Coleção pessoal de gilfleming
Sublime desejo,
Que impetuosamente destrona a razão
Que incendeia meu corpo, denunciado pela vultuosidade
Que expande o membro fazendo evidente sua urgência
Lateja, esbraveja, peleja
Na procura por espaço, invade e apreende
Na insana necessidade se torna proeminente
Na atitude inquieta causa transtorno
Grita, luta, farta
Enfim liberto, busca a prisão
Enfim descoberto, busca discrição
Enfim satisfeito, busca renovação
Aliviado, cansado, amado.
Muito poderia ser dito, entretanto, palavras há em abundância para o pouco que se apreende. Mister se faz o próprio pensar.
O que diria o orgulhoso besouro à rosa?
- Sou forte. E tu?
O que diria a deslumbrada borboleta à rosa?
- Mudei para melhor. E tu?
O que diria a eficiente abelha à rosa?
- Vivo para trabalhar. E tu?
O que diria o esplêndido beija-flor à rosa?
- Posso bailar. E tu?
O que diria o insistenta grilo à rosa?
- Sei tocar. E tu?
A rosa, quiçá, diria:
- Sou frágil, inerte, estática. Não tenho prendas nem ofício, porém dôo minha vida para lhes dar vida e sou feliz por isto.
P.S. – O Filho do Homem ensinou – “prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão”.
Quem tem olhos, que veja. Quem tem ouvidos, que ouça.
Espraiar púrpura de sonhos
Nuvens e montes se fundem no horizonte ígneo
E o pensamento expande a possibilidade física
Olhando assim o céu calmo e color
Ultrapasso as barreiras do ser, do real
E alço vôo em busca do dever-ser, do ideal
Perdido nesta contemplação sideral
Comungo com o universo – mesmo corpo, mesmo espírito
E a vida ganha razão na beleza da criação.
A necessidade de crescimento, ainda que dolorosa, haja vista a ascendência da preguiça sobre o espírito humano, deve ser satisfeita; não só saciada, mas, acima de tudo, fomentada, numa busca constante de aperfeiçoamento.
O que separa um vencedor de um perdedor é, única e exclusivamente, a capacidade de resistir ou se deixar vencer, parar a meio caminho ou perseverar, mesmo (e especialmente) nas adversidades.
O direito de resistência (jus resistentiae) é imanente ao ser humano, sendo o que de melhor há na sua condição racional, devendo, por isso, ser respeitado e aplaudido por todos aqueles que detenham poder sobre o destino de outrem.
Já não espero compreensão, nem te desperto mais no meio da noite.
Ainda lembro dos cantos escuros, das lágrimas derramadas
Sozinho, calado, para não permitir meu sofrimento, sei que desdenharias
Hoje estou em paz, aprendi viver à sua margem, independente
Encontro consolo no sorriso daqueles que de mim são parte, obra viva do meu ser
Quanto ao fogo da paixão, digo: ainda vive, incomensurável
Ávido por arder falta-lhe objeto, desespero do corpo, angústia da alma
Contido, sigo, na esperança de uma nova curva, talvez alguém na beira da estrada, acostado, à espera do que tenho em abundância.
O cérebro deve ser tratado tal qual um músculo. Se exercitado, torna-se forte e aumenta sua capacidade. Relegado, atrofia, advindo torpor e inépcia.
Admitir isso é só o início do caminho. Há que se ter vontade, malhar com determinação, buscando sempre alcançar o nível acima. Desta forma, o objetivo passado, frente ao futuro, sempre se torna mais fácil, preparando-nos para o que virá.
Um segundo passo é ter fibra, não perder o horizonte, o alvo concebido. Resistir as tentações do comodismo e da conformação, pois só assim faremos jus à nossa racionalidade.
A época mais feliz da minha vida, foi quando parei de buscar a felicidade.
Se me fosse dado aconselhar alguém, diria: - não procure a felicidade.
Aonde está escrito que nascemos para ser felizes.
Nascemos para viver e para se viver plenamente é necessário dor, desespero, tristeza, perdas, derrotas, enfim, tudo o mais capaz de nos fazer sentir o pulsar da vida.
A felicidade é só uma dentre as centenas de emoções e sensações que a vida nos oferece.
Portanto, não fique se lamentando pela sua infelicidade, é também para isso que estamos aqui. Aproveite, aprenda, cresça, talvez seja sua última chance.
Ser feliz, ou não, não é a questão. Nunca foi. O importante é a vida. Ao penetrar nessa verdade você terá a verdadeira felicidade, mesmo na infelicidade.
Fúria avassaladora, eu sei quem és
Sei da onde vens e para onde vais
Sei o que queres e o que abomina
Sei da tua coragem e do teu medo
Sei da vontade de chorar nas tardes de chuva
Sei da impotência quanto à infância infeliz
Sei das lembranças dolorosas que insistem em te acordar
Sei do teu início e tremo em pensar qual será teu fim
Sei que nada posso fazer, mas mesmo assim tento
Tento afagar teus cabelos, empastados com o desespero
Tento enxugar tuas lágrimas, já vermelhas
Tento acariciar-lhe o rosto, ainda suado do último pesadelo
Tento abraçar-te, assombrado por teu tamanho
Tento virar tua face, tirando-a do passado
Tento um sorriso e me amedronto com a dureza desta cerviz
Tento, por fim, chorar. Um choro manso, miúdo, sorrateiro,
insistente. Choro de quem gosta, quem procura a felicidade.
Calmo, sereno, ainda que passional.
Assim, pacientemente, espero penetrar no vórtice e dissipar,
antes que seja tarde, teu furacão.
Há, digam-me, dia certo para ser feliz?
Ou quem sabe hora determinada?
Já não bastam todos horários a se cumprir?
Então – meu amigo – não espere, pois HOJE é sempre o melhor dia para ser feliz.
Ouço, ao longe, os gritos do bardo
Suas palavras são como o mel furtado às abelhas
Adoçam e alimentam, apesar dos aguilhões
Falam de paz e harmonia nos convidando à guerra
Suscitam risos com lágrima nos olhos
Trazem a esperança, abandonada pela conformação
Devolve-nos, enfim, a vida, o poder de voltar a sonhar e lutar pelos nossos sonhos.
Se algum dia sua vida estiver à deriva, lembre-se que sempre há vento para inflar as velas, basta corrigir o rumo.
No alto do abismo a única certeza que restava era a vontade de voar.
Olhei para trás e vi o quanto já havia escalado.
Lembrei dos momentos bons e dos ruins, sem poder dizer quais tive mais.
A subida foi e tem sido difícil, mas o desejo e o dever de crescer sempre foram mais fortes.
Quantos amei ou odiei? A quais estendi a mão ou ignorei? Para quem sorri ou amaldiçoei? Não sei e talvez já não queira recordar.
Tudo o que importa, tudo o que vejo agora, é o horizonte à minha frente.
Estradas brotam como uma miríade de estrelas, largas ou estreitas, pedregosas ou pavimentadas, duvidosas ou sinalizadas, curtas ou infinitas, solitárias ou lotadas, com destino certo ou sem destino algum, mas no final são só estradas e a escolha é de cada um, individual e inescusável.
Então, num impulso me atirei, as pernas esticadas e os braços bem abertos.
Com os olhos fechados senti o vento bater confiante no meu corpo inteiro. Sua voz imperiosa dizia: “você pode”.
Na queda, naquele mergulho vertiginoso, juntei todos os pedaços e, num espasmo de onisciência, entendi tudo, para, no mesmo instante, poder esquecer. Estava voando.
Após milhares de anos de história, vitórias e derrotas se confundem.
Sem saber se evoluímos ou regredimos, seguimos, cegos, planos de "Outrem".
A nós, não cabe saber o destino, porém, podemos escolher o caminho.
Melhor que se prove a carne, pois só o espírito te acompanhará. Não perca, porém, o seu horizonte, senão até tua alma perecerá.
Traiçoeiras verdades rondam meus pensamentos.
Querendo me impingir conceitos métricos de sua lógica cartesiana.
Querendo me enquadrar na sua teia melindrosa de figuras exatas.
Querendo me submeter aos seus padrões rígidos, lúcidos, estóicos.
Mas, num arroubo de embriaguez, bebo até o último gole de sonho.
Lambuzo meu peito de esperanças incertas.
Atrelo meu futuro a uma plêiade imaginária, luminosa.
E assim me vejo feliz, longe de verdades, mas nem por isso perto de mentiras.
Que sabes tu, ó incansável guerreira? Por quê me pedes as horas?
Dondes tem que te devo contas? Se já lhe dei satisfações, não lembro.
Quando o meu dia chegar, não espere de mim lamentações, pois de bom grado irei.
Só não a quero sempre por perto, conquanto de tua presença não gosto.
Tu com o véu dos tempos sobre os olhos e a foice insaciável, desagrada o que a ti não pertence.
A vida, meu elemento, não se inclui nos teus termos, aguardes, então, tua vez.