Coleção pessoal de ideniramos

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Eu só queria desligar o celular
E partir por aí, sem rumo
Queria parar de me preocupar
Com sucesso e fracasso
Enfim, deixar as coisas como estão

Eu só queria seguir a brisa,
Buscar o pôr do sol distante
Sem nenhum pensamento
Senão a respiração do meu pensamento

Nas cordas do tempo
As notas que ressoam
Dizem-me tão pouco
Sobre o que devo ser e sonhar

Talvez eu seja apenas um castelo de areia
No deserto de uma ilusão.
Talvez eu nem exista mais depois que o sol se for.

Que monstro cegou meus olhos e fez com que eu não enxergasse o amanhã?

Meus passos descompassados
Ora lentos
Ora apressados
Deixando marcas pelas areias do tempo
- Aposto que quem eu menos imagino os seguirá
pensando que eu sei para onde estou indo.

O poeta é apenas um homem
Que foi surpreendido enquanto olhava para dentro de si
Um homem que subitamente apanhou seu pensamento em palavras e suas emoções em harmonia
Maravilhado resolveu pintar na realidade as nuances dessa descoberta.

Platão expulsou os poetas de sua república,
Eu expulsarei os filósofos da minha.

É hora de apanhar o violão, limpar a poeira
E musicar a dor dessa rejeição.

Como são belos estes dias vagarosos
Onde a luz do sol dança com a sombra das árvores.
É nesses momentos lânguidos que colho imagens para meus futuros sonhos.

Meu legado é essa linha que acabei de escrever.

Minha pátria,
Meu Brasil,
Terra onde os pássaros cantam em português
e os ventos uivam poemas de Gonçalves Dias e Castro Alves.

Do meu ponto de vista meu ponto vale mais pontos.

O seriado americano na tv,
Eu tomando uma xícara de café e assitindo,
E no computador um fantasma escrevendo esse haikai.

Mulher
- maçã mil vezes melhor.

Frio lá fora, café quentinho aqui dentro, páginas em branco esperando para serem escritas, contos e poemas emaranhados em minha cabeça.
Sinto-me tão bem, é assim que vou dar sentido a minha vida, é dessa forma que aproveitarei meu tempo.
Quantos livros lidos, quantos textos salvos no note?
É hora de deixar meus pensamentos comungarem com os pensamentos dos antigos.
Escritores, sábios, poetas sejam pacientes ensinem-me a escrever, ajudem-me a descortinar minhas melhores idéias.
Quero a clareza e a simplicidade em minhas frases, quero escrever de um jeito novo e original, quero pensar o que ninguém pensou, se é que isso é possível, enfim quero evadir-me, extraviar-me entre as linhas, transmutar-me em palavras para assim ganhar sentido.
Para trás deixo as intrigas do mundo, o medo, o fracasso, as preocupações, e avante sigo, avante escrevo.
Talvez a literatura tenha como principal objetivo esse: olvidar as amarguras, vencer as decepções. Talvez todos os escritores soubessem disso e conservassem esse segredo a sete chaves para que o mito não fosse quebrado e banalizado.
Desde a antiguidade grega, desde os escribas egípcios, desde os místicos e profetas judeus, que as palavras vêm sendo exaltadas e depuradas, e todos descobriram o poder que emana de cada sentença. No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus, isso resume muita coisa, e hoje, para além de Saramago, de Freud, de Nietzsche, de Shakespeare o verbo ainda é o verbo e ainda encanta, elucida e exerce a potencia de ser verbo.
Estou sendo obscuro? Nesse ponto prefiro ser obscuro mesmo.
Céus, montanhas, horizontes, oceanos, pássaros, sonhos, almas, gramática, descortinai o mistério, rompei o véu do enigma, o sentido da parábola. Kafka abra as portas de seu mundo hermético. Joyce mostre-me as nuances mais secretas de seu mundo onírico, de modo que eu venha a entender o que cada símbolo traduz...

Estilo é instinto.

Confissões.

O escritor é um homem que se desdobra em múltiplas vozes para atender a necessidade de comunicação dos fantasmas de sua cabeça.
As histórias que ele conta podem ser meras fantasias ou sólidos desejos reprimidos.
Em geral o homem das letras é um amante da solidão e do café e está sempre sonhando com sucesso e fama.
A primeira coisa que um escritor pensa quando escreve é dialogar com os outros intelectuais, de preferência seus heróis, depois disso é que ele imagina seus leitores.

O amor pode até ser platônico, mas a dor será sempre real.

Para Ítalo Calvino.

Uma cidade invisível
Numa paisagem irreal,
Um mundo onírico
Criado por um escritor genial.

Minha dor, minha cicuta.

O esforço de me defender
Não vale à pena,
Crucifiquem-me logo.

Digam meus sonhos
O que vocês podem fazer por mim?