Coleção pessoal de frasesuol
Parece que eu encontrei a estrada para lugar nenhum, estou resgatando memórias que estavam adormecidas, como um inocente sorriso que me lembro ter dado na infância, quando meus maiores medos eram os meus pesadelos. Estou percorrendo as pegadas que eu deixei, olhando para baixo, tentando encontrar vestígios que apontem meus erros, talvez eu tenha errado em ir para algum lugar e ter deixado lá o meu último suspiro, talvez não seja assim tão longe, o caminho de volta para as lágrimas de felicidade que desciam rosto abaixo, só preciso encontrar o cartaz de boas vindas e respirar fundo, assim tão fácil, como se fosse a primeira vez.
O silêncio abre portas para o que não pode ser dito, para os pensamentos trancafiados, que ocultam o desejo pelo irreal, há dois motivos para seguir, mas nesse momento, ambos conspiram pela perca da lucidez, repetindo essa procura sem fim..
Talvez exista, onde ninguém ali encontre, o sossego em que o amor pode viver em paz, como se mais nada houvesse, viver feliz, como para sempre.
Por que o mesmo desejo que me guarda, me salta, me ressalva de tudo aquilo que eu quero e espero? Por que repetir anseios por ontem deflagrados, por hoje almejados, se amanhã os tereis amarrotados, como guardados, em uma caixa de fins e afins.. Ah, esse vai e vem que não me tem, mas me detém, de ter ou não ter, de sonhar, de aprender, que o amor, por fim, já se vale de sorrisos despertados, de suspiros camuflados e de uma felicidade que eu tanto assim quis.. E quero. E espero. Uma felicidade que teremos.
Perguntaram-me o que eu seria sem a poesia, cego, surdo ou mudo? Atônito, eu respondi, que de nada me valeriam olhos para ver, ouvidos para ouvir ou voz para falar, sem a poesia, eu nada sentiria, pois de que vale um coração, se lhe negarem o direito de amar?
Me dêem razões para sair do sentir, para aclarar a arte de existir e ser completo, me dêem motivos para elucidar o amor e manifestar através dele o abuso do seu uso, e assim, talvez eu entenda que não querer, é apenas um querer a mais.
Que verdade há maior que o risco de viver? Se tivesse a anunciada liberdade para afirmar tais razões por nós impostas, certamente não teríamos outro mérito além desse. O Sonho pelo livre raciocínio ainda não é tal qual o dos pássaros que correm, quando veloz rasgando os céus e ilimitando o seu ninho, arvorando a sua liberdade para quem quiser ver. Por mais escolhas, vontades e sonhos que possamos ostentar, ainda somos presos a nós mesmos, cativeiros de uma razão que frustra a sensação de voar, afinal o que nos prende não é o fato de não termos asas, mas de não deixá-las nascer.
A felicidade não deve ser aprisionada ao passado, mas alforriada na busca pelo elusivo prazer de viver.
O tempo que se esvai como areia entre os dedos e passa pelo anseio da razão, que dói ao atravessar a procura pelo fim, é apenas um sorriso.
Quero de volta os sonhos de criança, quero abraçar mais que uma lembrança, quero um amor e uma dose de inocência, algo que supra essa tal carência.
Disfarço elas, as palavras, em sorrisos e gentileza, a fim de dizer não uma, mas todas.. E posso dizer que ainda são poucas.
Em meus pensamentos percorro um caminho que me parece seguro, ao som de uma canção que ecoa de todas as partes, ela vem de uma só direção.. Há um alvoroço me que segue em cada passo que dou, enquanto corro, consigo ouvir os passos que me seguem, há outro caminho, mas algo me chama atenção para esse, que me faz repousar, enquanto ouço os acordes da canção..
Encontro no silêncio da noite o abandono das palavras, a perca do irreal, a poesia se desprende do poeta, o sonho se faz acordar, me perco na lucidez de um mundo onde sou mortal. Procuro todas as noites, por um sinal, de uma chama que me aqueça e que me remeta aos mesmos sonhos de um infinito em minhas mãos, uma procura sem fim..
É difícil usar a razão para explicar o singular de cada estranho pensamento que nos cerca, pode a semente saber-se árvore antes de florescer? Assim é compreensível e ao mesmo tempo espantosa, a nossa capacidade de afirmar verdades não ditas e toma-lás como razão, quando o que nos abraça ainda faz parte de fascínio não descoberto, de uma saudade ressaltada ou de um simples sorriso para o amanhã.
E as minhas armas são meus pensamentos, enquanto caminho insistente em direção ao meu norte, minhas cicatrizes são pegadas na areia que o mar se encarrega de apagar, como o sol tardando o anoitecer, perduro atrás de um amanhã que sonhei hoje..
A mulher amada, sem a qual a vida é nada, sem a qual não há viver, para sempre seja ela, minha busca interminável, meu prazer incontestável, meu belo amanhecer.
Não pertenço a breves momentos, a curtas emoções e a acanhados desejos. Me faço nas grandes tempestades, nas eternas sensações e nas inflamadas vontades.