Coleção pessoal de JeaziPinheiro
Embora as raízes do perigo possam ser dispersas e confusas, queremos que nossas defesas sejam simples e prontas a serem empregadas aqui e agora.
Podemos estar olhando em direções radicalmente diferentes e evitar os olhares uns dos outros, mas parecemos estar entulhados no mesmo barco sem uma bússola confiável — e sem ninguém ao leme.
A geração mais tecnologicamente equipada da história humana é aquela mais assombrada por sentimentos de insegurança e desamparo.
Independentemente do que tenhamos feito como preparação para a morte, ela nos encontra despreparados.
A casca de civilização sobre a qual caminhamos é sempre da espessura de uma hóstia. Um tremor e você fracassou, lutando por sua vida como um cão selvagem.
Nossa vida está longe de ser livre do medo, e o ambiente líquidomoderno em que tende a ser conduzida está longe de ser livre de perigos e ameaças. A vida inteira é agora uma longa luta, e provavelmente impossível de vencer, contra o impacto potencialmente incapacitante dos medos e contra os perigos, genuínos ou supostos, que nos tornam temerosos
Afinal, viver num mundo líquido-moderno conhecido por admitir apenas uma certeza – a de que amanhã não pode ser, não deve ser, não será como hoje – significa um ensaio diário de desaparecimento, sumiço,extinção e morte. E assim, indiretamente, um ensaio da não-finalidade da morte,de ressurreições recorrentes e reencarnações perpétuas
O pressuposto da vulnerabilidade aos perigos depende mais da falta de confiança nas defesas disponíveis do que do volume ou da natureza das ameaças reais.
Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente. Na sociedade contemporânea, nada é feito para durar.
Esquecemos o amor, a amizade, os sentimentos, o trabalho bem feito. O que se consome, o que se compra, são apenas sedativos morais que tranquilizam seus escrúpulos éticos.
A internet e o Facebook nos tranquilizam e nos dão a sensação de proteção e abrigo, afastando o medo inconsciente de sermos abandonados. Na verdade, muitas vezes você está cercado de pessoas tão solitárias quanto você.
O poeta se faz vidente por meio de um longo, imenso e refletido desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sentimento, de loucura; ele procura ele mesmo, ele esgota nele todos os venenos, para só guardar as quintessências.
... Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.
... Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?
... Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim? (Discurso)
Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas.
Tem razão o poeta: “O amor é a coisa mais triste quando se desfaz.” É triste por causa do retrato:
porque ele faz lembrar uma felicidade que se teve e que não se tem mais. O retrato é uma sepultura.
Poeta, não somente o que escreve.
É aquele que sente a poesia,
se extasia sensível ao achado
de uma rima, à autenticidade de um verso.