Coleção pessoal de ivalentim

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A gente se apega a qualquer coisa quando quer realmente ser feliz. Até um shampoo cheiroso, um programa bobo ou um cachorro balançando um rabinho podem te deixar feliz. Claro, se você quiser. Mas tem gente que quer passar a vida inteira no fundo do poço sofrendo e chorando, então, que seja. Passe. Só tô dizendo que se você quer ser feliz, você é. Você acha a felicidade em qualquer lugar, constrói uma. Você inventa felicidade, nem que passe em alguns minutos. Você é feliz só de achar uma moeda no meio da rua às vezes. O sorriso de um estranho que passa por você também pode te deixar feliz. Meu Deus, o mundo à sua volta pode ser sua felicidade! Você não enxerga, né? Inventa desculpa pra estar por aí chorando pelos cantos. Acha lindo se doer tanto assim, totalmente poético. Mas, meu bem, poesia não traz felicidade. Poesia é ser sempre solitário, triste e doído. Deixa ela pra lá e vai admirar o cachorro abanando o rabinho. Não é poético, mas te faz sorrir. E entre essas duas opções, ultimamente, tô preferindo sorrir.

Gritei, empurrei, tirei o salto alto da forma mais grosseira possível e sai correndo. Eu adorava ser rebelde, adorava fazer uma cena, me livrar de qualquer obrigação, estufar o peito e dizer que era livre. Eu era exagerada, impulsiva, imediatista, e principalmente: dramática. Sempre fazia de uma ondinha, um verdadeiro tsunami. A verdade é que eu tinha que sentir o tempo todo. Nem que fosse raiva ou tristeza. Sentir qualquer coisa é melhor do que não sentir nada. Nasci pra ser atriz de novela mexicana.
Eu odiava qualquer coisa que beirasse ao normal. Sempre surtei mesmo. É que o mundo às vezes me incomoda demais e eu sempre preciso gritar pra ele que eu não sou só um grãozinho de areia. Que menina louca, que garota estranha. Eu sei, eu sei. No final eu sempre me arrependi por ser tão exagerada. E eu continuei andando pelas ruas sem rumo, ciente dos passos que ouvia atrás de mim, mas sempre ignorando. E ele, da mesma forma, paciente e em silêncio, só esperando a hora de me cansar e voltar ao normal. Cheguei à avenida e ele finalmente veio me salvar. Parando ao meu lado, sem dizer uma palavra, só me abraçou. E era isso que eu tanto buscava. Todo o escândalo, rebeldia e incomodo que eu sentia cessaram. Eu só precisava ser cuidada, protegida, só precisava de alguém paciente o bastante pra me pôr nos eixos.
Talvez ele nunca tenha entendido porque eu fui, sou e provavelmente, sempre serei desse jeito – e quem entende? – mas ele nunca corre pro lado oposto. Nunca desistiu e quis gritar mais alto que eu. E isso me enche de esperança. Porque tanto faz o mundo não me entender, eu não entender o mundo e eu mesma não me entender também. Tanto faz minha insegurança, vulnerabilidade e instabilidade. Ter o colo dele pra chorar baixinho sempre vai espantar todos os meus medos.
Tem coisa melhor no mundo do que ter alguém pra te acolher?

O problema é que agora eu vou ao salão mais do que o necessário. Meu cabelo nunca foi tão escovado e hidratado e minhas unhas nunca foram mais bem feitas e serradas e sem nenhuma cutícula. Eu depilo a perna e é quase um alívio sentir a dor disso. A cabeleireira puxa meu cabelo e eu boto um sorriso na cara apreciando esses raros momentos. Eu faço mais abdominais do que o necessário na academia e minha panturrilha está super definida porque eu treino mais do que eu posso. Eu treino até poder sentir só a dor de treinar e não poder sentir mais nada. Eu suo na academia e depilo no salão porque isso tudo me distrai de sentir a verdadeira dor. Você sabe. A dor de estar em pedaços. Quão poético isso pode ser? Fazer duas horas de caminhada só pra ficar sem fôlego e nem é por causa do corpo definido, e sim da cabeça conturbada, do coração estraçalhado e miserável. Eu faço de tudo. Eu nunca estive tão bem cuidada e tão maltratada ao mesmo tempo… O que? Eu sei. Esse não é pra ser um texto bonito e de longe, algo inspirador. Não é sentimental falar de depilação. Na verdade, é um texto covarde. Um texto sobre como eu sou fraca e tenho que inventar alguma outra ocupação pra não sentir isso. Não sentir nada. Não pensar em você.

Já tive outros e já amei outros. Já sofri por eles e já quase te esqueci graças à eles também. Mas depois que acaba, no fim, ou no intervalo de um para o outro, quando só me sobra eu mesma e minha confusão, meus sentimentos me encaram e me confrontam, e eu só vejo você. Só tem você ao meu redor no sábado de noite terminando com alguém. Tem você quando eu me fecho e não deixo ninguém entrar na minha vida, porque morro de medo e é sua culpa. Você na forma como eu escrevo, na música do Leoni, no texto da coca-cola. Cada parte do que eu sou… ainda é você. Mil anos e alguns caras depois e ainda é você.

É essa facilidade que eu tenho de me apaixonar que bagunça com tudo. E me ferra por uns bons seis meses, um ano, até descobrir que nunca foi amor. Nem épico. Só parecia ser. Era só vontade de ser.

Nunca disse que era o certo a se fazer. Disse que era o que eu queria. E, meu bem, quando eu quero alguma coisa, não há conselho, mandiga, oração ou possíveis dores de cabeça que me façam desistir. Sou ferrada até a alma por isso, mas nunca me arrependi ou quis dar meia volta e fazer diferente.

Você achou legal meu jeito ao contrário e minha aversão ao romance. Riu quando eu disse que eu era um problema e que surtava de vez em quando. Contei que estrago meus relacionamentos e gosto de magoar sem querer quem eu gosto, você fingiu que não tinha escutado e perguntou que tipo de música eu gostava. Continuei com a história do meu antigo namoro e expliquei como sou traumatizada com tudo. Você só prestou atenção na hora em que eu cantei o refrão da música do Legião Urbana. Juro que fiz de tudo pra te avisar. Mandei você ficar longe de mim. E você quis ficar mesmo assim. Sempre tive pena de quem gosta de mim. Pior ainda é quando eu gosto também. Você não sabe no que se meteu. Pobrezinho. Não consegue ver? Acabei de pôr um letreiro escrito problema na minha testa. Em néon. Que brilha no escuro. E você ainda não correu. Ou é louco ou eu achei o cara certo.

De tempos em tempos dou uma pausa no drama excessivo e viro do avesso pra me tornar essa pessoa calminha, despreocupada e de bem com a vida. Só até me cansar e correr de volta pro olho do furacão. Sou meio inconstante, pode-se dizer assim. Uma hora quero calmaria e na outra quero tempestade. Pra falar a verdade, nem sei o que eu quero. Vivo pra descobrir isso.

Aprendi que quem nasce só sentimentos nunca conseguirá ser leve, meio termo, café com leite. Nem dará certo com gente assim. Quem nasce só sentimentos, na verdade, tende a ser solitário. Ama demais e se entrega demais, é lei. Mas no fim da noite sempre vai correr pro canto do quarto querendo entender o sentido de tudo ou sofrendo demais por tudo. Gente que sente demais tem a necessidade não assumida por drama. Nada é bom quando está bom. Não há nenhuma felicidade que não possa ser questionada. Gente que sente demais sempre espera coisas ruins de coisas boas, porque é isso que aprenderam desde cedo. Mas entram no barco naufragando do mesmo jeito. Encaram o precipício e pulam sem pensar duas vezes. Porque, no fim de tudo, por mais que se negue, vale a pena. Sentir vale a pena e é um ato de pura coragem. Quando se sente demais, o tombo é maior, a felicidade é quase uma overdose e a tristeza é do tamanho do mundo. Tudo é bonito e triste. Tudo é sentido dez vezes mais forte e algumas vezes, nem se sabe qual é o sentimento. A dor da felicidade ou a felicidade da dor, por exemplo. Só quem sente verdadeiramente entende isso. Ou melhor, sente isso. Entender não é um privilégio pra quem sente, é tudo questão de tato. Dói ser feliz por medo da felicidade acabar e às vezes a tristeza é confortável porque não se tem mais nada a perder. É uma bagunça. Gente que sente tudo à flor da pele é uma bagunça daquelas. São as pessoas mais tristes e mais felizes que se pode ter. São as mais bonitas de se ver também. A dor que se tem quando sente demais é sempre poética. O peso que se tem que levar para o resto da vida por ser assim, não. Mas aprendi também que quando se carrega algo tão grande assim dentro de si mesmo, eventualmente você acaba aprendendo a lidar e aceitar toda a confusão, porque muito peso nas costas te ensina a levar a bagagem direito.

Eu preciso parar de complicar tanto as coisas, deixar de ser tão drástica. Sempre levo tudo ao extremo, sabe? Não sei ser meio-termo, mais ou menos, um pouquinho. Não sei o que é otimismo. Sou dessas que faz da ondinha um tsunami.

Sabe como é difícil não parecer louca? Vivo reprimindo a vontade de gritar no meio da multidão. A vontade de me jogar no chão e chorar feito um bebê quando tô andando pela calçada porque meu coração ta apertado e o mundo é idiota e eu sou só uma criança. Sufoco o desejo de bater na cara de gente idiota contando até dez. Queria sair correndo de uma conversa chata em vez de ter que prestar atenção e rir nas horas apropriadas. Queria… queria poder fazer o que eu quero, não o que eu sou obrigada à fazer porque é o certo e ponto final. Queria correr pra você, me esconder em você, respirar você. Mas não. Vivo me escondendo, encenando, fingindo, aceitando, engolindo, seguindo em frente, me conformando, fazendo o que é certo, falando baixo, ouvindo os outros e blá blá blá. Agora diz, quando é que eu vou fazer o que eu quero nessa vida sem parecer uma louca desvairada?

“Felizes para sempre” no final de um conto de fadas nunca me agradou. Desde pequena achava aquilo muito vago, eu sempre quis saber mais. Sempre ficava me perguntando se a Branca de Neve realmente viveu feliz para sempre. E se o casal daquela novela ficou junto até a morte mesmo, sem nem pensar uma vez sequer em desistir. Porque convenhamos, ninguém é feliz o tempo todo. Relacionamento não é algo bonitinho 24h por dia. Não existe essa coisa de príncipe encantado, caramba. O cara que você vai amar terá mil defeitos e no futuro, vai ficar careca. Se você procura demasiadamente a perfeição, acaba ficando sem nada. Se tivesse que chutar, diria que o príncipe da Bela Adormecida se cansou da preguiça enorme dela e resolveu dar um tempo. Que a Fera largou a Bela por achar uma princesa mais bonita. E que a Branca de Neve traiu o marido com um dos sete anões.Enfim, o negócio é que não existe feliz para sempre. Você não pode procurar o seu feliz para sempre. Isso é idiotice. Na verdade, o feliz para sempre é bem entedioso. Muito calmo, sem grandes surpresas e corações palpitantes. Se tivesse que dar um conselho, diria: pare de procurar um final feliz, procure viver o momento, a realidade é bem mais interessante do que o conto de fadas.

Acreditava em final feliz, acreditava em príncipe encantado, acreditava em perfeição… acreditava, nossa, acreditava em tanta coisa. Mas não é minha culpa, o mundo ao redor tende a impor isso na sua cabeça… um filme com final feliz, um livro, uma novela, a historinha da bela e a fera. Tudo leva a crer em seu final feliz. Mas eu me foquei tanto em achar um final feliz, que desperdicei muito da minha vida, rejeitei pessoas por não serem o tipo de príncipe que eu tinha na cabeça, não li os sinais que passavam.. sofri, quebrei a cara, mas aprendi. Aprendi que final feliz existe, mas não é como contam nos filmes. Final feliz não é encontrar um príncipe incrível, e ter um feliz pra sempre. Final feliz é você aprender a seguir em frente, e nunca deixar de ter esperança de que a pessoa certa - não perfeita - vai aparecer na sua vida, e talvez, o final feliz seja somente você, colando os pedaços do seu coração, cicatrizando a ferida e tentando recomeçar.

O típico “felizes para sempre” no final de um conto de fadas sempre me incomodou. Desde pequena achava aquilo muito vago, sempre quis saber mais. Sempre fiquei me perguntando se a Branca de Neve realmente viveu feliz para sempre. E se o casal daquela novela ficou junto até a morte mesmo, sem nem pensar uma vez sequer em desistir. Porque convenhamos, ninguém é feliz o tempo todo. Relacionamento não é algo bonitinho 24h por dia. Não existe essa coisa de príncipe encantado, caramba. O cara que você vai amar terá mil defeitos e no futuro, vai ficar careca. Se você procura demasiadamente a perfeição, acaba ficando sem nada. Se tivesse que chutar, diria que o príncipe da Bela Adormecida se cansou da preguiça enorme dela e resolveu dar um tempo. Que a Fera largou a Bela por achar uma princesa mais bonita. E que a Branca de Neve traiu o marido com um dos sete anões. O negócio é que não existe felizes para sempre. Ou talvez exista, mas seja um pouco diferente do ideal. Talvez o verdadeiro final feliz seja aquele em que você acorda pra vida e se prioriza, deixando pra trás aqueles que te fazem mal. Ou aquele em que você aprende a aceitar os defeitos do outro e a amá-lo, mesmo não sendo perfeito. E talvez, talvez o final feliz seja somente você, colando os pedaços do seu coração, levantando a cabeça e aprendendo a seguir em frente.

É que eu nunca soube ser simples e descomplicada. Nunca quis nada que fosse fácil demais. Nunca soube ser completa e satisfeita com algo. E minha queda sempre foi maior do que a dos outros porque tudo o que eu almejo é sempre grande demais para mim. Desejo ser grande demais e não passo de um grãozinho de areia. Tudo meu tem que ser um caso impossível de se resolver. Ou eu sou o caso impossível de se resolver.

O ruim de ser eu mesma é que, por mais negativa e realista que eu aparente ser por fora, no fundo sempre vou ter essa esperança chata até o último minuto do segundo tempo. Sempre vou querer acreditar no lado bom das pessoas até que se prove o contrário. Algumas vezes, até depois que se prova o contrário. Escondo do mundo essa minha fé inabalada porque quando a realidade aparece e as coisas não são como elas deveriam ser, isso me destrói. Me frusta. É como se socassem mil vezes meu estômago. Minha espera incansável sempre me cansa. E ninguém precisa saber disso. É como se eu dissesse para a pessoa que está do meu lado, “não vai dar certo, não ligo, deixa pra lá”, ao mesmo tempo que repito mentalmente, “por favor, que eu esteja errada

É que só esperar alguma coisa de você é bem melhor do que ter tudo de outras pessoas. O seu pouco me faz mais feliz que o muito do mundo inteiro. E eu me contentaria em te ter ao meu lado sem dizer uma palavra pelo resto da vida. Eu nunca quis muito, na verdade. Só quis você. Limpo e seco. Cheio de erros e com a barba por fazer. Egoísta, criança e orgulhoso. Você.

Mas não passa. Não importa que faça três meses ou três anos. Isso, aqui dentro, parece que nunca vai ter um fim. Mas já não é mais amor. Também não posso cogitar que seja outra coisa. Acredito que sejam só restos, restos de um amor meio torto, meio surrado, dos mais complicados, dos mais tristes também, mas que permaneceu vivo o tempo todo dentro de mim, em silêncio. E permanece. Em cada milímetro de mim, cada parte do que eu sou. Cada saudade que eu sinto é um pouco de saudade sua também. Em cada frase que eu escrevo, uma palavra é dedicada a você também. Cada amor que eu tenho, é um pouco do seu. Amor que ressurge em algumas horas e, sinceramente, me deixa no chão. Nada tão devastador quanto o que você já foi pra mim, nada que eu não possa aguentar calada. Nada que, ao amanhecer, eu já não tenha deixado pra lá e seguido em frente. Não é mais urgência de você, é só… lembrança. É só falta. É só certeza de que nunca vai existir um outro você, ou que acidentalmente a gente vá se encontrar aos 30 anos de idade e desenterrarmos o que nós éramos. É só saudade. Saudade que eu já aprendi a conviver, e que já entendi que, provavelmente, eu vou ter que senti-la pelo resto da vida. Nada que eu poderia fazer – e faço – compensaria esse nosso infinito desfeito.

Você sabe, não sabe? Sabe que eu te daria o mundo inteiro, se eu pudesse. Que eu pediria paz ao oriente médio se você quisesse. Que iria ao espaço só pra te trazer um pedacinho da lua. Sabe que eu iria contra todos e tiraria qualquer mal que chegasse perto de ti. Sabe que eu faria tudo. Tudo por você. E com você. E pra você.

Salto alto e batom vermelho não vão calar a mocinha que chora assistindo filme de romance.