Coleção pessoal de Fg7r85
Não sei porque com a idade os cabelos ficam brancos na cabeça, mas, nas sobrancelhas e areas adjecêntes não, que não precisavam tanto. É injusto isso, RS.
Uma vez a caminho do trabalho perto de descer, avistei um caminhão de engradado, acho, parado, não lembro ao certo rente ao calçamento, atrapalhando um pouco a circulação dos veículos. Só sei que não sei porque tampei os olhos de uma mocinha que trabalhava comigo, que estava na porta esperando descer feito eu, de brincadeira eu disse, : - Não olhe, não! Depois tirei a mão e ela arregalou os olhos e abriu a boca fazendo uma fisionomia de pavor, a espanto, aí quando ônibus começou a andar vi de relance um pedaço de bola de futebol cortada com alguns cabelos. Pedaço de bola com cabelos... Aí caiu feito um raio a percepção. Ao descer reparei uma aglomeração de pessoas olhando, tirando fotos, , com suas curiosidades morbidas, soube que era um corpo de um homem que trafegava numa bicicleta rente ao caminhão, aí a bicicleta tombou de lado, de repente, como que empurrada pela mão do destino, acredito que devido a algum buraco, entulho da avenida em reforma, uma desculpa qualquer, o deformando-o. Teve uma morte boa, penso, apesar de trágica. O ideal era não morrer, mas, não há outra opção. Apagou feito uma lâmpada, como um fio cortado ao meio, interrompendo a corrente, impedindo a iluminação. Nem dor deve ter sentido, medo, foi pego se surpresa, não agonizando dias, até a exaustão no leito. Foi surpreendido pelas costas, covardemente, como se obedecessse a nossa lógica e razão. Incomodou quem ficou olhando só, ele não, isso é forma de morrer, pavorosa, preconceituosos. Em plena saúde, provavente, vigor do corpo fisico, pensando em nada, despreocupado, preocupado no máximo pra não atrasar no trabalho, agora nao vai mais nao. No máximo, lembrando de algo agradável, quem sabe, a cerveja do final de semana, o futebol do seu time, coisas simples, o aniversario naquele dia, talvez. Poxa! tinha outro dia pra isso acontecer nao? So sei que apagou como uma lâmpada, ou uma vela? Um passarinho abatido, um pintassilgo, uma criança que não sane e bota a mão. Morreu sem saber, "morreu na contra mão atrapalhando o trafego".
O efeito placebo, que segundo o dicionário quer dizer: "Um placebo (do latim placebo, que significa "agradarei" é um fármaco, terapia ou procedimento inerte, que apresenta, no entanto, efeitos terapêuticos devido aos efeitos psicológicos da crença do paciente de que ele está a ser tratado." Pelo que entendi, a grosso modo, determinados medicamentos que são ministrados, sem no entanto terem qualquer principio ativo, "um faz de conta", pra ajudar a diminuir a dependência a determinada medicamentos controlados, ou pra testar uma nova formula, que uma vez o indivíduo acreditando nos seus "efeitos", que só existira na cabeça dele começara a apresentar realmente melhora, se cura, sem saber, acreditando. Nada mais que a fé em pratica, acreditar no que não vê, o que Jesus sempre frisou, após alguns milagres: "Tua fé te salvou" ."Tua Fé... Preste atenção, tua fé te salvou!" \o/ É científico isso, pratico. . A gente tem mais facilidade em acreditar, a imaginar o pior, a ter pensamentos negativos, sermos impressionáveis, temer as coisas ruins, sofrer por antecedência. Inconscientemente, pensamos assim, o bom já tá no lucro, não inspira preocupação. Se tivéssemos essa mesma facilidade em acreditar que iríamos alcançar êxito, melhorar. Dai as doenças de fundo emocional, "da cabeça", os estresses, mas difíceis de sarar.
É o poder da fé, você acreditava naquela senhora, na antiga rezadeira, no desespero ou não. Ouvi dizer que Jesus não curava efetivamente, claro que ele podia, mas ele queria um voto de confiança de você, tanto é que no final dos milagres ele dizia: "Tua fé te salvou!" A tua! Tanto assim que ele sentiu que uma força brotava de alguém no toque da mulher hemorrágica, no centurião romano que queria a cura pro servo, empregado, que ele tinha como filho, apego é assim mesmo, mas, envergonhado pela cara de pau, disse: "Não sou digno que entreis em minha morada, mas, direis uma só palavra e ele será salvo. E Jesus espantado por tamanha fé de um homem que acreditava nos deuses romanos, mas, lhe deu esse voto de confiança, disse, fé assim nunca vi, nem em Jerusalém, vá la, seu servo já está curado, lhe esperando. A gente tem fé ao contrário, fica imprecionado com isso, com aquilo, juntando lixo mental, negatividade, daqui a pouco ta se sentindo mal de verdade ou mentira de tanto pensar. Ouvi dizer que tem mulheres que ficam até grávidas e tudo, a barriga cresce obedecendo a vontade, tem sintomas, estranha, sem nada ter nas entranhas. Isto que é fé! - (18.05.2020)
Muitas coisas que os antigos diziam, que são curiosas, verdadeiras, senão, vejamos. Quando a criança tava saindo caroços pelo corpo, cabeças de prego, pé de cabelo, os também conhecidos furúnculos, ai diagnosticavam com os olhos da sabedoria popular : "Sangue franco! Tome Biotônico", o que hoje se chama de Sistema Imunológico Baixo, mesma coisa. Como é que eles sabiam? E os terçol, chamados de três sol, é muito sol, via a hora cegar, rs, tinha umas simpatiazinhas, ficavam esfregando a ponta do dedo indicador a palma de uma das mãos e quando tivesse bem quente, levava ao inchaço do olho e ficava esfregando também lá enquanto se cantava uma modinha: "Três sol, três sol, vai pro c... da tua vó". Um dia eu vi um medico dizendo que fazia todo sentido, nada mais era que o equivalente a colocar umas complexas de agua quente em cima do inchaço, como eles recomendam em seus consultórios, realizando uma melhor irrigação do sangue, consequentemente uma maior quantidade do numero de leucócitos concentrados, promovendo assim a cura. Como eles sabiam? E assim vai, quando se levava um choque diziam, é bom pros nervos, mas, isso dava uma tranquilizada... E é mesmo? Vou levar outro! rs. Fazia-se muito isso nos hospitais do passado, os eletrochoques, nas pessoas com os nervos a flor da pele. Soube até que tão querendo voltar. "Tem formiga no suco", era outra, é bom pra vista! Um elogio, sinal de que você tava vendo até agulha no palheiro, Acidente Vascular Cerebral, que não se garantem em dizer tudo e dizem AVC, era Derrame. Temos desses disseram que uma colega de trabalho teve um AVC, Deus a tenha, não entendi nada, também fiquei com vergonha de perguntar, rs. E assim vai, coisas dos outrora dos outroras .
Certas expressoes ouvidas de manhã cedo no ônibus: "vou a luta", "vou pegar no batente", coisas que remetem a ideia de sofrimento, sacrificio... Desde que não seja lutador de MMC, ou vá subir a escadaria da Penha pagando promessa da mais resultado aventurar um concurso público, vender cocada na praia pra complementar a renda , ou dirigir um carro de aplicativo nas horas vagas, fazer uma fezinha no bicho, mega sena. Eu ja digo só que vou trabalhar graças a Deus, garantir algum pra pagar a Internet é outras cositas más. Outra coisa: "conto", "conto", "conto"... Se referindo a dinheiro... Conto o que, desinfeliz! Isso é coisa do tempo da tua tataravo! Bate na boca! Só pra parecer que vive estibado, menosprezando o dinheiro. Peça um real emprestado que ele dirá que não tem. Pabulagem só, comendo sardinha Coqueiro e arrotando caviar.
Meu pai possuía um 38 o qual todo dia ficava alisando com carinho atrás do balcão da mercearia, feito a um animalzinho de estimação, lubrificando com óleo de maquinas. Uma vez matou um cachorro que estava latindo no quintal, disse minha mãe, se sentindo incomodado. Outra vez saiu correndo atrás de um cliente, essa eu próprio vi, apontando o revolver, tremulo, se o cara não corresse feito um raio, e dobrasse rapidamente a rua... Sei não. Acho que não ia atirar, mas... Noutra antes de dormir vi ele atirando logo abaixo da calçada do vizinho em frente. Perguntei: - Pai, o que é isso? - Ele disse: - Bala fria! Não sabia que raio de balas frias eram essas, se tiradas da geladeira ou não, e porque se estavam imprestáveis, como parecia, ele não jogava no lixo, simplesmente. Outra vez ia entrado na mercearia, a noite, na hora que fechou e vi um cidadão que trabalhava com ele e que havia demitido logo cedo, aproveitar, e antes que ele fechasse as portas invadir estabelecimento e sentado em cima dos sacos de farinha ameaçar ele e meu tio com um revolver apontado, se ressentindo de humilhação sofrida. Eu vendo aquilo, estupidamente, me aproximei de bracinhos levantados me sentindo feitos nos filmes americanos de faroeste que assistia na TV.
Vi aqui na TV um jovem do sul do pais, de ferias sei lá, passeando, passando na Bahia, foi saltar de tirolesa na propriedade de um amigo, um club, a corda partiu e ele despencou no chão feito um saco de cimento, de uma altura de uns vinte metros. Havia uma postagem dele no Face convocando as pessoas a viverem a vida intensamente, cada momento, aproveitar a vida ao máximo, se divertimos. Morreu aproveitando, foi uma fatalidade apenas. A irmã chorando disse que saiu com o irmão vivo de casa, e agora, coisa estranha, no avião, retorna dentro de um caixão, inconsolável, como a dizer: não era pra ser assim. Ela disse que ia processar o que a pouco era um amigo. Temos vontade viver pra sempre, temos sede de vida, cem anos tivermos e queremos viver mais, se possível viver eternamente. A morte chegará sempre como uma intrusa, um aborto, um calo no sapato da existência. Como ouvi de uma psicóloga, tempo desses, se considerarmos isso não vivemos, temos que ir levarmos a vida nos fazendo de bestas, vivendo como fôssemos eternos.
O ASSALTO
Anos atrás fui vitima de um assalto em frente no antigo cinema Art Palácio, 7 horas das noite, me deram duas facadas, uma no peito e outra nas costas. Na hora não senti a mínima dor, juro, só depois fui reparar no liquido quente escorrendo no peito, e olha que nem reagi, já chegaram batendo, digo furando. Peguei rapidamente um táxis na Avenida Guararapes, parecia que estava sentado num prato de papa e pernoitei no Hospital da Restauração, ficando em observação, fiz alguns exames básicos e fiquei reparado a urina pra ver se largava algum sangue, talvez precisasse de cirurgia. Pela manhã tive alta. Sangrei ainda por uns quinze dias, em casa, até cicatrizar. Na ocasião, ainda no hospital, na madrugada, parou em minha frente uma maca conduzida por uns policias militares, com um senhor que se encontrava extremamente pálido com uma marcha enorme de sangue no peito e pediu pra uns dos policiais ajeitar a mangueira de soro, e prossegui. Instastes depois retornaram correndo com ele estático, olhando o teto, entraram numa sala ao lado e o medico de plantão reparou e disse que havia morrido. Saiu uma moça, saiu chorado e soube que era dentista, que estavam noivos e contou que dois assaltantes os abordaram numa moto, na saída do antigo Cavalo Dourado e o carona, apontando uma arma, pediu o relógio dele, ele negou, prontamente, o cara atirou e pegou e xau! Não vale a pena reagir, a vida vale mais que um relógio, um celular, etc. Levaram, compra outro, quando não morre, fica aleijado. Dizem que é o momento. Pois é, momento de morrer, como aconteceu com o dentista. E não é nenhuma covardia, o outro tá armado, você não, além de favorecido pelo elemento surpresa, já tudo arquitetado, a rua, o beco, que vai correr... E pagam um alto preço, tem uma vida curta, porém, tipo, "quem com muitas pedras mexe uma lhe cai na cabeça".
(18.02.2017)
Ai aquele colega que vivia dizendo que o mundo tava assim, assado, contabilizando terremotos, furacões, crimes, assassinatos, doenças e tudo que não presta como se a vida só tivesse isso e eu sempre dizendo: Sempre houve isso rapaz desde que o mundo é mundo e ele me contradizendo irritado, aumentando a voz, enfático: Mas agora tá pior, é o final dos tempos. E dizia isso com uma satisfação, superioridade, um escolhido, era membro de uma congregação religiosa. Acontece que uma vez vitimado por uma queda, relativamente boba sofreu um traumatismo craniano, é a maneira como se cai, operou-se e passou meses internado num hospital publico com uma mangueira enfiada na cabeça, palavras dele. E há quem dissesse que dessa não sairia, sabe como a turma é, leva-se uma topada e espalha-se que a criatura perdeu a perna. Só sei que graças a Deus ele recebeu alta. Andava, depois, dizendo, visivelmente emocionado que tinha nascido de novo, que teve um livramento e quem serve a Deus, segue suas palavras terá uma vida longa aqui na terra. (03.04.2020)
Aquele colega, torcedor doente do sport, literalmente, que já teve uma ocasião, lembro bem, como a coisa é séria, do time perder e ele ser acometido de um mal estar geral, um abatimento, desolação, febre, vômitos, incontinência intestinal, perda de peso, apetite, etc. Ficar sem se alimentar direito, só no mingau de cachorro, ou mingau de alho, como prefiro chamar, pra se recuperar só por causa disso, ma,s pra ele, uma tragédia. De nem assistir os jogos, principalmente contra o time do Santa Cruz, pois dizia que sofria do coração tomava remédio e ia dormir com medo que o relógio não aguentasse e tivesse um piripaque devido a forte emoção, ansiedade, só sabia de manhã. Que, por questões éticas, vou ocultar o nome dele. Só sei que um dia cismou, ao ver um outdoor na rua, convocando para novos sócios, cismou que queria, porque queria um daquele, pois tinha o escudo do time enorme que ocupava metade do referido veiculo de propaganda. Aperreou tanto que o chefe da sala que trabalhávamos, também rubro negro, procurou saber qual era a empresa encarregada, responsável, pela campanha publicitária e, descobrindo, telefonou dizendo que desejava, se possível, um daqueles outdoors a empresa respondeu dizendo que só com a permissão do clube, que, talvez, não prometia nada, no final do mês, se sobrasse e o Sport permitisse... Né que no final do mês, pra felicidade geral, da nação rubro-negra ligaram dizendo que ele podia pegar um. Foi uma alegria só, do colega que ficou na torcida o mês todinho e comprou bolo e guaraná pra comemorar com a gente, já que não podia tomar champagne na hora do expediente, se pudesse, certamente iria comprar nem que fosse Cedra Cerezer, no Stillus, um mercadinho próximo. No outro dia tratou logo de pôr em pratica a empreitada, realizar o megalomaníaco sonho, encomendou ao marceneiro da empresa a façanha de construir uma moldura gigante. Reza a lenda que ele até tinha um mastro na frente de casa, que toda vez que o sport ganhava ele hasteava a bandeira pra toda vizinhança ver como bem convém a um torcedor, de verdade, chato. Tinha não, que eu vi, "in loco", na hora que o marceneiro ia pra casa dele tirar as medidas, eu tão curioso que tava, entrei também no táxi, e ele nem me convidou, "foi mal cara", disse, ele respondeu: "já tá ai, fica". O pessoal fala demais, aumenta, também só faltava isso. Mas, por outro lado, o que ele ganhava de presente, que fosse, que tivesse a imagem Sport, ele pregava na parede da sala: chaveiro do Sport, sandália havaiana do Sport, diabo a quadro, fosse do Sport... A turma já o presenteava por anarquia, acredito. E que paciência da santa da mulher dele, torcedora do Santa, coitada. Os interruptores da casa eram pintados, inclusive, pra vocês ver, a paixão desse homem de vermelho e preto, a porta do Banheiro de vermelho e preto, a ducha Lorenzeti de vermelho e preto, uns conhecidíssimos acessórios de enfeitar esses espaços íntimos, bem comuns, populares, de plástico, que eu não sei o nome, na tampa do vaso sanitário, no piso, com motivos leoninos. Sem falar, ia me esquecendo, um quadro, esse do tamanho normal na parede do terraço com seus dias contados, agora, onde se divisava o escudo do Sport com o leão no meio rodeado de luzes pisca-pisca vermelhas e amarelas que a noite deveria ficar uma coisa, parecendo as dessa da época de natal. Ai ele aproveitou, pra dar uma provocadinha básica no marceneiro religioso, torcedor gosta de provocar, chamou para ver um famoso quadro no quarto, em cima da cabeceira da cama, uns feito artesanalmente com linha e prego vendidos em feita livre, e disse, em tom zombeteiro, que todo mundo lia errado e queria que ele lê-se agora, onde se via na seguinte ordem, em letras garrafais: primeiro, o nome de Deus, depois o da esposa, tricolor, e por ultimo, o dele. Ai o marceneiro comemorou, com um certo alivio, - Ai!!! Pelo menos isso, já que já que você já vem pecando a tempo, idolatria é crime, o nome de Deus em primeiro lugar pelo menos! Ele disse de lá: - Tá vendo o leão não, do lado? (Né que do lado esquerdo de quem olha tinha o escudo do Sport com o obsessivo leão no meio) O leão primeiro. Minha nossa! Espantou-se o marceneiro. Deus não gosta de mim, por sua vez,sentenciou ele, o colega debochado, chato a qualquer hora, eu bebo.
Abraçar uma crença é uma coisa muito seria, é se comprometer com Deus principalmente. É representar diretamente uma instituição, vestir a camisa, é servir de exemplo. Coisa mais hipócrita é cantar hinos, louvores, orar em alto e bom som nos templos, não importando a denominação, e durante o dia a dia, não ter cuidado com seus gestos, palavras, com o modo de tratar os outros, seus irmãos em Cristo, como gostaríamos de ser tratado, alias, é mandamento, básico do básico, vejo cada coisa que me enoja, fico pasmo, é muito concorrente ao troféu olho de peroba, não estou julgando só constatando, aqui, ali, o procedimento de alguns que se apresentam como cristãos mais que os outros. E tem uns até que se mete a aconselhar, se consideram com toda certeza do mundo salvos, se sentem superior aos outros, assim com Deus, o braço direito. Outros tantos, a maioria, procuram Deus só na hora da necessidade, ainda agora mesmo vi uma mensagem da palavra de Deus no chão, dessas distribuídas por nossos irmãos evangélicos, apanhei, li e deixei em lugar estratégico para outros que ocasionalmente possa pegar e servir de alento no momento oportuno, não é queira ser melhor que os outros mas, considero o mais acertado, lógico, respeitoso. Na hora do aperto é tanta frouxidão, retém com carinho o papel com as balsâmicas palavras e até pedem oração. Outros tem por habito por logo abaixo do nome, em primeiro plano, na placa de seus estabelecimentos comerciais, um diminuto dizer, tão ou mais importante que a razão social: Deus é fiel! pra ver se dar sorte, se Deus vai se sensibilizar, como a gente, encher o ego, feito o humano faz, ganharem pontos, ficarem simpáticos. Quero ver é ser fiel com Deus, feito era seu Cabral, um senhor da Assembleia de Deus no meu tempo de menino, que não vendia cigarros nem a pau em seu estabelecimento, e era motivo de chacota que o deixa furioso, esbravejando, toda vez que alguém, fingindo-se de desentendido, perguntava, de brincadeira: - Seu Cabral tem cigarro?
Tava na agência bancária esperando ser atendido, aí ouvi alguém cantarolando uma canção do banheiro com a porta entre aberta, não consegui distinguir de quem, mas, era uma canção. Aí saiu de dentro um cidadão de uma empresa terceirizada responsável pela limpeza. Perguntei a ele: o senhor é evangélico e ele disse que não. Lhe falei, o quanto era inspirador ver alguém nessa tenção enlouquecedora do momento cantarolando, o mundo desabando e ele nem ai, só passando álcool na mão feito todo mundo, usando luvas, mas, o psicológico preservado, intacto. Ele disse que era assim mesmo, se se preocupar é pior.
Lembrou-me uma colega de trabalho, assim igual a ele, adorava cantar no serviço, voz afinada, de vez gostava de formar comigo um dueto improvisado, ela Jane, eu Tanzan, digo, Erondi: "Não se va... " e aqui, acolá aparecia gente interessada em contrata-la, da uma palhinha num evento, parecia uma profissional The Joice, se autotitulava extrovertida. Até fazia umas dancinhas, só no sapatinho, a turma ria, uma simpatia, gostava do ambiente. Tinha uns que estranharam, alegria demais incômoda, aliás, gente incomum, Jesus morreu assim. Um até me perguntou, intrigado, com ar contrariado: Porque ela tá assim? Teve aumento? Eu disse não, era o jeito dela. Daqui a pouco ele perguntou a ela diretamente não satisfeito com minha resposta. Por que você tá assim? Teve aumento? Ela respondeu, não, tenho Jesus em minha vida, e nem era crente. Feito diz um verso duma famosa canção de Vinicius de Moraes: "Ando escravo da alegria, hoje em dia minha gente isso não é normal".
Posso ser fã de um igual, de um amigo, um vizinho, porque nao? E não apenas do convencional, um midiático ídolo, que me impõem, que nem me conhece, convive comigo. Que frequentemente nos decepcionam no dia a dia de ser humano banal, igual a mim, pois admiramos mais um personagem, uma representação, um ideal, uma fantasia, uma roupagem forçada, disfarçada em risos.
Sobre essa brincadeira criminosa do bullying. Lembrei de um episódio acontecido quando eu era menino o dos Ricardos. Um deles , inclusive, totalmente careca de nascenca, a personificação do bullying, mas, mesmo assim não se tocava, mas, não é neles que eu quero me deter, havia a Margarida a bulinada. Pois bem na hora que a professora Silvia saiu da sala para ir ao banheiro ficaram mexendo com essa moça se aproveitando da ausência da mestra, subitamente Margarida que não era de agora que sofria o assedio moral (outra expressao que nao existia na epoca) levantou-se da cadeira desesperada, pegou a garrafinha de K'suco de sua lancherinha, e começou a sacudir neles aos gritos e prantos e foi K'suco pra tudo que é lado, inclusive no quadro negro, manchando-o. Foi bem nessa hora que dona Silvia chegou e perguntou, assustada, parada na porta: "- Quer isso Margarida!" Margarida explicou incontida: " - Foi por causa deles" apontando pros Ricardos. Dona Silvia disse, pra minha surpresa, com rispidez: - "Margarida! Pegue um balde no banheiro, encha d'agua, traga um pano e limpe o quadro, agora!" E assim ela o fez na frente de todos e ainda teve de presenciar dona Silvia passar a mão na cabeça dos anjinhos Ricardos , condenando-a: "Ela que não sabe brincar!" Era a mentalidade da época. Achei certo não. Foi assim que geraram o terrorista de Realenfo e os assassinos de Suzano, pegaram em bomba! Ou como se diz, popularnente: "a desgraca de um doido é outro doido na porta". Alguns disseram a TV depois que era por um motivo fútil, que não era pra tanto, que todo mundo passou por esse tipo de coisa e nao sairam matando, mas, cada um reage de uma maneira, e vamos ver o tipo de brincadeiras sofridas, sem querer justicar, logicamente.
Conheci um velho ateu que todo final de tarde, ao sair do trabalho, era jornaleiro, costumava catar resto de comida, entranhas de galinha, etc. no lixo, juntava para dar a uns bichinhos de ruas, gatos e cães vira-latas. Os animaizinhos já sabiam, quando lhe viam, já saiam seguindo em fila indiana, parecendo um Francisco de Assis moderno. Num dia de festa junina, eu tava perto e vi, ele os alimentando, alguns rapazes, zombeteiramente, as gargalhadas, jogaram uma bomba e foi bicho pra tudo que é lado a correr. Ele olhou pra mim e comentou, desanimado: - Pra que fizeram isso. Disse que quando mais moço trabalhava numa fazenda e costumava entrar mato a dentro e pegar coisas comestíveis para os cavalos do dono da fazenda, que não tinha pedido a ele, nem nada, fazia por sua conta mesmo. O incrédulo senhor era autentico, fazia aquilo porque o satisfazia de certa forma, apenas lhe aprazia, achava bom.
Então aquela senhora sempre animada, sorridente, com uma risada gostosa, gentil e educada, sempre calma, semblante sereno, atenciosa e prestativa, de fala mansa, diziam que ela não era assim não, foi depois que teve meningite, ficou abestalhada. Não sei, não conheço ela desse tempo, sempre conheci assim, pra mim era uma ótima pessoa! Na hora que largavagamos do trabalho, dava dinheiro, roupas, confeitos a uns meninos da favela parecendo uma madre Tereza de Calcutá versão loura. E era tia pra lá, tia pra cá, os colegas do ônibus fornecido pela empresa pra levar os funcionários pra casa, devido a periculosidade da área, fugir deles, dessa comunidade de noiados. Alguns ficavam arretados que ela parava pra dar atenção aos meninos que se agrupavam aí redor, impedindo que ela subisse, um colega ate disse, morador do centro: "- A gente querendo ir embora e essa abestalhada agarrada com esses cheira colas."
Deve ter mudado mesmo depois de doente ao se ver-se numa cama de hospital, tudo branco, neutro, sem cor, a vida em suspenso, só luzes, as luzes das maquinas, gente entrando e saindo também de branco. A sala fria do ar condicionado, ela deitada olhando o teto, advinha? Também branco. Só variando de cor de dia, na paisagem da janela, o céu azul, entrecortado por nuvens passando e pássaros voando, um deve ter pousado na janela, imagino, parecendo zombar dela e ela no leito com todo tempo do mundo para repensar certas coisas.
Tava assistindo ainda a pouco o programa Persona em Foco da TV Cultura com o ator Edson Capri que ao ser rememorado sobre um interessante episódio ocorrido aqui, no tradicional espetáculo de Fazenda Nova, Pernambuco, da Paixão de Cristo, lembro disso, em que ele interpretou personagem principal e precisou fazer uns exames de rotina para emagrecer, perder uns quilinhos e uma discreta barriguinha para se parecer mais, uma lipoaspiração, e descobriram, sem querer, que ele tinha um câncer instalado no pulmão e grande conforme ele mesmo salientou; forçando-o a se submeter com urgência a outra cirurgia mais séria, o que não impediu de atuar na ocasião, apesar de... Posteriormente, uma repórter da revista Veja, entrevistando-o, lembrou a curiosa "coincidência" e disse que o Cristo tinha lhe salvado, então! Ele contrariou-a e disse que não, Cristo tem outras pessoas mais importantes pra se preocupar, o que lhe salvou foi o teatro. Não ocorre ao famoso artista que não era um teatro qualquer, convencional, entre quatro paredes, era o maior teatro ao ar livre do mundo, veio lá do Sul pra cá e que ele só fez a cirurgia por causa do personagem específico da sagrada encenação que resultou, casualmente, na descoberta da silenciosa e traiçoeira doença, se não ficaria sem saber. Agradeça ele, eternamente ao personagem do Cristo, sim! No mínimo deve ser um ateu.
Um tempo desses, ao embarcar num ônibus na Av. Abidias de Carvalho, o motorista sorriu e me desejou boa tarde. Isso mesmo, sorriu e me desejou boa tarde! Já fui, obviamente estranhando só por isso, mas teve mais, com o ônibus ainda parado, me perguntou aonde ia descer, eu disse, e ele me orientou: - Terceira parada, um prédio azul do lado direito (Estarei participando de uma pegadinha, né possível, rs), mas era verdade, o motorista a todos desejava boa tarde antes de subirem, e até ajudou uma senhorinha a entrar. Dificilmente alguém tratará esse profissional mal, é a atividade mais estressante do mundo, e se o fizer, será repreendido pelos outros passageiros, provavelmente. Gentileza gera gentileza.
Ontem antes de comprar uns óculos novos de grau que estava precisado a anos, confesso que não tenho o habito de visitar o oculista todo ano, e meus óculos tavam pra lá de Bagdá. E já vai uns quatro mas, nunca me acostumei a usá-los o tempo todo, pra longe, só uso só pra leitura mesmo. Tem gente que até entra no chuveiro com ele na cara, vai dormir. Acho que já deviam serem abolidos, coisa ultrapassada, é uma prótese, como dentaduras, perucas, pernas mecânicas, e como toda prótese, não deveriam ficarem a mostra, deveriam serem substitutivos de vez por lentes de contato. E você parece que está dentro de um aquario, até pra atravessar a rua, se esqueço ele na cara, tiro, com medo de ser atropelado, rs. Pois bem como ia dizendo... Antes de entrar na ótica, recorri a uns rapazes, autônomos, em frente das mesmas, que fazem uns pequenos reparos, que desse um grau no meu óculos veinho, para guarda-lo, para uma possível emergência, eventualidade, esquecer em casa na hora de trabalhar, mantê-lo no armário na repartição pra uma eventualidade dessas, costumo guardar os antigos. Me dirigi a um que estava sem ninguém pois os outros estavam, estranho que não estivesse atendendo ninguém, deveria ser novo no ramo, estar começando agora. Dei os óculos pra ele reparar um fio de nylon que segura a lente que havia arrebentado. Quanto é? - 5,00 reais, baratinho. O cara começou... Engraçado, o fio que eles usam é nylon de pesca, depois queimam as extremidade pra fixar, coisa super artesanal, pois bem... Já se passavam uns 15 minutos e o cara mexendo... Sentei pra esperar... Depois, fiz uma coisa boa pra nós dois, disse a ele que ia adiantar, pesquisar os preços, depois voltaria, fui. Voltando, após uns 30, 40 minutos, nada, ainda tava na guerra, quando me viu se aproximando, disse que tinha desistindo, que a culpa era minha tinha posto um pouco de cola, e a lente estava toda carcomida, devido a baques. É... Pena. Fui embora, sem antes, ir, discretamente a outro mais na frente com cara de abusado e sabe tudo, ele nem pegou, foi logo condenando: Tem jeito não, a lente tá toda assim. É.. Vou embora, fiz o balão, sem antes arriscar ir em outro. Ah, um que ainda não tinha indo! Que estava fechado na hora que cheguei, que já tinha feito reparos outra vez. Mostrei a ele, com cuidado pra que os outros não percebessem e ficassem magoados. Entreguei-lhe aos cuidados. Quanto é? - 5 reais! E comentei, se desse pra chegar até quinta... Oxi, não deu cinco minutos, o cara me entregou os óculos perfeitos, além de ter consertado, poliu as pernas, limpou as lentes, apertou os parafusos folgados pra que fixassem perfeitamente no rosto, e ainda esnobou: - Olha ai, vê se dá pra chegar até quinta-feira! Ao que eu devolvi a gentileza, obviamente brincando: - Se eu soubesse, não tinha comprado outro! Deve ser dom, ou como diz o ditado cruel: "Quem não tem competência não se estabelece". (04.03.2018)