Coleção pessoal de jeancarlobarusso

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Achei!

Encontrei em você
Um pouco do que já tinha
E tudo que me faltava.

A dor

Quando a gente adormece  
A dor padece  
A dor se esquece  
Tudo escurece.

Até quando?

Quantas vidas
Precisam acabar
Para que se aprenda
A viver?

Deixo andar

Se me perguntar
Como darei
O próximo passo
Não saberei
Vivo assim:
Deixo o corpo
Andar sozinho
Se eu pensar
Em andar
Sei que cairei

Dentro do peito

Lá fora
Chuva e vento
Engraçado
Faz mais frio
Aqui dentro
Não da casa
Mas do peito

Tente você também

Ah, como eu sonhava!
Sonhei, sonhei...
E só. Eu só sonhei
Na hora de realizar: dancei
Não acordava
Não me movimentava
Como iria realizar?
Eis que um dia decidi levantar
Apertei a mão da vida
E percebi que era hora de lutar
Para o sonho virar concreto
Não é que deu certo?

O porquê

Chamam de amor
O porquê
Dos sorrisos bobos
Os meus
Chamo de você

Febre

Se fosse uma doença
(Supondo que não seja)
O principal sintoma do amor
Seria a febre:
Aquece por fora
Esfria por dentro
Causa dor
No corpo e de cabeça
Dor que eu aguento
Até me contento
Mas há quem se queime
E quem nem se aqueça

Dor de amor

Amor não sofrido
É sentimento
Não vivido

Daqui para não se sabe onde

Cá estou novamente
Na janela do ônibus
Vendo como a vida
Passa de repente
O ônibus continua adiante
Numa velocidade constante
Mas será que estamos mesmo
Indo para frente?

Dependente químico

Uma nova paixão
Para quem já foi amado
É como uma droga
Para um ex-viciado:
Dane-se a dependência!
Ninguém suporta a abstinência
Se um drogado for
Que se entorpeça de amor
Em vez de carência.

Crime sem suspeito

Se um amor está acabado
Nenhum dos dois
Precisa ser o canalha
Ou estar errado
Basta manter o respeito
E ser sensato
Para saber que o melhor
É cada um para o seu lado
Não é falta de amor
Talvez nem dê para entender
Mas às vezes a gente muda
Mesmo sem querer

Passado?

Quando o passado
Não passa
O presente
Não presenteia
O futuro
Não chega
E a vida
Não tem graça.

Ressaca

O amor é como o álcool:
É bom quando entorpece,
Mas é inflamável e,
A qualquer momento,
Pode te explodir
Por dentro.
A embriaguez é pacata,
Difícil é a ressaca.

Bem-te-vi

Se fosse um passarinho
Queria ser um bem-te-vi
Para que bem-me-visses
Como bem-vejo-a-ti
Ou, então, um beija-flor
Para que minha vida
Dependesse de te dar um beijo
E de todo o teu amor

Paraíso

Se existe o paraíso
Ele se esconde
Em algum sorriso
Talvez no seu
Quem sabe no meu
Ou no que eu mais gosto:
Na soma deles
O nosso

Lado de fora

Somos pássaros
Presos em uma gaiola
E quando um de nós
Sai pela porta
Nos entristecemos
Porque não sabemos
O quanto é bom
Estar do lado de fora

Loucura, loucura...

"- Ele é poeta. É louco."
Já ouvi isso
E não foi pouco.
Realmente,
Estar são
É fazer bombas
Ou derrubar um avião.
E (claro!)
Eu, poeta,
É que estou doente.

Betoneira

As lágrimas
Que não caem para fora
Caem para dentro
E nos deixam duros
Igual cimento

Questão de tempo

Acredito, sim
Que um dia
A vida vai mudar
E se hoje
Só posso te dar uma flor
Sei que um dia
Poderei te dar
Um jardim