Coleção pessoal de fredericoamitrano

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Você com alguém e eu sem ninguém
Você com alguém e eu também
Você sem ninguém e eu, muito bem
Eu sem ninguém, você com alguém
Duas vidas paralelas como dois trilhos de trem
Correm juntas e só se encontram
No infinito ou mais além

E lá se vai o último e cabível trago
No estômago cheio de um homem vazio
Que chora o que bebe porque bebe o que chora
Então vai- se embora nas águas de um rio
E ginga com o vento
Tropeça na sombra
E o mundo se assombra
Com sua ousadia
E vira poeta
Faz alegorias
Sambando na rua
Soluça poesias
E driblando a sorte
Atravessa a avenida
E morre com o samba
Que então ganha vida
E lá se vai, e lá se vai
O último e cabível bêbado
Num copo cheio de um ar sombrio
Que chora o que bebe porque bebe o que chora
Então vai- se embora sem choro, vazio

Toc, toc,toc
Faz o som no assoalho em altas horas
Confiro a porta, vou pra cama
Confiro a porta, vou pra cama
Confiro a porta, confiro a porta
Vou pra cama
Toque, toque, toque
Diz a voz na minha mente completamente matemática
São quatro numa e quatro noutra
São quatro numa e quatro noutra
São quatro numa e quatro noutra
São quatro numa e noutra
“-Toque, toque, toque”
Dizem as pessoas à minha volta claramente transtornadas
Não posso se não me contamino, não posso se não me contamino
Não posso se não me contamino, não posso…
Pensamentos mágicos, invasivos
Desgastantes, opressivos
Todos riem, acham graça
Não entende quem não passa
Pelo transtorno obsessivo compulsivo

Eu lhe recalco
Você me forclui
Me nega, me tira, me exclui
De tudo que sendo deixa de ser
Prazer em desconhecer…
Eu sonho
Você delira
Nem sei se é verdade ou mentira
Se tudo é como se vê
Prazer em desconhecer…
Torturas, carinhos, vinganças
Eu quebro nossa aliança
E volto sem saber por que
Prazer em desconhecer…
Que tipo de amor é o nosso?
Em que estrutura estará submerso?
Neurótico? Psicótico? Perverso?
Não sei o que dizer
Prazer em desconhecer…

Toda manhã ela passa
Trotando formosamente
Exibindo sua raça:
Seus lindos e afiados dentes
Bela potranca eu vejo passar
Com sua anca pra lá e pra cá
Quem dera eu me agarrar à sua crina
E galopar nesse belo animal
Animal selvagem que empina
Se assustada ou se lhe fizerem mal
E em rumo ao destino
Entre pingos de calor
Cavaleiro e eqüino
Num galope de amor

O poema é como um filho
Você não cria pra você
É preciso soltá-lo no mundo
Tem nome, identidade, registro
E de repente você vê
Que ele existe sem você
Corta os laços oriundos
“- Vai meu filho, voa alto!
Mergulha fundo! Corre os trilhos!
Come asfalto!Ganha o mundo!"

Sem alívio, sem agrado
Duro
Muito rígido, excitado
Duro
Sem dinheiro, sem trocado
Duro
Insensível, calejado
Duro
Muito ríspido, indelicado
Duro
Impossível, impenetrável
Duro

Ah, a angústia…
Eu bem sei o que é
Fogo que não se apaga
Febre que não me deixa
Dor que se propaga
Buraco que nunca fecha.