Coleção pessoal de gtrevisol

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Como teria eu opiniões íntegras se não me basta ser o que sou e se ardo por parecê-lo?

Não percebes que aquilo que para o homem é o princípio de todos os males, e da sua baixeza de alma, e da sua cobardia não é a morte, mas muito mais o temor da morte?

Tem a cada dia diante dos olhos a morte, o exílio e tudo o que parece assustador, principalmente a morte: jamais terás então qualquer pensamento baixo ou qualquer desejo excessivo.

Se quiseres, és livre; se quiseres, não censurarás ninguém, não te queixarás de ninguém, tudo acontecerá ao mesmo tempo segundo a tua vontade.

Ninguém pode fazer com que você se sinta inferior sem o seu consentimento.

Procura limpar a vasilha antes de lançar nela seja o que for; quer dizer, antes de pregar a virtude, reforma os teus costumes.

Desterra de ti desejos e receios e nada terás que te tiranize.

Não busque a felicidade fora, mas sim dentro de você, caso contrário nunca a encontrará.

Eu sou uma parte de tudo, tal como a hora é uma parte do dia.

Se beberes água, não digas por tudo e por nada que bebes água.

Querias ser livre. Para essa liberdade, só há um caminho: o desprezo das coisas que não dependem de nós.

Numa palavra: desafia-se a si próprio como se fora um inimigo de quem temesse várias armadilhas.

A propósito de tudo o que te afecte os sentidos (ora de maneira agradável ou aprazível, ora pela sua utilidade, ora ainda por afeição ou amizade), não te esqueças de te interrogar sobre o que verdadeiramente é, por mais insignificante que te possa parecer o objecto eleito. Se uma panela tu prezas, não te coíbas de dizer para ti: «É uma panela que deveras me agrada». Porque, através desta maneira de proceder, de maneira nenhuma serás afectado caso ela um dia se parta. Se abraças o teu filho ou a tua mulher, tem sempre em atenção que mais não abraças do que seres humanos. Se um deles te morrer, e só assim, a perturbação não se apossará de ti.

Livre é o que tu queres ser. Ora só um caminho há para que alcances esse estado de liberdade - o menosprezo pelas decisões que de nós não dependem.

Sem mais dinheiro no banco;
Sem mais a quem agradecer;
O que é que vou fazer?
Vamos apagar as luzes e dormir.

Nenhuma das coisas que se admiram e se buscam com zelo é útil aos que as obtiveram; mas quando ainda não se as têm, imagina-se que, se acontecerem, todos os bens estarão presentes com elas; e, quando estão diante de nós, sentimos a mesma febre, a mesma agitação e aborrecimento, o mesmo desejo pelas coisas que não temos. Pois não é saciando-se com as coisas desejadas que se prepara a liberdade, é pela supressão dos desejos.

Tudo quanto possuis te parece pequeno; tudo quanto possuo me parece grande. O teu desejo é insaciável, o meu não. Olha a criança enfiando a mão num jarro de gargalo estreito tentando retirar as nozes e os figos ali contidos: se enche a mão, não a pode tirar, e põe-se então a chorar.
- Deixa algumas nozes e poderás tirar as restantes!
Tu também: deixa o teu desejo ir-se embora, não ambiciones muitas coisas, que algo obterás.

Há pessoas que não param de se atormentar com lembranças das coisas passadas; outras se afligem pelos males que virão. É tudo absurdo, pois o que já aconteceu não nos afeta e o futuro ainda não nos toca... Devemos contar cada dia como uma vida separada.

Algo de semelhante ocorre com as moléstias da mente. Sempre ficam traços e empolas e, a menos que sejam efectivamente eliminadas, golpes subsequentes no mesmo local produzirão, não mais meras empolas, mas feridas. Se não queres ser propenso à ira, não lhe cultives o hábito; não lhe dês nada que possa contribuir para agravá-la. A princípio, fica quieto e conta os dias em que não estás irado: «Eu costumava irritar-me todos os dias; depois, dia sem dia não; mais tarde, a intervalos de dois dias e, logo em seguida, de três!» Se conseguires passar trinta dias sem te irares, faz um sacrifício aos Deuses, em sinal de agradecimento.

Antes de teres apurado a razão que levou alguém a proceder daqueles modos, como podes tu saber, em boa verdade, se alguém procedeu bem ou mal? E só deste jeito, ó caro, não correrás o risco de te pronunciar sobre situações falsas tendo-as como situações verdadeiras.