Coleção pessoal de arlivre
O jeitinho brasileiro não é somente ruim e tem seu lado positivo, que deveria ser mantido. Que mantenhamos então a criatividade e o dom de improvisação, mas sem a pilantragem, o egoísmo e a falta de respeito mútuo.
Se você é um ser humano que deseja crescer, amadurecer e (!) ser realmente feliz, não tenha então medo da clareza, de ver as coisas com sobriedade e como realmente são. E, mesmo que a clareza seja “pesada”, nunca esqueça que você é forte o suficiente para carregá-la.
Ser feliz é encontrar dentro de si aquele sentimento que conhecemos de nossa infância, quando vivíamos aqui e agora, sem preocupações e sem máscaras, quando erámos porque erámos e não porque tínhamos alguma coisa, quando tínhamos uma consciência bela e pura de que felicidade simplesmente existe, sem precisar de apetrechos, status, enfeites, fama ou seja lá do quê.
Se formos medrosos, vamos optar por tomar mais uma “injeção de consumo e distração” e, como um viciado em drogas, confundir mais uma vez essa embriaguez com a realidade.
Temos medo de abandonar uma trajetória percorrida até agora por estarmos familiarizados com ela, porque achamos mais fácil nos prender a uma “felicidade” trazida por um milhão de coisinhas passageiras e superficiais do que buscar uma felicidade profunda e plena.
Temos medo de ser infelizes, tememos a angústia, tememos até mesmo perceber que somos frágeis, que somos passageiros, que tudo e todos um dia terminarão de existir (neste mundo). Assim tentamos distrair essa angústia, essa aflição, correndo o tempo todo atrás de alguma coisa que desvie nossa atenção, atrás da “injeção de felicidade imediata” que nos traz acalanto e paz interior, mesmo que somente aparentes.
Não é triste ter a coragem de optar por passar o ano novo em casa, tranquilo, sem grandes festas e balangandãs. Triste é ter perdido essa capacidade.
Não é loucura caminhar com as próprias pernas. Loucura é se deixar levar pelo “rebanho”, sem nunca questionar o percurso.
Você quer saber minha formação? Bom, minha formação, eu diria, foram duas mulheres. A primeira foi minha mãe, que acreditou muito em mim e me ensinou a me virar neste mundo, dando-me exemplo, lutando, correndo atrás, mas sem nunca querer nada que não fosse fruto do próprio trabalho, não tendo muito, mas sempre partilhando o que tinha, sem nunca reclamar e sempre repetindo que eu usasse minha cabeça para aquilo que ela melhor sabe fazer: pensar. A outra foi minha avó, com quem tive muitas conversas longas e que me ensinou muito sobre a vida e sobre o que ela via por trás das coisas, e que também dizia que eu realmente deveria usar a cabeça para pensar, mas sem nunca deixar de usar o coração para sentir. Essas duas mulheres sensacionais foram minha formação básica. O que veio depois, foi só complemento