Coleção pessoal de Fm61

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O caminho certo passa sobre uma corda esticada pouco acima do chão. Parece antes destinado a fazer com que as pessoas tropecem do que levá-las a um bom fim.

Apenas deveríamos ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo?

Se estou condenado, não estou somente condenado à morte, mas também a defender-me até a morte.

De um certo ponto adiante não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado.

Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós.

Os dois horizontes

Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, – a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, – a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, – sempre escuro, –
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, – tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? – Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.

Dois horizontes fecham nossa vida.

Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem.

Matamos o tempo, o tempo nos enterra.

É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir.

Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho. Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Guarda estes versos que escrevi chorando,
Como um alívio a minha saudade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.

A mentira é muita vezes tão involuntária como a respiração.

Está morto: podemos elogiá-lo à vontade.

O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.

Creia em si, mas não duvide sempre dos outros.

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.

Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.

Devemos nos tornar como uma nova raça, ultrapassando pequenos preconceitos, prestando nossa lealdade não às nações mas, sobretudo, aos nossos irmãos e à comunidade humana.