jeffer

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BUDA E O LADRÃO

Buda e alguns discípulos descansavam sob a sombra de uma figueira a beira de uma estrada, quando alguns moradores de uma vila próxima se aproximaram em alvoroço. O grupo seguia aos brados dois homens com vestes oficiais, que traziam um terceiro entre eles. Ao se aproximarem do mestre, jogaram o homem aos seus pés. Um dos oficiais, talvez o de hierarquia maior, falou:

- Ó Sâmana, este homem é um ladrão e estas são as suas vítimas. Eu, como soldado, tenho a obrigação de puni-lo conforme as leis do país. Mas o ladrão insiste em declarar que é pobre e rouba para alimentar a sua família. Estando tu, grande mestre, em nossa região e sendo o sábio dos sábios, gostaria de ouvir que sentença daria a tal homem. Eu pretendo fazer conforme o que tu disseres.

Buda levantou calmamente os olhos para o ladrão, depois para os oficiais e por fim mirou a multidão. O seu semblante era tão sereno que seria impossível saber se ele se incomodava ou apreciava aquela situação. Com uma voz educada, mas firme, respondeu:

- Eu lhe darei o julgamento se tu responderes a duas perguntas: a primeira, o que deves ser considerado superior, o homem ou a lei? Se disseres o homem, então porque ele deve se curvar e obedecer à lei? Mas se disseres a lei, então porque ela não existiria sem o homem?

O oficial ficou calado. O ladrão permanecia encolhido. A multidão nada disse, nem um simples cochicho. Até os pássaros pararam de cantar para aprenderem um pouco daquele momento. Cada um, além da respiração e das batidas de seu próprio coração, ouvia apenas o roçar suave do vento nas folhas das árvores. Depois de certo tempo, Buda, como que falando diretamente para toda a natureza, concluiu:

- No silêncio da tua resposta reside a minha sentença. Aprenda a escutá-la e saberás o que deves fazer.

***

Este conto é uma ficção. Foi inspirado e escrito após a leitura do Atthaka, o livro das oitavas, que diz: "O brâmane liberto já transcendeu as paixões e não se deixa mais afetar por elas. Para ele, não há mais norma, nem lei, nem coisa alguma existe que ele possa chamar de norma, e nada ainda que possa chamar de lei".

A melhor autocrítica ocorre quando ouvimos os outros com a mente aberta e a boca fechada.

O grande problema de ser totalmente independente dos outros é que você fica muito dependente de si.

Os tolos nada ensinam, mas os sábios conseguem ver luz em todos.

Em terras onde o sol não brilha, as faíscas cegam.

O sol brilha para todos, mas alcançar a sua luz depende de onde e como nos posicionamos diante dele.

A maneira mais rápida de melhorar o mundo ao seu redor é mudando o seu olhar, o seu pensar, o seu viver.
A maneira mais rápida de melhorar o mundo ao seu redor é melhorando você.

A pontualidade é um defeito que poucos tem a sorte de ter.

Eu sou uma célula no corpo de Deus, e Deus para uma célula em meu corpo.

Quem mais nos machuca são quem melhor conhecemos.

Perdão e amor não deveriam ser vinculados. Se perdoamos a quem amamos, que são humanos sujeitos a falhas, porque não perdoar a quem não amamos, que estão nas mesmas condições?

Não desconte em outros o que alguém lhe fez sofrer. Quebre a corrente. Nunca vale a pena inocentes pagarem pelos culpados. A vida dará o troco aos culpados da mesma forma que aos que maltratam inocentes.

Ás vezes, perceber que alguém gosta de nós nos faz agir tão maldosamente quanto se não o tivéssemos percebido. A maldade pela ignorância não é menos ruim que a maldade intencional. Ambas são maldade e o resultado é o mesmo.

Se procuro em minhas recordações os que me deixaram um sabor duradouro, se faço balanço das horas que valeram, sempre me encontro com aquelas que não valeram a pena.

Um monte de pedras deixa de ser um monte de pedras no momento em que um único homem o contempla, nascendo dentro dele a imagem de uma catedral.

O escritor e o fotógrafo utilizam as mesmas ferramentas, mas enquanto um descreve uma imagem com mil palavras o outro descreve mil palavras com uma imagem.

Vivemos em uma época em que quem elogiar os atos do Presidente da República corre o risco de fazer apologia ao crime.

Se vejo os meus defeitos como pequenos montinhos ao invés de grandiosas montanhas é porque os vejo no horizonte, com suas faldas tão distantes de minha compreensão quanto de minha superação.

Somente os desatentos acreditam na sorte.

Tudo pode aquele que crê, até mesmo deixar de crer.