Coleção pessoal de grasypiton
"Se gosto de alguém, todas as outras ficam em preto-e-branco e sem sal. Como se daltonismo não fosse um problema da vista, mas, sim, uma mensagem que o coração manda quando já está ocupado pelas cores de alguém."
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E ser revolta
quando se quer um tantinho de mansidão...
ser passageira,
quando no fundo só quer ir ficando...
ficando
e ser rasa demais, quando, de verdade, se quer profundezas
profundidades aconchegantes,
profundidade mais tranquilizadora.
e no fim de tudo, invejar o barquinho,
ficar querendo só de deixar levar pela correnteza.
'relaxa e flui,
barquinho na correnteza'
Existe algo ainda preso dentro de mim.
iêiê ô
Essa saudade sem nem motivo
Esse seja o que for
Parece partida
Já tá de saída?
Fica mais tempo, mais que o permitido
Que o necessário
Que o possível
Que o ordinário
Me diz
Que dor é essa que só faz supor
Que relembra o que já foi
e dói não sei porque
e vem não sei de onde
Seja o que for
Mesmo que esteja longe
Guarde para si
meu amor por ti
Me abraça, me encanta
Me leva contigo
Me dá abrigo
Nas histórias dos seus livros
Nos marcadores dos seus cadernos
Nos seus agoras e nos eternos
Cultive um tantinho de encanto
Para que cresça e torne-se mais que um tanto
Da hora da chegada
Até a hora de partir
Enquanto estiver acordada
Até a hora de dormir
Cercas físicas serão transpassadas. Muros serão derribados.
Liberdade é água natural num mundo de olhares desertos, luz num caminho cheio de buracos. Liberdade é poder ver a Lua e plantar sob sua benção, colher e comer sem coçar o bolso. É também, em essência, desnudar-se, elevar-se; derrubar a cerca em volta de si, enxugar esse excesso de racionalidade no peito que nos afoga em remorsos futuros. O coração é selvagem, instintivo, intuitivo, momentâneo, livre. Se assim não for, fere-se nas cercas, cria casca, vira pedra, morre por uma insuficiência 'amorística' que nós mesmos criamos.
Uma flor não pede permissão para nascer no asfalto. A borboleta voa efêmera e não teme a morte, porque em todo momento vive. Pois o contrário da Vida não é a morte, é o não amar.
Quem viveu a loucura do casulo, loucura enxerga no auto-aprisionar.
os rios que correm
pro teu mar
são minhas águas
são minhas ondas
são poesias
doídas
brotadas da nascente
escondida na tua casca
eu, semente, me afogo
depois
fecundo
pra então
transfor - mar - me
na primavera
de sempre
Ela
Quem é ela,
que nao espera na janela
Nao vive a espera,
Faz o mundo ao modo dela girar
Quem é ela,
Faz do pouco um bucado,
Deixa meu dia enfeitado,
mesmo sem ela esta.
Quem é ela
que com seu jeito timido, meigo, e sincero,
Fez do mundo um castelo,
Para me guarda.
Quem é ela,
que com tao pouco,
Me faz morrer de amar...
é que vez em quando
dói, sim, bastante
então eu deságuo
pra dentro
dos dentes
mais fundo, no peito
transbordo
é que vez em sempre
insisto, sim, acredito
então eu floresço
pra f(l)ora
dos olhos
mais alto, no ar
flutuo
Tengo
la "enfermedad"
de las mujeres.
Mis hormonas
están alborotadas,
me siento parte
de la naturaleza.
Todos los meses
esta comunión
del alma
y el cuerpo;
este sentirse objeto
de leyes naturales
fuer de control;
el cérebro recogido
volviéndose vientre.
Quero estar aí contigo,
ter um travesseiro do lado do teu
E poder te observar
todas as noites,
até que meus olhos fechem
Aos domingos
desejo fazer-te infinitos cafunés
Enquanto deita em meu peito
e conta-me as tuas histórias
Não ligo para o tempo
me interessa somente você
Enlouqueço aqui
só de pensar em te ver.
começa
em um
átomo qualquer
depois toma
toda a célula,
um organismo
e eu vou
derrubando regimes,
depondo tiranos
explodo
em luta,
em euforia
eu luto!
cada órgão
marcha
o sangue
ferve
e anuncia:
a luta
segue
resistente
e o grito ecoa
enquanto
pulsa o coração
é dentro da gente
que começa
a revolução
Saudade
só é bonita no papel,
com verso e rima se encontrando,
mas vivida é ver o céu
do mundo inteiro despencando...
alidade explodiu
quase toda
a minha confiança
acontece
da gente se surpreender
e até se assustar
feito criança
entretanto, depois do choro
dancei
não que ache tudo uma festa
mas é que quando a vida bate
sorrir é o que me resta
e eu não me importo
com os olhares
os dizeres
e eu acho estranho
trocar sonhos
por prazeres
eu ainda acredito no amor
O fio da minha palavra
Tece o teu poema.
Sendo quase uma linha
Procurando seu alinho.
O teu poema
Quando seguida da minha
Palavra, torna-se erguida
A sensação atravessada
De te sentir perto.
O teu poema,
Como bem sinto,
É uma mantra
Para os meus ouvidos!
A minha palavra,
Como bem vês,
É a tinta, que pinta
O teu desenho.
E a minha palavra
É a inspiração pra
Tua mente imaginária...
E realista!
Não venhas me fazer
de sua flor
Já que me queres
para arrancar
cada pétala
Arriscando amor e dor
ao som de
Bem me quer,
mal me quer.
Para os que Virão
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.
Mas vocês, estudantes de todo o mundo, jamais se esqueçam de que por
trás de cada técnica há alguém que a empunha e que esse alguém é uma
sociedade e que se está a favor ou contra essa sociedade. E que mesmo
quando não se fala de política em nenhum lugar, o homem político não
pode renunciar a essa situação imanente à sua condição de ser humano.
E que a técnica é uma arma e que quem sinta que o mundo não é tão
perfeito quanto deveria ser deve lutar para que a arma da técnica seja posta a serviço da sociedade, e antes, por isso, resgatar a sociedade, para que toda técnica sirva à maior quantidade possível de seres humanos, e para que possamos construir a sociedade do futuro - qualquer que seja seu nome [...].
A Teia
Toda a história da generosidade falsa dos nossos opressores
Não vale um dia de luz da solidariedade dos povos oprimidos.
A mão estendida nada mais receberá
Senão outra mão estendida
Para construir o que se quer.
Toda a história da generosidade falsa dos nossos opressores
Não vale um dia de luz da solidariedade dos povos oprimidos.
Os passos corridos não caminharão para as pedras
Será a terra justa nosso caminho.
O alimento dado aos que tem fome será negado
Senão o alimento da partilha, o alimento da vida.
A vida para os que aprenderam a amar vivendo
Será alimento para os que têm fome não só de comida.
Toda a história da generosidade falsa dos nossos opressores
Não vale um dia de luz da solidariedade dos povos oprimidos.
Os sonhos estéreis dos opressores serão de nós recolhidos
Sonharemos com o mundo no qual as palavras
Sejam coloridas com a tinta que transmuta
Toda luta em sonho
Todo sonho em luta.
SOMOS NÓS
Vocês dizem que não entendem
Que barulho é esse que vem das ruas
Que não sabem que voz é essa
que caminha com pedras nas mãos
em busca de justiça, porque não dizer, vingança.
Dentro do castelo às custas da miséria humana
Alega não entender a fúria que nasce dos sem causas,
dos sem comidas e dos sem casas.
O capitão do mato dispara com seu chicote
A pólvora indigna dos tiranos
Que se escondem por trás da cortina do lacrimogêneo,
O CHICOTE ESTRALA, MAS ESSE POVO NÃO SE CALA..
Quem grita somos nós,
Os sem educação, os sem hospitais e sem segurança.
Somos nós, órfãos de pátria
Os filhos bastardos da nação.
Somos nós, os pretos, os pobres,
Os brancos indignados e os índios
Cansados do cachimbo da paz.
Essa voz que brada que atordoa seu sono
Vem dos calos da mãos, que vão cerrando os punhos
Até que a noite venha
E as canções de ninar vão se tornando hinos
Na boca suja dos revoltados.
Tenham medo sim,
Somos nós, os famintos,
Os que dormem na calçadas frias,
Os escravos dos ônibus negreiros,
Os assalariados esmagados no trem,
Os que na tua opinião,
Não deviam ter nascido.
Teu medo faz sentido,
Em tua direção
Vai as mães dos filhos mortos
O pai dos filhos tortos
Te devolverem todos os crimes
Causados pelo descaso da sua consciência.
Quem marcha em tua direção?
Somos nós,
os brasileiros
Que nunca dormiram
E os que estão acordando agora.
Antes tarde do que nunca.
E para aqueles que acharam que era nunca,
agora é tarde.
O homem só
cerra os punhos
cruza os braços
e fica mudo.
O homem só não tem companhia.
O homem só
tem seu próprio testemunho
sentado,
avista o mundo
com olhar de autonomia.
Disseram ao homem só:
quem fecha os punhos, nega apertos de mão
quem cruza os braços desperdiça um abraço
quem fecha a boca
grita solidão.
O homem só respondeu:
um punho cerrado é sinal de proteção
cruzo os braços, pois eu mesmo me abraço
se precisar de companhia,
peço a ti tua atenção.