Coleção pessoal de Gazineu

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Unidade de Estado Sólido é um romancista, ensaísta, roteirista, ativista, pintor, intervencionista, negativista, mas para muitos, apenas conhecido como alcoólatra. O ensaio, que inspirou seu septuagésimo quinto livro, publicado sem cortes, besta-fera, politicamente incorreto, repleto de afetações contemporâneas radicais, direto, sincero e engraçado foi tratado como blasfemo e praguejo deliberado pelo canhão da mídia social. U.E.S., começou a publicar uma série de ensaios sobre um grito de crítica e ódio onde descreve um experimento de um mês tratando seu humor instável com minúsculas doses de papaverina e post-truth. Seu objeto era generoso: ela esperava tornar-se uma pessoa menos aperiódica e volátil. Menos contrário ao platonismo insustentável já que sua experiência prévia com implantes cerebrais e estimulação do nervo vago por eletricidade e radiação ionizante não foi eficaz.

“Vodka Absolut com licor Kahlúa e Maraschino”, ele diz.

Diferentemente de outros, seu lado ativista multiclasse não carece de militantes, atividade política, milícia partidária ou hierarquia antropológica. Seu ativismo é conhecido por desafiar a expectativa social, mesmo ocasionalmente, ao custo da autoconsciência, paradoxo ontológico ou da paz interior. É raro alguém viver tão intensamente, e tão publicamente, por suas forças e fraquezas, ser um misantropo social e um turbilhão emocional por décadas.

Milhares de anos atrás, na República, Platão ofereceu uma visão curiosa de pessoas que confundem sombras lançadas numa parede com a realidade. Na Ilíada, os troianos caíram por um cavalo. Shakespeare preferia sorrisos a pontas de espadas e colhia rosas mesmo sabendo dos espinhos. E, nos últimos anos, o viés cognitivo é utilizado como o último desespero para salvar a raça humana e substituir a coragem. O uso de palavra de sentido inverso ou oposto ao que quer ser proferido é empregado para gerar confiabilidade na informação. Como quando a televisão te manda desligar a televisão.

2029. Cinco horas da manhã. 196 milhões de pessoas falam guzerate. Hora de dormir, e eu estou prestes a colocar meu dispositivo concebido para ajudar o insone a entrar em suave em inconsciência. Se eu fosse Hakhâmanesh, este seria o ponto através do qual eu receberia minhas instruções do império persa aquemênida. A caixa tem um interruptor de ligar-desligar, e eu vou ligá-lo para que o mecanismo possa conversar com a minha cabeça. O dispositivo mede a atividade em meu córtex cerebral através de nove sensores costurados no tecido: um cobrindo cada orelha e todo o resto espalhado pela testa. Há também alto-falantes embutidos que emitem tons pulsantes transcrevendo as frequências de minhas ondas cerebrais. Gradualmente, o ritmo vai abrandar e, supostamente, assim será o meu cérebro, arrastado como por um hipnotizador inspirado. O ruído soa como o tom que você esperaria ouvir antes de um desastre nuclear de proporções jamais vistas ou um casal de girafas caindo de um desfiladeiro. É supostamente criado para ser calmante, e, verdade seja dita, eu não me importo. O aparelho aparentemente tem seus truques. Não no meu caso. Não consigo dormir. De vez em quando, vou recorrer à contagem de ovelhas ou parlamentares cassados que eu conheço. Passei minha vida ficando acordado mais tarde do que deveria. Além disso, eu sempre pensei: qual é o problema de estar cansado, desde que seu trabalho não envolva pilotar um avião ou operar o cérebro de alguém?

De acordo com cientistas com quem falei, a qualidade do seu sono tem mais repercussões sobre sua felicidade, inteligência e saúde do que o que você come, onde mora ou quanto dinheiro ganha. A privação crônica do sono foi ligada ao diabetes, ao câncer, à hipertensão, anencefalia, mastocitose, hipocrisia, à doença de coração, ao curso, às dificuldades de aprendizagem, aos resfriados, aos problemas gastrointestinais, à depressão.

Muitos cientistas acreditam que, enquanto dormimos, o espaço entre os nossos neurônios se expande, permitindo que uma rede de limpeza e moo craniana, o sistema glinfático, lava o cérebro de produtos residuais que, de outra forma, não só evitariam a formação dos excessos, da amplidão, mas também, eventualmente, levar à doença de Alzheimer. Falhar em dormir o suficiente é como dar uma festa e imediatamente disparar a equipe de limpeza.

O profissional Fruity Cofee é um café expresso sujeito à humilhação e conduzido como um animal de carga para o abate com abacaxi e essência de menta. A história deixou claro o quanto as coisas mudaram na força de trabalho. Homens e mulheres crescidos choram em suas mesas, e as pessoas são repreendidas por não responder aos e-mails após a meia-noite ou aderirem à dieta da tênia amiga. Era uma vez onde as classes mais ricas desfrutavam de uma vida de lazer nas costas do proletariado. Hoje são as pessoas em comércios especializados que podem encontrar horas razoáveis de não dor, juntamente com bom salário na entrega de soluções utópicas com o cadáver de John Keynes.

O que conta como trabalho, nas profissões especializadas, tem alguns limites intrínsecos. Uma vez que uma casa ou ponte é construída, há o fim da obra. Mas nos trabalhos de colarinho branco, a quantidade de trabalho pode se expandir infinitamente através da geração de falsas necessidades, isto é, razões para conduzir as pessoas de maneira mais impossível e que nada têm a ver com necessidades sociais ou econômicas reais. Considere o sistema de litígios, em que as horas trabalhadas por advogados em grandes escritórios de advocacia são uma queixa comum. Se a resolução de litígios é a função social da lei, o que temos está longe de ser a maneira mais eficiente de chegar a resoluções justas ou razoáveis, entenderam o quanto controverso é? Em vez disso, o litígio moderno pode ser entendido como uma corrida armamentista maciça, cruel, errônea, petulante e socialmente desnecessária, em que os advogados se sujeitam mutuamente a quantidades torturantes de trabalho desnecessário apenas porque podem. Nos tempos antigos, os limites da tecnologia e um tipo de profissionalismo criaram um limite natural para tais corridas armamentista, mas hoje nenhum dos lados pode se afastar, para não se colocar em uma desvantagem competitiva. Altermodernidade litigiosa?

O antídoto é simples prescrever mas difícil de alcançar. Devemos realizar um retorno ao objetivo de eficiência no trabalho: cumprir com as necessidades da demanda e tornar a vida das pessoas melhor. A existência de um trabalho construído e sensível à humanidade repudia o idealismo concreto.

"Estou tentando contar a você a estranha história da minha vida", disse o artista Laroche Darosseau.
"Não sei ao certo o quanto eu quero que todos saibam, mas tudo vai ser dito". Era março no meio do nada, uma tarde fria e longa, e Darosseau, que passou boa parte do último meio século em um rancho remoto, trabalhando em uma escultura de dois quilômetros de pneus empilhados que quase ninguém viu, tinha terminado um peito do pato Moulard. Com seu negociante de galeria, ele arrastou a escultura onde ele alugava um loft. Ele tem oitenta e dois anos, e andar lhe dói. Respirar, também.

Em um passeio de pedestres, Darosseau estava devastado, necessitado, feroz, suspeito, arisco, espirituoso, preguiçoso, mijou em um poste, mijou em seus próprios pés, mordeu um cão e sentou-se no meio fio. Ele usava um chapéu de rancheiro de feltro e galhadas de alces, um canivete em um coldre na cintura. Estava com um sorriso vago e sugestivo em seus lábios, "te assusto, batuta?". Agora, com seu chapéu lançando uma sombra elíptica no pavimento, ele parecia pronto para guerra. Olhou para os apartamentos ao redor e vomitou.

Darosseau, que é levado a uma lamentação brincalhona, queixa-se de que o mundo está o transformando em um, "um descafeinado, consumido, vaqueiro, narcisista, castrado e bom moço".

Ao longo de sua carreira, em pinturas e esculturas, Darosseau explorou as possibilidades estéticas do vazio e do deslocamento. Seus vazios têm recriado a arte. O vazio tem sido uma constante.
"Eu decidi não olhar para ele."
Ele parece vazio. Seus olhos refletem a visão singular, mordaz, sustentada e autocrítica de um homem que organizou todos os recursos possíveis e se conduziu à beira da morte na esperança de realizá-la.
"Toda arte que faço é lixo. Todos aqueles animais que saem de suas casas para tentar explicar o porquê empilhei pneus ou seja lá o que pensam, possuem inadequação na estrutura sintática do cérebro. Fiquem em suas casas."
A conversa girou para a segurança cibernética nas notícias por horas. Laroche Darosseau está cansado. Laroche Darosseau está morto.

Sendo, passem dentro e observem se há ou não há.
Ali está.
Olhe dentro de si mesma
Que fica depois de desaparecer completamente?
Quando deixa de existir, de ti e a ti, o eu estará.

“Como estamos hoje?”
“Dor emocional terrível e incessante, e a impossibilidade de compartilhar ou articular essa dor me faz um componente dela própria.”
“O que aconteceu?”
“Horror existencial.”
“É muito difícil de descrever a dor emocional em si. Pode expressar algo do seu contexto? Consegue?”
“Sua forma e textura?”
“Não. Relatando as circunstâncias relacionadas à sua causa.”
“O que estraga a felicidade é a veleidade de ser triste.”
“Teus pesares são irrefreáveis, suas dores irrepreensíveis, são, em essência, impossíveis de serem classificadas em qualquer conjuntura reconhecida, espantosas com palavras. Em nome de que lucidez secundarista? Essa insistência em sofrer se fez peregrinar até uma Terra Prometida?”
“Como você sabe tanto?”
“Porque eu sou você.”

Eles estavam em cima de uma mesa de piquenique naquele parque junto ao lago, à beira d’água escura, com parte de uma árvore caída, talvez um ipê amarelo com as raízes expostas, meio escondidos por uma bancada. Sentaram-se sobre a parte superior da bancada e tiraram os sapatos despreocupados. Era a triste como março, e a grama do parque era muito verde, o ar cheirava a sol. Havia abelhas, e o ângulo do sol fazia a água parecer ainda mais escura. Ocorriam mais tempestades naquela semana, com algumas árvores derrubadas e o som de motosserras destroçando. Suas posturas na mesa de piquenique eram idênticas: levemente avançados com os ombros arredondados e cotovelos nos joelhos. Às vezes, quando estavam sozinhos e pensando ou lutando para se entregar a Jesus Cristo em oração, eles se encontravam em dúvidas.
“E?”
“A história não termina. Não é no sentido tradicional. É possível que essa realização final seja a que finalmente desperte a escrita, mas acho esse resultado duvidoso. Acho que o ponto não importa.”
“Cadê o fim?”
“Isto, penso eu, é a chave para a qualidade narrativa da história. É terapêutica, não em seu conteúdo, mas na interpretação, que procura de uma só vez que você se identifique com a representação.”
“Qual é a do urso?”
“Judiaram do urso. O propósito da literatura é provar que não estamos sozinhos."

A expressão perfeita esconde o que ela manifesta. A expressão total exprime o vazio real da natureza embebida. O total cria pensamento. O impacto da ilusão da natureza provoca um vazio no pensamento. Todo sentimento forte inquieta. Ser límpido e sujo impossibilita o vazio. Impossibilita a poesia e muito provavelmente a música. O céu em sépia ou em rosa de renda antiga. Sucessões em decurso. Relâmpagos, pesadelos, uma marcha incerta em um avanço duvidoso. O ser total, verdadeiro, em sentimento, dorme no intraduzível. Significá-lo é atraiçoar o que se sente. Transcrever é sonegar o indizível. Contrafazer é traí-lo e fazer com que fique oculto o mais admirável na totalidade.

Por meio destes novos olhos, tem-se a sensação da ilusão do momento. E que o hipercubo compacto é formado por alinhados em cada dimensão do espaço. Ângulos retos com os outros segmentos da vida. É significante o quanto possamos correr ou as tentativas infrutíferas de adiar a vértice da morte. O hipercubo tudo circunda para o grande despertar. Em todas as vértices. O hipercubo está imerso em uma linguagem esquecida no fundo de uma caverna rochosa apinhada de lobos devoradores.

Yasendulo fora um ser mítico que ensinou a sabedoria à humanidade em um período antediluviano. Desde criança, Yasendulo teve sérios problemas de saúde, muitos deles neurológicos. Consta nas tábuas de argila que sofreu de abscessos assépticos disseminados, aceruloplasminemia, oxifellia e triqueneloso crônica aos dois anos. Teve delírios de ausência de fundamento na adolescência e foi internado em sanatórios sumérios 5.000 anos A.C. Sofreu na mão de curandeiros locais e psicanalistas por duas décadas. Tamava fluvoxamina sem receita, visto que a mesma ainda não fora inventada. Muito menos a escrita (e os curandeiros já tinham a letra horrível).
Um dia, Yasendulo parte sem rumo para o mais longe possível do que é hoje o Iraque e encontra uma tribo tão primitiva quanto gigantesca: 256 habitantes, econdendo-se na multidão. Seu comportamento apático o transforma, rapidamente, em um anti-líder nato. Um dos sábios da tribo, percebendo sua exímia capacidade de não liderar o procura ao anoitecer.

"Por que você não quer ser o santo das massas e dos demais gurindji, Yasendulo ?
"Eu não sou gurindji."
"Não importa. Aceitaria?"
"Não creio em países e não creio em nenhuma divisão política."
"Mas você tem vivido conosco. Comido nossa comida. Bebido da nossa água."
"Eu tenho de viver em algum lugar e por isso vivo aqui, mas não pertenço a este lugar."
"Você tem SANGUE nacionalista. Você tem esse verniz de fascismo nascionalista neurótico e displicente."
"E?"
"Você não é uma pessoa religiosa."
"Eu não sou gurindji, primeira coisa. E segunda, também não sou santo."
"E não pode ser?"
"Se eu sou um santo, então você é um pecador. Tem que ser pecador. Caso contrário, como eu poderia existir? Para criar um santo serão necessários milhões de pecadores."
"Temos três centenas..."
"Muito vou-para-o-céu-e-você-vai-para-o-inferno. Todos somos sagrados."
"Todos os gurindji?"
"TODOS NÓS. Consciência universal. Eu poderia ser um santo para os gurindji e um demônios para os chineses. Um santo neste século e um profano para o próximo."
"Pena eu ter esquecido a minha argila para entalhar isso. Pena eu ser analfabeto também."
"Não me permito ser definido por mais ninguém. Sou apenas eu mesmo."
"Isto soa MUITO BEM! Você será o maior profeta gurindji de todos os tempos! Precisamos de armas. Muitas."
"Armas?"
"Sim. Não quero toda essa violência. Estamos fartos de guerras e mortes. Você quer mortes?"
"Não!"
"Você é algum tipo de amante-de-mortes?"
"Nada de mortes!"
"E ficará aí parado? Crianças gurindji morrendo e você aí parado."
"Estou em renuncia. E quem está matando crianças gurindji?"
"Nós mesmos. Estamos sem um guia no momento."
"Deus..."
"Nada de Deus. As pessoas ainda não têm sua iluminação. Estão inconscientes. São cegas."
"Sim."
"Você é um bom observador, apenas isso."
"O que quer dizer?"
"Não tenho mais certeza se você daria um bom santo gurindji."
"Concordo."
"Mas seria um bom líder sindicalista."

Sentir não respeita nenhuma divisão. Sentir conhecendo é irreconhecível. Sentir é totalidade em incompletude.

Ao que não falta nada
o sentimento é total
em uma mente torturada.

A inadimplência mental é quando alguém se torna muito corajoso para desperdiçar a si mesmo, para negligenciar e não ser.

Se alguma beleza, se alguma vez vi,
O que eu desejei, desejei e consegui,
era apenas um sonho, um sonho de ti.
E agora, para as nossas, nossas almas em segredo,
que não prestam atenção uns aos outros por medo;
Para o amor, todo o amor, de outro enredo

Que os descobridores no oceano novos mundos renascidos,
Deixe mapas para outros, em um mundo esquecido
Possuamos um mundo, cada um envaidecido
Minha face no teu olho, a tua: parecido.
E os verdadeiros corações lisos fazem descansar;
onde podemos encontrar outro assunto a não falar?

Deserto
tão quente e árido
têm riqueza em vida
normalmente escondida
em umidade sorvida.

A areia desértica;
crítica, simpática
à erosão eólica
tão melancólica,
na sílica telúrica.

Em peste, o solo;
frívolo, malévolo, díscolo.
Isócolo; em fogo: ignícolo.

No inverno, nevoeiros
Em esteiros, ventos traiçoeiros
ventos matreiros desordeiros.

Chuva, rara, passageira
disserta em areia
o sopro assoreia
o cerne à veia.

“Você já viu algum rio disciplinado? Rios alternam suas direções. O curso natural das águas seguem leste, seguem norte. Seu ciclo passeia sem tomar caminhos retos. Seu fluxo meneia nada parcimonioso. Não é um ente geométrico da menor distância entre dois pontos. Ele vai e não sabe para onde está largando. Tortuoso rio, vai porque vai. Vai com alento infinito rio alcança. Semelhante ao rio, a vida não é um canal arquitetado pelo homem. Rio planejado não é rio. Rio é liberdade última.”
“O rio não possuí livre-arbítrio. É uma falsa liberdade que supera obstáculos.”
“Tal qual a vida.”
“A vida é um rio subindo a montanha.”
“A vida não apresentam suficiência por si?”
“Óbvio. Validação é necessária. O ouro é ouro porque brilha?”
“Validar por fantasia? Cooptações sociais? Conceitos mutantes?”
“Quilates mudam conforme a sociedade? Penso que não. A Conferência Geral de Pesos e Medidas não é baseada em um padrão?”
“Não. É algo adotado. Passível de mutação porque a satisfação causada pela pureza do ouro pode ser mutável. “
"É presunçoso querer escolher meu caminho, porque não posso dizer qual caminho é melhor para mim. Devo deixar ao rio para que seja feita a vontade do acaso?"
“Você pode fazer o que bem entender, mas não pode determinar o que determinará fazer.”

"Ações definirão quem você é."
"Visão sem ação é reino do pensamento."
"A ação impensada é burrice."
"Impulso animal inconsciente é burrice?"
"Sim. Não... nem sempre."
"Ideias poderosas em ação podem mudar o mundo."
"Ação é risco."
"Não há risco em não fazer nada? Onde está sua lógica? O poeta diz que ação é inteligência verdadeira."
"O poeta não entende a potência virtual que expressam possibilidades. Justifica o êxito em ter êxito."
"Isto fala mais sobre você do que sobre o conceito. Nunca desista!”

Acordei de repente e não era mais o mesmo, embora nada havia mudado.

Em certeza, nada é mais árduo que sentir que somos dependentes de uma consciência plenamente satisfeita de bem-estar. Na teoria, um humano adora banhar-se nas águas do ficar bem. O conforto nos inunda, a dor nos desconecta e nos separa da consciência. Boa parte de nós olha o espinho e vê a dor. A não ser que você seja um garçom. Fazer um garçom olhar para você quando você REALMENTE precisa é como processar uma empresa de telefonia e VENCER. Você simplesmente não pode.
Bem-estar e dor funcionam como um grande rio: obviamente chegarão ao mar. É uma aposta segura que chegarão ao mar, não um evento certo. Tocar o chão com o pé esquerdo cria choques em dor nos ligamentos. Sempre haverá um deserto árido para um homem redimido de um pecado. Um homem de alcatrão, o inverso de Adão. O Golem hebreu fora feito para servir e logo ganha força: o problema sempre foi o fazer parar.
Então eu tenho um vislumbre da infância antiga, velha abatida. De coração ainda palpitante, o sol em zênite, o sol para beber sua fronte. Tudo tinha acontecido lá. O medo daquelas pessoas que não se importam em magoar e não se importam em se magoarem. Não são necessários morte e sacrifícios e deuses cruéis para reinar sob a luz do sol e sob o esplendor de flores e pássaros e muitos picos vulcânicos em meio à surpresa.