Coleção pessoal de hidely_fratini

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⁠Sem nome
(inspiração adolescente)

Iluminou-se um caminho.
Fez-se em chamas o Universo.
Estrelas entreolharam-se
Mas simplesmente não se viram...
-- e nem podiam.
Voltaram-se todas para o mesmo caminho...

Num pequeno fim de mundo
Encontram e iluminaram um tesouro,
Tesouro que transmitia amor...
Era um pequeno mundo sem fim,
Onde um menino surgiu, abençoando a Humanidade!

Dezembro/ 1969

⁠Perdão do esquecimento
(inspiração adolescente)

Pequei!
Se pequei, pecastes mais!
Eu gritei...
E de um surdo eco me arrepiei.

De joelhos mais uma vez fiquei...

Procurei teu olhar sem encontrá-lo.
Queria-te por toda força junto a mim.
Mas nada fazia sentido...
Tudo desfeito!

O amor que nos unia, findou.
Ódio em teu olhar notei!

Compreendi que entre nós tudo estava acabado...
Chorei noites, fiz nascer dias.
Construí e imaginei mortes.
Mas seu perdão eu nunca mais teria...

1968

⁠Tentações humanas
(Inspiração adolescente)

Da escuridão gélida da noite,
Sem conter um ar de vida em cores,
O feroz ser das multidões longínquas
Fez-se mais uma vez presente!

Conseguias derrubar montanhas onipotentes,
Destruir mil vidas encarniçadas.
Enquanto outras, ainda mais desgraçadas,
Se debruçavam no mundo tristemente...

Em cada face amiga que surgia,
Mais um tremor entre o céu e a terra se fazia,
Mais uma vez plantar seu ódio conseguias!

Tu, o que queres?
O que desejas?
Nenhuma resposta!
Mas algo era certo: era o diabo que surgia!

Agosto/1968

⁠Sonhos maravilhosos
(inspiração adolescente)

I
Sonhei, tu estavas entre estrelas...
Uma festa só de luzes!
Meu amor junto a mim!
II
E como em murmúrios de lágrimas,
E em tinir de cristais,
Começamos a dançar
A nos amar
A correr em pleno salão...
Tu estavas em plena emoção,
E tua sensível alma
Não cabia em si de alegria!
III
Ao veres o sol bem longínquo
Gritastes e me chamastes:
__ A M O R
IV
Uma vida nunca imaginada,
Com grandes seres em jornada
Para nos mundos estranhos o amor colocar.
E eles vieram a mim,
Deram-me a vida sem fim...
V
Mas os murmúrios não paravam,
E continuamos dançando lá no alto...
Como se estivéssemos num palco.
VI
Meus melhores dias,
Minhas melhores horas tinham que terminar,
Morrer...
E a linda valsa nunca escutada,
Seus lindos traços jamais imaginados,
Findaram...
E só lembro:
Os murmúrios como as lágrimas,
Os tinires como em cristais,
O começo da dança,
- A valsa,
O salão todo em luz,
Estrelas...

1967

⁠Alguma pessoa
(Inspiração adolescente)

Andando num lugar muito movimentado
Notei pessoas de vários tipos.
Eu não pensava normalmente,
Sonhava com algo...
E foi com esse pensamento
Que deparei com dois olhos,
Olhos grandes, crianças...
Estes eram puros,
Pareciam castanhos!
Traziam, bem no fundo,
Tristezas não reveladas,
E alegrias que nos enganam.

Eras uma quase criança; então um apelido se fez!
Olhamo-nos...
Meus olhos não são sonhadores
Como os das crianças...
Mas sim de querer paz!
Tu, apesar da idade,
Apesar do tamanho,
Tinhas um rosto tão jovem, infantil...
Será que nunca mais verei,
Aqueles olhos castanhos,
De tristezas não reveladas
E alegrias que nos enganam?
Sim, foi só um relance!
Mas só os olhos falam da alma? Do caráter?
E os sentimentos?

Talvez sejam verdes!
Diferentes dos meus...
Talvez teus olhos, enormes,
Sejam a revelação do mais puro amor!
Ou me enganei?
Será que nunca mais verei,
Aqueles olhos castanhos,
De tristezas não reveladas
E alegrias que nos enganam?

Outros passos eu dei.
E me fui...
Pensando sempre nos olhos tão sonhadores
Que põem qualquer um a sonhar
E a pensar em amar!
Tudo desapareceu.
Morreu!
Seguistes um caminho, para mim indiferente...
E eu segui o meu, que para ti é desconhecido.

Na verdade, nunca mais te vi!
Agosto/ 1967

⁠Família (Dedicado à minha tia Lina e seus filhos)
Inspiração adolescente


Caro leitor, amigo meu. Eu, tão íntima de mim, encontro meu fã, admirador e amigo dentro do meu ego. Dedico-lhe, pois, minhas linhas obscuras por não saber ao certo o que me vai n’alma. Escuta, leia e interpreta o que escrevo. Diz a mim, leitor, o que quero dizer e não consigo...
Enxergo, ao longe, uma luz obscura que cada vez mais se aproxima de mim. Começo até a ouvir vozes. Vozes que no primeiro apurar dos ouvidos parecem estar sufocadas. Mas a luz não para e nem diminui sua marcha. Parece querer chegar a mim, mas com pressa calculada. Não se adianta e nem se atrasa. Sua marcha é sempre a mesma...
Enquanto penso nisso, vejo-me diante dela. Na verdade, não se trata de luz espiritual ou uma estrela que do céu tombou ou mesmo a mão divina de Deus a iluminar meus caminhos em trevas...
Deparo-me, com muito espanto, diante de uma casa... num fim de mundo...
A casa é humilde e suas luzes estão acesas.
Uma voz de mulher me faz estremecer. É uma voz pura, mas sofredora... Ela chora... Eu choro...
Observo mais o ambiente em que me encontro, mas nada há de animador ou de belo. O lugar é tão humilde quanto a morada que seu chão sustenta.
Mas quem será que chora numa hora destas? Hora em que todos repousam... Hora em que todos sonham seus sonhos mais secretos ou sem vida.
Por que choras, senhora?
Então, agora, eu vou até a luz. Penetro no alojamento... Olho em volta. Tudo é humilde, mas com vida... Talvez não seja uma vida em flor, mas com restos de uma juventude perdida!
Penetro mais, e mais... Então, aquele choro fantasia toma forma e vida.
Ajoelho-me, escuto... Vejo. Há uma senhora adormecida que traz nos braços, braços estes cansados do trabalho, uma criança.
Observo a criança... Ambas as crianças...

Ninguém me vê!

A criança delira. Seu delírio é o murmurar de uma voz infantil muito meiga.
A mãe chora baixinho... Reza calorosamente e é embalada por uma brisa suave que penetra por entre as janelas.
Observo mais e mais quero observar...
Noto, então, mais gente... Crianças; quantas! Olho-as e involuntariamente as abençoo... Imagino as dificuldades por que passam aquelas criaturas e não sei por que sofro também.
Deparo-me comigo a chorar... Não consigo explicar o porquê de me encontrar ali. Esqueci quem sou, o que faço e farei... Lembro-me vagamente de flores e muito choro... Gritos em sussurros... Não me lembro de mais nada. Mas quem é aquela senhora? Que chora e por que choras? Simplesmente não sei...
Olho-a mais e mais. Seus traços, agora posso ver, me são familiares. Mas, quem és minha senhora? E por que choras? Nada me responde...
Daí noto a casa. É-me familiar. Tudo me é familiar... Reparo nas crianças; na cama de casal sem o cônjuge. E me recordo...
A mulher eu conheço, seus filhos também. Da casa me recordo...
Oh, mulher! Sei quem és e por que choras.
Ah, humilde serva, não te sacrifiques tanto!
Oh, mulher, tia minha, primos meus, meus parentes! Sois vós... Não creio!
Recordo tudo... Teus sofrimentos, suas angústias e depressões! Lembro-me de sua vontade de não mais viver... Ora, por quê? Sois boa, adorável... Levanta-te e segues em frente! Lute muito! Não queiras acabar com sua existência... Tens algo, ainda, muito importante para cuidares: seus filhos! Lute sempre!
Dediques, quando possível, uma prece para mim que já me fui daqui.
Agora sei quem sou, o que faço e farei...
Minh’ alma repousa aos pés de Deus e de seu filho, salvador da humanidade!
Não te esqueças de mim... Eu nunca me esquecerei de ti!
Posso caminhar pelo mundo afora. Descobrir mundos... Mas minha passagem pela vida terrestre estará sempre marcada por Ele!
agosto/ 1969

⁠Saudade e um vazio

Um livro qualquer da estante...
Pego-o
Aquele vazio de não me acostumar
Bate em mim
Forte.

Uma data simples, comum: outubro de 2019,
Marcou aquele fim de ano.
Penetra-me
Sem machucar!
Finca o pé sem estreitar visões
Sem deixar sinal
É só um passado... quase distante,
Vindo de livros

Um passado que está onde deve ficar,
Pois lembranças nada são que memórias
_______> Vêm e vão _______>
Passam
Nada mais são!

11/09/2024

⁠Tarde suspensa - choros e céus abertos


Olho o horizonte com céu aberto.
Parece um espaço mágico sobre a Terra.
Enxergo pedacinhos encantados de vários céus:
__ Azul, azul com traços de água a vapor.

Nuvens voam pelo espaço entre o meu eu e o ser ao lado,
Um choro forte emana de profundezas ancestrais,
Mas não serve de consolo.
Vejo nuvens ora pesadas, ora leves como o nada,
Ora como poeiras cósmicas ou de estradas.

Escuro total, breu emana sem limite demarcando meus vazios.
Ouço o Sol nascente, a pino ou poente,
Agora a indicar limites consistentes.

Água...
Água voadora entre hemisférios a umedecer e fecundar a vida.

Água:
...Vaporizada
...Líquida
...Gelada
...Pesada ou leve como pétalas
...Ou em flocos levados pelo vento
...Sadia
...Contaminada
...Rebelde, como tempestades e tormentas.

Pedacinhos encantados por vários céus...

Meu céu interno aproveita o tempo e se manifesta:
...Vibra
...Chora lágrimas em vapor, profundas ou em cascatas!

Digo adeus e bato a porta.
Sono profundo, por hoje, basta!

junho/ 2021

⁠Foco na construção da vida

Seguir reciclando a vida e o já vivido.
Basta de manter o que não é mais necessário e é supérfluo:
- seja em coisas materiais, relacionamentos, projetos ou pessoas.
- não fique com os votos e os vínculos que se foram, apesar das marcas e das realizações surgidas.

Basta das coisas que não têm mais razão de ser.
Deixe o novo penetrar os olhos, o coração e a mente.
É preciso abrir-se para tudo que já foi pensado e sentido.
Projete tudo em sua mente, em seu coração e, através de seu corpo e de suas mãos, modele o ar, a terra, o fogo, o céu com sentimentos nobres.
Baixe do Cosmos tudo que precisa, toda a energia disponível.
Reencontre-se, pois seus projetos eram embriões que agora, fertilizados, pedem para brotar e nascer.

A vida é sempre bela. É o maior presente que os criadores do Universo nos proporcionaram.
Olhe! Mais que isso, enxergue tudo o que sempre esteve com você, o seu melhor.
Mas não esqueça dos seus limites e dos outros seres. Tudo nos indica que estamos neste mundo para evoluirmos, melhorarmos.
Viemos do pó do Universo, do Cosmos. Nossa caminhada vem de longe e não tem fim.
A vida tem um sentido e uma razão de ser. Busque-os!
Nossa essência pessoal e a divina, entrelaçadas, nos conduzem.
Abram-se corações e mentes!
Deixe-se ser levado pelos seres de luz.
Aprenda com a luz, as trevas e com as sombras!
Estamos todos no mesmo caminho e no mesmo barco, apesar dos passos de cada um serem diferentes.

Não hesite!
Siga!
Coloque tudo numa nova gaveta, reorganize suas coisas e atividades.
Nomeei-as e se organize para ter clareza do que fazer da vida.

set/2021

⁠Ondas e pessoas

Uma a uma as ondas chegam,
quebram na praia.
Uma a uma as pessoas chegam ao mar
E eu a contemplá-lo como se não existisse.
Mas é real.
Pode-se tocá-lo, mergulhar
Em profundas ondas...

O pescador com a família sonda as águas.
Choveu e tudo toma cor de cinza.
Céu e mar, um corpo só.
Céu no mar.

As águas sondam o pescador com a família.
Ao longe, mãos, braços, corpos que trabalham
Já não sondam mais.
Sol ou chuva?Não importa...

Gente e rede, um corpo só!
Gente na rede!
Os frutos pulando, murmurando sons de morte.
Um a um, fruto e gente, deixam a rede.
Sol – chuva – mar.

Novamente frutos na rede...
Vida que não se quebra.
Outra vez gente na rede.
Mar.
Gente.
Rede.
Frutos.
Assim, sucessivamente, até que
os braços deslizem pelo corpo e encontrem
a terra para repousarem eternamente.

Out/1978

Casa de meu pai e cinzas
*
⁠Adentro a casa habitada por meu pai desde menina
- agora espírito!
Estranho a sua ausência...
Onde está o ser vivo
de matéria carbonada de infinitos?
*
Dos céus, estrelas caem, cadentes,
sobre minha existência.
Deixam-me a pensar na vida:
__ Como pode, aquele ser,matéria viva,
ser hoje, espalhadas cinzas?
*
Enfim, a madrugada finda...
*
2024

⁠Despertar

Um dia, deixei hibernando o amor que me servia
De guia, encantamentos e prazeres.
Hoje, desperta pelas águas mansas do futuro,
Compadeço-me por ter dormido tanto
Sem abrir meus olhos à verdade!

Entorpecida pelo dia a dia que me sugava e consumia,
Inativa, busquei viver por meio
De mil afazeres e enganos violentos.
Hoje, desperta pelas águas mansas do futuro,
Agradeço a oportunidade do reencontro e do resgate!

2024

⁠ACORDA!
(Assim, não. Continua até quando der!)

Desabafo?
Não!

Insônia?
Não!

Sonhos?
Sim!

Acorde.
Durma.
Fale!

Movimentos ________^^^^^^^^^________********_______~~~~~~~~

Ande & desande!

(dez/ 2017)

⁠DESFILIAÇÃO & ENTREGA
(Entregar ao universo. Abrir mão... Desapegar)

Processo do entregar...
Começou!
Não serve, descarte!
entregue!
Deixe que outro assuma.

Melhor:
__ Assuma-se!

Esse outro que não é seu,
Que é dele mesmo:
__ Vá a seu próprio encontro! Então,
• Desligue-se,
• Desprenda-se,
• Desfilie-se!

Amém.
Assim seja!

(2017)

⁠Pequeno caminhante...
(Inspiração adolescente)

Caminhante, seresteiro, sempre a esperar
Uma gota angelical a lhe acalmar
Uma aflição desesperada, onipotente,
Que nem deus dos deuses compreenderá.

Pergunta-te Oh, Senhorzinho, ao ver
Um giro de anjo no ar, se podes mais uma vez amar.
Amor que figura em ti é gostar,
Amar o ser de mulher a correr...

E, então, quando consegues o amor alcançar
Nada há mais a fazer...
Tu, seresteiro, estás a sofrer,
Estás quase a morrer...

E quando encontrares a morte em morrer
Irás querer amar mais a vida, viver!
Então, não deixes que uma musa em ti se infiltre
E te faças sofrer sem querer.

Ame-a e também a ti e, sabiamente, amarás!
Não necessitando que a morte se apresse
Para, então, tua vida desmanchar...
Tua vida levar!

(1968)

⁠ONTEM

Na razão inconsciente
Da minha mente insatisfeita,
Vi quebrarem-se as barras de ferro.
Senti um desejo
De residir em nós.

Na loucura da minha consciência
Quase satisfeita,
Vi unirem-se as barras do sentimento.
Sumiu, então, a moradia que nos unia.

A morada se vestiu
De um brando amor humano.
A mente tomou o seu lugar...
O coração repousou,
Bateu leve.
E as mãos uniram-se fortes e ternas.

Abril/ 1971