Cantarão meus lábios debalde?
Suspirarei ais em vão?
Viverei tal qual um inseto de verão?
Chega! Quero minha centelha de amor.
Proponho-te
Beijos líricos,
Inesperados,
De mil formas,
De multiformes sabores
O Fingidor - homenagem a Fernando Pessoa
E finge e sente
E finge e sente
Completamente,
Exaustivamente,
Que no final sente,
Tão-somente,
Que tudo fingiu
Que nada sentiu.
Partido poético
- Por uma nação ensolarada
Repleta de flores e amores.
Fumando meu cigarro, despreocupado com a vida,
A janela aberta, o sol desabrochando,
Eu tinha todos os motivos para estar triste,
Mas por dentro estava rindo.
Procurando palavras ao léu - no absurdo,
Encontrei alguns poemas, pobres e loucos,
Poemas que resolvi não escrever,
Apenas continuei fumando e vendo a vida passar pela janela...
O sol me faz bem, o resto romantizo!
Nem o céu é o limite,
Tudo é começo.
Não queira ser um herói grego
Não suportarias o sofrimento
Tragédias são belas apenas nos livros.
Calma! Sou eu
A outra face
Da tua alma de sempre.
Se olharmos para trás
Seremos transformados em estátuas de sal.
Ainda vejo o verão
Rebrilhando em tua pele.
Em ti nada parece perder-se.
A primavera há de nos unir novamente.
O amor com amor se explica
Com amor se paga
Com amor se ganha
Não me venham com digressões.
Do escritor narcisista
Quem escreveria sobre meu umbigo senão eu?
Quando penso haver somente fim
Percebo esperança
É assim que a vida se cura.
Anti-heterônimos
Não sou vasto
Não contenho multidões
Sou apenas eu
E esse eu jura ser eu mesmo.
Pude ver o ódio tremeluzindo nos olhos dela
Enquanto dizia-me adeus.
Céus!
Aqueles olhos relampejavam.
Ah, esses versos que escrevo
Esses inofensivos versos carregam o peso do mundo.
A noite desvelando o sono,
O sono acariciando a morte.
Não importa à hora, o dia, o ano
O que importa é que estou aqui,
Ferindo a vaidade do tempo.
No borbulhar do gênio
Na fronte do artista
Surge a obra prima
Como um quebra-cabeça desmontado.
