Coleção pessoal de JBGregorioJr
Passos frenéticos
Passos cansados
Passos ligeiros
Passos trocados
Passos que não se dariam
Se soubesse o destino que receberia
Após cada passo, não se sabe:
Morte ou vida que espera?
Universos que se encontram,
Caminhos que se cruzam,
Destinos que se vão!
No final de cada caminho uma história.
No fim de cada história uma vida.,
Vidas decididas apenas por passos.
Sempre haverá um segredo dentro de cada coração, sempre existirá um algo que a mente reserva àqueles momentos solitários consigo mesma, onde nenhum outro ser humano, que, mesmo por perto, consiga enxergar.
As vezes trata-se de segredos tolos, outras, de assuntos por demais delicados, que seria impossível serem revelados sem que houvesse conseqüências aterradoras aos que o ouvissem;
Não precisam ser lembrados, pois são inesquecíveis; não se podem destruí-los, pois são eternos!!! Um cheiro,uma música, uma frase, momento… são suficientes para meditarmos sobre tais pensamentos, são marcas feitas por ferros em brasas! onde um simples toque faz-nos sentir seus contornos e assim, estranhamente gostar do sofrer.
Mas são segredos; não temos escolha a não ser sepultá-los em nossas lembranças e velá-los em nosso coração, do contrário seríamos nós os sepultados e por conseguinte os desprezados;
Senti-los é prazer, alívio, saudades… esquecê-los é dor, sofrimento, solidão… São nossas essências, nosso crescer... como poderíamos viver sem isso? precisamos de cada flash, cada cena, cada quadro… são nossas lembranças, são nossos segredos, é nosso existir.
Abrem-se as comportas!
A manada vai subir! Depois de uma hora de espera, cada um se espreme com o outro a fim de não perder tempo para conseguir seu melhor lugar naquela carroça, quanto esforço vão! O dono da carroça, não anda dentro dela, logo, não há melhor lugar! Tudo é duro, pequeno e apertado.
Fecham-se as comportas!
É hora de conduzir o animal até o curral. Eita! Boi pra sofrer! Se antes se espremiam para subir, agora se equilibram para não cair! É tanta cabeça, que não conseguimos olhar nem para os nossos pés, imagina enxergar o chão dessa joça?! Cada um se vira como pode! Quem conseguiu lugar, ta agüentando os que não conseguiram caírem em cima de si, não que se sintam atraídos, mas por não possuírem mais como se manter de pé.
Desce a primeira boiada!
Aliviou um pouco, mas de imediato, o condutor da carroça junto com o fiscal da empresa, põe um olhar de patrão para que possamos sair daquele lugar e passar para o “nosso cantinho lá traz”, depois do contador de passagens, em respeito aos mais velhos! Que danado de respeito é esse?! Quando o dono da carroça não sabe o que é isso. Constrangidos, passamos pelo contador de passagens, e logo levamos uma ferroada em brasa, bem no bolso! Essa doeu! Além de ir em pé e espremido ainda tenho que sair com o meu bolso ferrado!
Eita! Boi pra sofrer!
O bicho agüenta tudo isso calado! Pois não sabe reclamar, se reclama, vem Seu Polícia com a vara na mão, dá razão ao dono da carroça, e pode até me fazer ir o resto do caminho a pé, comendo grama.
Êta! vida sem grana!
É difícil viver assim, sendo servido por bacana, onde se passa um serviço safado, por um preço tão caro. Enquanto isso, o dono da carroça, com a pança imensa, gordo de tanta riqueza, fecha os olhos e diz que vai tudo bem, amanhã vai ganhar mais dinheiro levando pra cima e pra baixo esse bicho mal educado, que só come capim, e não anda de carro!
Desce a última boiada!
Chegam a seus currais cansados, tiram os sapatos, deitam em suas camas de feno, fecham os olhos para descasar, com medo de acordar pensando no amanhã, quando tiverem que encarar de novo a Carroça, a Ferroada, e seu Cantinho Lá Traz, e já dorme estressado, pensando: como é complicado, ser liso, e ter uma vida de gado!
Porquê me seduziste?
Nem ao menos te toque
no teu corpo não peguei,
do teu espinho não tirei.
O Porquê deste aroma?
me prendendo com teu feito,
me envolvendo desse jeito,
me deixando sem noção.
O que fiz foi passar do teu lado,
mesmo mal intencionado,
com a morte não merecia ser enganado.
Me feriste quando te olhei.
Marcaste-me com as armas que te dei!
Mesmo que eu vá, marcas tua levarei.
Conheci a Loucura
e logo me apaixonei!
De imediato fiquei triste
Por saber que a amei
Desejei não a ter conhecido
Dela até me despedi
Mas já estava tão entorpecido
Que em suas curvas me perdi
Da Razão me desgostei,
Sua graça não mais vi
Diante da sua falta que amei
Mas sem esperar fiquei assim
Sem a Loucura que amei
Sem a Razão que esqueci.
(Gregório Jr.)