Coleção pessoal de helenagsr
Eu sou uma combinação de todos os defeitos do mundo: estou propensa tanto ao ódio corrosivo quanto à paixão avassaladora.
Eu possuo certa dificuldade em absorver as pessoas dolorosamente simples. O ritmo previsível da alma sem conteúdo não passa de uma morte a céu aberto.
Eu não temo as pessoas emocionalmente mortas. Perigosas são aquelas que sangram - mas que, apesar de tudo, escolhem sobreviver.
Entenda, meu bem:
Só porque eu nunca dancei conforme a música não quer dizer que ficarei estática na pista.
Não estou desistindo. Somente abdico insistentemente de enxergar o que os outros negligenciam – é um trabalho árduo! Cansei de ser vítima da superficialidade. Agora serei apenas uma sobrevivente.
Não posso negar que em determinado momento eu acreditei. Acreditei que existiria alguém transbordando dentre tantas pessoas rasas. Alguém que não desistiria quando tudo parecesse aterrorizante e impossível. Alguém que realmente se importaria. Mas acabou a espera. Diante de meus inúmeros fracassos percebi que a esperança é um fardo monumental para carregar.
Você pode até censurar as minhas características masoquistas, entretanto, acho que deveria levar a sério quando digo que as dores amenizam e as feridas cicatrizam com o passar do tempo. É preferível dar de ombros diante de um fracasso do que definhar pensando no que poderia acontecer.
(E isso, meu caro, é questão de escolha! )
Despir as roupas é muito fácil, complicado mesmo é despir as máscaras. Vomitar declarações fajutas próprias de um amor dissimulado é simples, difícil é permanecer voluntariamente apesar de todos os medos, inseguranças e imperfeições. Somente quando a ficção cede lugar à realidade e a rotina não é capaz de massacrar uma relação, a entrega pode ser plena - nunca subestime o poder mágico da sucessão dos dias que fazem as barreiras que criamos ao longo dos anos desmoronarem.
(Acredite: o tempo nem sempre é o vilão do nosso conto de fadas.)
Apesar da legitimidade do sofrimento, certas escolhas determinam o nosso destino e conviver com a turbulência de emoções é apenas a consequência dos amores mal resolvidos, fantasmas que nos assombram cada vez que olhamos para trás.
Sou escrava das lembranças inúteis, refém de um passado moribundo do qual não consigo me desvencilhar.
Atacar o parasita do amor não correspondido é expulsar da alma a súbita doença que nos arrasta aos sonhos impossíveis, à cega esperança que permanece na clandestinidade.
(Somos mariposas atraídas para a luz!)
Apesar de todas as avarias, ainda prefiro a desordem dos sentimentos à simetria das plastificadas emoções.
O meu desprezo é direcionado aos covardes de espírito seco e de coração oco que temem a intensidade de existir. Portanto, meu bem, não seja dominado pela apatia: lembre-se de que não há esperança para aqueles que negligenciam as suas próprias emoções.