Coleção pessoal de Gamenor

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As obras-primas devem ter sido geradas por acaso; a produção voluntária não vai além da mediocridade.

Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.

Os eruditos são aqueles que leram nos livros; mas os pensadores, os gênios, os iluminadores do mundo e os promotores do gênero humano são aqueles que leram diretamente no livro do mundo.

No fundo, apenas os pensamentos próprios são verdadeiros e têm vida, pois somente eles são entendidos de modo autêntico e completo. Pensamentos alheios, lidos, são como sobras da refeição de outra pessoa, ou como as roupas deixadas por um hóspede na casa.

O amor é o objetivo último de quase toda preocupação humana; é por isso que ele influencia nos assuntos mais relevantes, interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais.

A mulher não é um gênio, é um elemento decorativo. Não tem nada para dizer, mas di-lo tão lindamente.

Posso resistir a tudo, menos à tentação.

Não existem livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos.

O homem é um animal racional que perde sempre a cabeça quando é chamado a agir pelos ditames da razão.

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.

Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência.

O pessimista é uma pessoa que, podendo escolher entre dois males, prefere ambos.

A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

A ambição é o último recurso do fracassado.

A necessidade faz-nos habituar a estranhos companheiros de leito.

A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais.

É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil.

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão.

Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.