Coleção pessoal de FranciscoFontes
De onde nasce a maldade, senão pelo ‘desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia’, a vontade ‘irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem’? É uma ‘doença física, emocional e espiritual’ que arrebata todo o bom senso e nos cega ao que temos, somos e podemos realizar, levando-nos ao agir com ódio e sem humanidade. A inveja também é causada pela desigualdade social, o cerne de todo mau, o mal do mundo.
+Q Química
Assim como na Lei de Lavoisier e das Proporções Constantes, ainda que a vida faça cobranças sentidas injustas, o fato é que ela nunca tira nada que algo não deixe no lugar. Nessa existência, mesmo sem ter mais ou menos que ninguém, mesmo sem ser maior ou menor que ninguém, o rearranjo do agir com o que se tem é a grande transformação que nos torna inigualáveis entre nós mesmos.
O verdadeiro mal não está em não acreditar, mas desacreditar os que acreditam independente do lado, ainda que apenas a observar. É certo que entre a religião e a verdade está o conhecimento, como também ‘estar em cima do muro’ não passa de ‘status quo’ daqueles que não ousam experimentar milagres, a fadar-se apenas pelo mero fato de existir sem fazer parte, ainda que assim também façam.
Não é que eu não queira, também que não posso, mas é o meu corpo, não eu, e dele depende o meu agora existir. Assim, o meu maior pecado é ser humano, é saber como obter a vida eterna e ainda assim, ser incapaz de justificar os motivos pelo qual repito e me repito naquilo que sei está em oposição ao que é certo, só porque sou apenas um ser humano.
A luta dos simples e humildes nunca foi e nunca será aliviada pelos que detém o motivador da existência destas classificações de poderes. Até nos dias em que isso não deveria ser verdade se vê o quanto tudo no sistema de coisas é alimentado pelas distâncias entre a abundância e a escassez, a fartura e a careza, o luxo e o lixo.
É essencial saber porquê pugnar e a quem defrontar, para não desperdiçar energias com quem não merece a falta de empatia, tampouco a ira do insensato.
Se o que se quer vem motivado pelas emoções e estas são o que nos aprisionam a mente, o corpo e a alma, a avaliação segura em fazer ou querer diferente daquilo que emocionalmente nos motiva não passa do desejo à elevação de sentidos, a formar também essas emoções. A liberdade além de não ser constante é apenas um passageiro insight onde se descobre, inventa ou simplesmente se faz o que sem essa momentânea liberdade seria impossível realizar.
Não fossem as dificuldades restaria apenas o conforto, porém, se não há mudanças quando em conforto, que progressos viriam sem os obstáculos, senão e apenas a passagem do tempo? Se o conforto toma conta da existência, o tempo com fluidez destrói as expertises necessárias ao combate às complexidades. Valorize as suas dificuldades, essas sim mais estáveis que o seu conforto, casual, frágil e desajuizado.
Já pensou se todas as suas realidades paralelas, pensadas conscientes e inconscientes, fossem a tua verdadeira realidade? Quem você realmente seria? Qual seria a sua verdadeira essência? Penso eu, talvez só por eu, mas que seríamos mais mal, mais maus que somos com todas essas amarras em nossa ínfima existência.
Com Robert Sapolsky: talvez o livre arbítrio não exista mesmo, dado que também acredito nas profecias bíblicas cristãs, o que torna qualquer efeito das minhas decisões uma realidade já escrita, pensada e previamente conhecida. Isso não torna o mal um bem, tampouco o bem em mal, mas põe a necessidade de punir igualmente a necessidade de perdoar. Se a ignorância é mesmo uma benção, o maior castigo é elevar a sapiência.
Amar é aceitar sentir e superar dores que acredita não merece. É preocupar-se com aflições alheias, porque no outro também é em você. Amar é entregar-se ao caos da existência para além de si mesmo, porque sozinho não basta.
Nada é mais lindo que a natureza, mas seguimos orgulhosos de sermos criados à imagem Daquele que tudo criou, como se mais importantes fossemos que tudo o mais, devendo ser na verdade uma parte deste tudo.
Escolha para si mesmo, pessoas que saibam lidar com o seu fel, pois, do seu mel todos querem beber.
Ainda não sabemos realmente aprender com a história, nem sabemos bem aproveitá-la quando aprendemos, por isso é fácil a repetição de erros onde causamos mal a nós mesmos. Não nascemos tão cru assim, mas precisamos construir, no mínimo em nós, toda uma história do zero.
Entre o humano e o não humano há apenas isso, a atitude. A diferença entre as atitudes também é simples, ajudar ou não quem as recebe. É por isso que alguns não humanos são mais humanos que outros, pois, existem e fazem humanidade, tirando ela até de onde não parecem ter.
Eu não escolhi a minha cara
Também não escolhi a minha cor
Não escolhi a minha família
Tampouco escolhi onde nascer
Se essas são verdades à todos
Porquê reprovar isso nos outros?
Que a distância entre os corpos que gostariam de estar perto, mas estão longe uns dos outros seja encurtada, seja inexistente através da grandeza do desejo do bem um para com o outro. Aos que estão perto, aproximem-se mais, e que os distantes saibam que o amor além de não temer o tempo ou a distância, em nada se preocupa com a falta de ter, pois persiste apenas em ser, pois é amor.
Com Clancy Gilroy, Midnight Gospel
O corpo é o limitador do verdadeiro entendimento que apenas a meditação pode oferecer, a morte para o renascimento completo junto ao sistema de coisas, um metaverso maior que o seu, o universo. Fugir da realidade para evitar a dor em existir, de amar, apenas tardará o entendimento de que viver o agora é estar conectado com tudo o que existe, passado e futuro no mesmo espaço tempo, transcendendo os limites da imaginação, da mente, ao se aproveitar aqui e agora.
Somos o que possuímos diante de estarmos presos a um corpo que define o que nos agrada, e os prazeres deste corpo é a busca em conseguirmos ser. Pensei em um mundo onde o ser não seria menos que o ter, mas isso é utopia dada a forma que existimos, ensinamos e aprendemos o nosso mundo. Limitamos a nós mesmos porque não conseguimos ser mais que o corpo permite realizar, em sua força, inteligência e tempo a existir, simplesmente por falta do ser além do ter.