Coleção pessoal de HudsonHenrique
Ele nem trata você tão bem.
Mas o seu medo de ficar solitária,
te faz se sentir sozinha
mesmo acompanhada.
Te machuca como uma tesoura sem ponta.
Inofensiva, praticamente indolor;
enquanto te pintam de qualquer cor
(que jamais escolheu ser).
O único problema foi você me ver como uma cura.
Algo que tomaria de seis em seis horas
pra tentar esquecer o que tinha dado errado.
O som da tua voz a pólvoras de distância.
Me guarde no seu bolso como um doce
que comeria depois.
Faça mantras com meu exímio e me reze antes de dormir.
Tudo o que eu fiz pra você era o que eu sentia.
E teu cheiro não irá me confundir novamente pra essa armadilha.
Pode-se chamar de "vida" tudo aquilo que vive e que vai embora; principalmente aquilo que vai embora.
Pois, é preciso de muita coragem pra ir.
Mas é necessário muita covardia ao voltar pra arma que lhe atira.
A moça de Curitiba se curva perante a noite,
que não cala, que não fala nada.
Brilha debaixo das estrelas,
sopra soberana entrelinhas.
Sinto você voltar
como um trem chegando em casa.
Me molha o sereno tardio,
gela meus ombros de pedra.
Vampiros saem pra ver a lua,
e eu não me importo mais.
Um estômago no soco.
A felicidade é um momento.
E o problema das pessoas
é tentar eternizar esse segundo.
Esperando que seja eterno, mas não enquanto dure,
mas enquanto seja lúcido.
A felicidade dura um fragmento estúpido em uma pauta,
e as lembranças ficam cobrando algo que já passou.
Não marque a felicidade como uma ferida na pele.
Pois, sempre haverá um machucado novo pra te lembrar
que você nunca vai ficar bem.
- Sobre aqueles relógios de pulso -
O tempo cicatriza,
mas não faz esquecer.
O tempo passa,
mas não faz voltar.
O tempo é um maldito,
é um anjo salvador.
Quando ele te mata; te salva.
Hoje fumei cigarros enquanto olhava a noite.
E caixas de fósforo eram acesas
na eternidade de suas lembranças.
As cinzas ficaram ao chão,
até a chuva lavar seus olhos de farol calmo.
Jogam minhas cinzas no mar.
Não dá tempo nem de acenar.
Não volto nunca mais. Digo sim, digo não.
Entro em extinção. Sem nada nas mãos, com peso nas costas.
Sempre vou lembrar de você enquanto eu respirar.
Tentei entender, mas me aproximei.
Agora a tua dor é uma ponte deslocada,
onde desemboca ao seu encontro
no portuário do meu peito.
E eu sempre vou esperar a sua chegada;
seja de baixo de chuva, ou quilômetros de estrada.
Porém, aos poucos me apagar
e entender que as coisas nunca serão o suficiente;
enquanto eu estiver em um subtópico,
abaixo da sub-opção,
na lateral de campo
da última percepção dos teus olhos me fitando
e me tornando distante de ser quem poderíamos [ser.]
Mas quando os dias não caem em minhas mãos, te vejo como um botão metafísico em flor;
fazendo sombra de um pássaro em meu quintal desproporcional.
Na qualitativa desesperada de cantar algo que possa lhe servir de algo.
Sou retroativo quando me falam de você.
[Estou esperançoso sobre nós dois.]
Mesmo que meus punhos se fechem e tentem te segurar;
não posso impedir que você vá, mas posso dar motivos pra que fique.
O tempo cicatriza
mas não faz esquecer.
O tempo passa
mas não faz voltar.
O tempo é um maldito
e um anjo salvador.
Quando ele te mata;
ele te salva.
Espero meu transtorno submergir
como um oceano nervoso em meus punhos.
Pego a caneta e me enfio em absurdos.
É tão desinteressante ser além do esperado,
mas essa magia não me deixa esvair.
Então o farol vem até mim; e eu digo adeus.