Coleção pessoal de giovanasavieto
E já não posso esperar o momento de começar a encontrar.
Já não posso esperar o momento de calçar as sandálias e correr ao seu encontro.
Não. Não possuo nenhuma espécie de medo em frente as minhas realizações. A minha explicação para isso é a ira que sinto quanto à falta de circunstâncias que me impedem de viver o que eu sou.
Indago entrelinhas antes de tornar tais palavras reais, e junto com meu bom senso, ajusto-me a vida como quem compra um número menor de calça jeans: não me importo de ser incabível pelo fato de não poder esperar o momento de transbordar voz entre as palavras.
Por isso eu lhe digo, meu jovem: Cabe a você definir o seu valor. E dentre todas as minhas razões, é por isso que eu não falo de amor.
Aceitar sua objetividade é como soldar a ponta desta espada aparentemente absoluta. Seu lábios abstratos gritam por entendimento, por envolvimento, por paixão.
Não falo de amor, meu jovem. O amor é algo que devemos viver e eu já não tenho fôlego para isso. Sobrevivo apenas entre goladas de café, uma vez ou outra mantendo minhas pálperas ardentes. Mas não, não falo de amor.
Pensamentos invadem o meio termo entre imaginar o inimaginável e desejar o indesejável.
E o que fazer quando não se pode lutar contra a ordem natural das coisas?
Recomece, apenas recomece.
Pensamentos se vão no meio tempo em que trocam-se frases e sentimentos. Algum tempo se passou e você ainda observa as constantes mudanças de humor ao seu redor. Elas não são importantes nem relevantes, porém são provas de que você se perdeu… Sempre há a esperança de se encontrar num rosto, ou no acaso.
Como um meio observador, embora não sem razão, notei os fios queimados do seu cabelo amanhecido. Tão bela era aquela criatura com montanhas nas sobrancelhas e estradas nas costelas...
E a Arte é o que sobra do desespero.
A complexidade camuflada em cores quentes, o ápice, que quando exposto faz os olhos congelarem e os batimentos pararem; alucinados; tão completo que se torna capaz de entregar-se à vida, à ardência, ao desejo.
É o quê não existe, mas que pode ser tocado:
Perfection.
Agora ela já é capaz de sentir as mudanças ao seu redor, uma vez que dentro de si, já não é a mesma.
Minhas cartas não pedem socorro;
Minhas palavras não dizem quem eu sou;
Minhas palavras não me escondem da realidade...
Minhas palavras ensaiam momentos de felicidade.
Hoje pela manhã, ensaiei palavras de felicidade, acabei perdendo a hora.
Como eu desejei que alguém pudesse ver.
A falta não é saudade.
A saudade é um atalho; A falta é a espera.
Sinto saudade da sombra das árvores que existiam do outro lado da rua, até das folhas que camuflavam meu quintal. Como é fácil pensar que logo posso substitui-las plantando outras no lugar.
Por esta razão, não sinto saudade daquilo que sinto falta, pois sentir falta é não ter a semente, é possuir apenas a presença de uma vaga vazia e insubstituível.
Sentir falta é a ausência do que nos pertence sem pertencer. É saber que não éramos os únicos donos de nós mesmos.
A falta não é saudade.
A saudade é vulnerável; A falta é absoluta.
É como esperar o sol em pleno inverno.
Ele poderá bronzear as nuvens uma vez ou outra e satisfazer à quem sente saudade. Porém, a quem sente falta, só restará a espera, mais uma vez. Apenas a certeza de uma incerteza previsível de que ele aparecerá.
Eu preciso quebrar alguns espelhos que ainda refletem a sua imagem. Quero te-lo feito chuva de dezembro, por inteiro, intenso. Não apenas mais uma fotografia.
Eu preciso quebrar o que sempre foi igual, como o frio no mês de julho, quero uma luz amarela.
O difícil não é a escolha, e sim o convívio. Tudo depende do seu nível de vulnerabilidade, tudo depende do seu estágio de acomodação...
Ou seria de "acostumação"?
Eu proponho: Pegue o modo como olha para você e veja o mundo. Agora pegue o modo como vê o mundo e olhe para você.