Coleção pessoal de iasminflor
E lá estou... Em silêncio, retocando cada centímetro de rosto para esconder cada milímetro de alma machucada. Não é assim que fazem? Não é assim que ensinam em todas as revistas femininas? Ensinando todos os dias que as mulheres não devem ter coração, devem apenas ter inúmeros homens sem qualquer futuro atrás, para que o ego seja sempre massageado e se mantenha inflado. E no final das contas, acabamos sempre mais solitárias do que antes de entrar nesse jogo doentio. Terminamos com um olhar fixo direcionado para o nada, pensamentos vazios, café e com uma mistura de cheiros desconhecidos, de homens que nunca mais veremos. Nesse momento me pergunto: Quando é que valeu a pena não ser de ninguém?
Sabe do que eu gosto?
Gosto de carinho, de abraço, de sorrisos. Gosto de M&M's, feriados e amigos. Gosto, principalmente, da mistura que tudo isso provoca dentro da gente. Acredita que eu gosto de sentimentos? Mesmo quando os bons vão embora e são responsáveis pela mágoa e falta de esperança nos corações partidos. Eu gosto de gostar, de adorar, de amar pessoas. Não vejo prazer maior do que descobrir cada segredo e ponto fraco de alguém.
Hoje doeu mais do que ontem, mais do que mês passado. E aí, eu vejo que de nada adianta ficar corroendo todos os órgãos do meu corpo com qualquer ácido barato, se a pergunta certa não é até quando dura um amor. Então eu me pergunto: Até quando dura uma dor? Com a esperança de encontrar qualquer teoria boba e sem nexo, só para me servir de apoio, para que eu, finalmente, consiga mudar o disco e a minha vida.
E até hoje me emociono de maneira fria, sem mover um músculo do rosto, quando sinto seu cheiro em outras pessoas. Tenho vontade de gritar e mandar todas elas não sairem de perto de mim. Nossa, como me tornei boba depois que te conheci! Não consigo ver um filme romântico, porque choro. Não consigo investir em outras pessoas, porque tenho preguiça. Não consigo amar ninguém, porque amo você.
Gosto da maneira de como as lembranças se encarregam de reviver cheiros e sensações jamais esquecidas. Gosto de mudança, de ver que o tempo realmente cura toda a dor, mas nos apresenta uma nova. Gosto da culpa que nos privamos de sentir quando algum princípio ou regra é quebrado. Gosto do medo de escuro que sempre é responsável pelos pés cobertos. Gosto de não precisar de você, mas te adorar com toda a força que posso, depositando qualquer resto de esperança ainda viva. Gosto de poder sentir que o amanhã é responsável por mais algumas dores e mágoas, e mesmo assim, não ter vontade alguma de desistir (ou resistir).
Eu gosto do silêncio e da ausência, simplesmente, porque sei me virar melhor assim. Levanto, tropeço nos meus próprios pés, mas logo depois, percebo que sei todos os passos da dança. E eu nem precisei ensaiar. Sem pensar muito, concluo que isso deve ser instinto de sobrevivência e não consigo achar a parte ruim de ser fechada e sozinha.
Sabe o que é mais perigoso do que lidar com uma menina má? É enfrentar uma boa. Enquanto as más mantêm o batom vermelho retocado e os olhos de águia prontos para atacar, deixando claro seus interesses, a boa se esforça para esconde-los. Ela ainda gosta de conquista, de primeiro beijo e de um bom papo, mas aprendeu a gostar muito mais do que a vida lhe ensinou. Por isso, não importa o quanto você tente, o quanto você se esforce, o território sempre vai ser desconhecido. Enquanto você se pega tentando controlar o frio na barriga e escolhe sua melhor camisa, porque combinaram de se encontrar hoje à noite, ela acaba de desligar o celular e bater a porta da sala com um sorriso no rosto. A realidade é que, bem lá no fundo, a gente não quer pertencer a ninguém além de nós mesmas.
Não me confunda com essas meninas bobas que tem medo de viver, muito menos, com essas que conseguem tirar a roupa no primeiro encontro. Saiba que não suporto meio-termo, intensidade é obrigatório. O morno me cansa, me consome inteira por dentro. Aceite meu lado mulherzinha que chora com a novela das 20h, mas ri alto com filmes de terror. Respeite o meu silêncio, que é mais produtivo que meu estado de euforia. Tente entender que vivo em um eterno carnaval de emoções inexplicáveis. Entenda que minha lealdade e fidelidade não significam que estou em suas mãos! É apenas um princípio que não descarto por ainda acreditar no ser humano. Não duvide das minhas promessas, dos meus sonhos infantis e do meu amor. Confie na minha transparência. Sou eternamente explícita. Se não gosto, não faço charme. Doa a quem doer, minha sinceridade e bem-estar são colocados em primeiro lugar, não nego.