Coleção pessoal de foonzie
Se eu ainda procuro compatibilidade entre nós dois e os casais felizes de filme, músicas românticas e personagens de livro é porque eu não agüento mais me sentir por fora. Não suporto mais pensar que o que vivemos foi uma loucura e que eu sou a surtada da história. Sou eu a maluca, a desnaturada que fica te caçando nos buracos, nos furos de reportagem, no rosto dos outros, nas características em comum. Isso é ser psicopata. É ser self serial-killer. É a perseguição do inatingível. É não querer enterrar o morto. É loucura. Comparo a rasgar dinheiro. É tornar-se um cadáver enquanto se ainda está vivo, já que, enquanto me preocupo em resgatar o passado a todo custo eu me esqueço de me tirar do fundo do poço e limpar a sujeira que está impregnada por debaixo no tapete.
O tempo está passando, o mundo está girando, as horas estão arrastadas, eu continuo cada vez mais angustiada esperando um milagre. Todo o mundo passa, e eu fico – presa e estancada em uma história linda, mas que não é real. Não vai mais voltar. Minha vida está passando, e enquanto eu devia aproveitar minha juventude, perco meu tempo roendo as unhas e ganhando rugas precoces de angústias e tristezas, sem esquecer que estou dando adeus ao meu fígado – que é cada vez mais corroído pelo álcool.
Perdoa-me por buscar o teu beijo em bocas que não são a tua. Perdoa-me por achar que você é a cura pra todos os meus males. Perdoa-me por pensar que o preenchimento pro meu vazio é a tua presença.
Perdoa-me por eu ainda carregar tua foto na carteira.Perdoa-me pelo nó na garganta. Perdoa-me pela gagueira. Perdoa-me pela corda amarrada no pescoço. Perdoa-me pela ausência nas conversas. Perdoa-me por não saber lidar com finais. Perdoa-me pelo sentimento de posse. Perdoa-me por tentar amolecer teu coração ressecado. Perdoa-me por eu ter comprado um escapulário igual ao teu - só pra manter um elo ilusório entre nós. Perdoa-me por não ter seguido teus conselhos de felicidade ilusória. Perdoa-me por ainda manter a antena-ligada e te caçar em todas as multidões – mesmo tendo a certeza de que você não está lá, mas-quem-sabe-talvez-um-milagre-acontece. Perdoa-me pelo meu hábito de relembrar. Perdoa-me por ser irônica contigo vez ou outra. Perdoa-me pela minha mania de sentir saudades da tua voz rouca.
Estou precisando de alguém que me mande sentar em uma cadeira macia e pergunte o que acontece enquanto me traz uma xícara quente de chá com uma rodela de limão. Alguém que seque meus cabelos úmidos e cuide de mim. Alguém que me prepare um leite quente nas minhas noites insuportáveis de insônia. Queria poder contar com uma pessoa que me ouvisse, não importa sobre o que eu vá falar, sem me julgar, apenas pra me acalmar e dizer que sim, que há esperança e vai ficar tudo bem. Preciso de alguém que me faça uma surpresa e me diga que posso chorar. Quero que alguém me traga uma rosa branca como símbolo de renovação. Preciso de um santo que compreenda a minha dor, que me diga que é difícil, que o amor tem dessas coisas e me ofereça um lenço bordado e macio, para que chore sem borrar minha maquiagem. Quero alguém quem me penteie os cabelos revoltos no fim do dia e me pergunte o que espero da vida e como anda meu coração apertado. Queria alguém que me pergunte sobre ele – aquele que não deixo de pensar um minuto sequer - sem olhos tortos e vacilantes. Preciso de um conforto que ninguém arranja, ninguém desvenda, ninguém me dá.
Agora vai. Vai se divertir nos braços de alguma garotinha da moda, bem fútil, que deve de chamar do jeito que eu costumava, e agora você adora, alguma idiota que você acabou de conhecer e vai comer hoje à noite. Cuida-te amado.
Eu te desejo felicidade, mesmo que seja longe de mim (meus lábios se contraem sempre que digo essa frase, porque não acredito nela verdadeiramente) e mesmo que eu tenha que me lembrar de você como sendo o único cara que eu amei de verdade, e os outros vão ser sempre os outros, e você vai ser sempre o especial, o único. Entenda você ou não. Aceite você ou não. Eu só queria que você entendesse um pouco, mas te atingir é impossível. Você está em um patamar de alienação que eu passei faz muito tempo.
Sei que ás vezes te escrevo coisas terríveis, que te desejo o pior, mas não é nada verdade. Nunca foi.
Posso imaginar a vontade que meus amigos e familiares têm de me sacudir, de abrir minha cabeça e arrancar qualquer vestígio teu, pra que eu simplesmente viva aberta para novas experiências.
Odeio-te por você ter-me deixado só. Hoje mesmo, eu estava voltando para casa, em uma rua escura, no frio e sozinha. No frio, com os olhos cheios de lágrimas, com o coração devastado de saudades, medos e arrependimentos.
Como ainda te amo. Falo de você e me vejo rindo, tremendo, suando frio, contorcendo as mãos para disfarçar meu desconcerto.
Estou destrúida. Não tá dando pra reagir. Deu pra entender ou é muito difícil? Não estou mais em pedaços. Eu virei pó. Farelo.
Seja então a única, a amada, a querida. Sejam felizes se puderam. Ocupe meu lugar felizarda. Tente ser para ele o que eu não consegui.
Sempre amei por nós dois. E se quer saber, eu ainda amo, e amaria se você me pedisse, para sempre - pour moi, pour vous, pour nous.
Não suporto saudades. Sentir falta é como um tapa na cara, todos os dias, me lembrando que perdi, que não possuo mais. E como dói perder. Não sei lidar com perdas, não sei nem perder em banco imobiliário, quem dirá mais um amor, um amigo. Não. Já é demais pra mim.
Quero ficar quietinha, tranquila, esquecida. Tenho vontade de surrar aqueles que me perguntam, sem folga, se estou bem. Não meus queridos - não estou bem. Nunca estive pior. Nunca senti um vazio tão grande como o que sinto agora. Nunca tive tanto medo. Está tudo rachado. Estou em ruínas. Me deixem. No dia que eu estiver bem vocês vão perceber, eu prometo